Início Opinião Coluna EMILY EM PARIS, O DIABO VESTE PRADA: REFLEXÕES SOBRE MODA E CARREIRA

EMILY EM PARIS, O DIABO VESTE PRADA: REFLEXÕES SOBRE MODA E CARREIRA

A nova série da Netflix, Emily in Paris. Foto: Divulgação

Carol Oliveira *

Muito antes de me descobrir uma apaixonada por moda, eu já sonhava em conhecer Paris. Com sua beleza singular e deslumbrante, um dos maiores centros de arte do mundo atrai por todo refinamento, bom gosto e pela cultura presente na cidade luz, além da capacidade de tornar até as coisas cotidianas ou corriqueiras mais belas. Não é de se espantar que ela seja cenário de tantas obras cinematográficas, principalmente as que envolvem o luxuoso mundo da moda.

O frisson para os amantes de ambos foi gerado recentemente pela nova série da Netflix, Emily in Paris. Considerada para alguns como “o Diabo veste Prada do bem”, a produção foi idealizada por Darren Star, o nome por trás de Sex and the City e teve o figurino assinado por Patricia Field, a costume designer também de Sex And The City e do queridinho e atemporal O Diabo Veste Prada.

Emily Cooper, interpretada por Lily Collins, é uma executiva de marketing que se muda de Chicago para a capital da França após receber uma promoção inesperada em seu trabalho. Uma de suas missões é dar uma perspectiva norte-americana sobre marketing e, além da jovem chegar sem saber falar o idioma local, ela precisa encarar o choque cultural, colegas resistentes e uma chefe com um ar de inacessível (porém muito menos que Miranda Priestly) em seu novo ambiente de trabalho.

Meryl Streep na pele da editora-chefe da revista Runway, Miranda Priestly. Foto: Divulgação

Mesmo que o foco central da trama não seja a moda, seus figurinos sempre muito vibrantes e peculiares dividiram opiniões. Além disso, Paris torna-se quase um personagem, direcionando a história, principalmente a partir do momento em que Emily começa a compartilhar cenas cotidianas em seu Instagram, mostrando Paris a partir da sua visão, e vê seu número de seguidores subindo cada vez mais, transformando-se em uma influenciadora digital.

Essa série me fez voltar a refletir sobre a questão do “emprego dos sonhos”, e cito tanto o Diabo veste Prada por pretender fazer um paralelo entre ambos. No caso do filme, a personagem principal, Andy, não queria entrar no mundo da moda e aceitou o emprego apenas com o objetivo de receber uma carta de recomendação ao final.

Porém, ainda assim, sua posição era vista como “um lugar onde todas gostariam de estar”, independente do fato da realidade ser muito diferente da idealização sobre o tal emprego dos sonhos – como nos momentos em que Andy precisava se virar nos 30 para conseguir um vôo de última hora ou até próximo manuscrito do livro de Harry Potter para as filhas de sua chefe, tudo para cair nos gostos da mesma, independente se eram tarefas totalmente fora de mão do que ela, de fato, foi contratada para fazer.

A Emily, da minissérie, se torna influencer em Paris. Foto: Divulgação

Por mais que a chefe de Emily, Sylvie, não seja tão carrasca quanto Miranda (inspirada em Anna Wintour, editora chefe da Vogue), ainda assim transmite a imagem de uma pessoa difícil de lidar e, principalmente, de se conquistar. O enredo é, basicamente, de uma jovem que cai de paraquedas em uma oportunidade que “muitos sonham por anos” e tem soluções e respostas para todos os questionamentos, além do estereótipo de personagem cristal que sempre se dá bem no fim das contas e pode até estar sofrendo, mas está sofrendo em Paris.

Tanto Emily quanto Andy enfrentam questões sobre futuro, amor e amizade quando colocam suas carreiras como ponto central em sua vida, e a grande questão é o quanto deve-se abrir mão, tanto de sua vida pessoal quanto de algumas atitudes inaceitáveis no ambiente de trabalho. Me preocupa o quanto o mundo da moda glamouriza o difícil, mesmo que seja uma estampa da realidade, afinal, ao longo da nossa vida profissional vamos enfrentar algumas situações que são o famoso engole-sapo e, até certo ponto, elas são importantes para nos fazer crescer.

Desde o bom humor de Emily disposta a não desistir de conquistar sua chefe até Andy jogando seu celular na fonte ao receber uma ligação de Miranda, dando um passo atrás daquele mundo que ela decidiu que ela não cabia, penso que essas comédias um pouco dramáticas e pouco românticas são de extrema importância porque trazem assuntos importantes que devem ser debatidos e refletidos, camuflados atrás de uma temática leve e despojada pra se maratonar em um Domingo tedioso e chuvoso.

De qualquer forma, mesmo que ambas não tratem temáticas absurdamente excepcionais (mas, como disse, ainda assim importantes), é uma boa distração que vai te fazer olhar pro seu armário com mais carinho e, quem sabe, ousar como Emily ou relacionar suas roupas com crescimento e evolução pessoal e profissional como fez Andy. No fim das contas, com todo seu aspecto cíclico, ousado e de inovação, a moda continua sendo uma ponte firme as nossas expectativas, desejos e sonhos.

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