Início Gerais Economia FECHAMENTO DO COMÉRCIO SERÁ PREJUDICIAL PARA A ECONOMIA, APONTAM ENTIDADES DA REGIÃO

FECHAMENTO DO COMÉRCIO SERÁ PREJUDICIAL PARA A ECONOMIA, APONTAM ENTIDADES DA REGIÃO

Foto: Najla Passos

Carol Rodrigues
Notícias Gerais

Nessa quinta (25), o Governo de Minas determinou o fechamento do comércio não essencial na macrorregião Centro Sul de Saúde e o retorno à onda verde do programa “Minas Consciente – Retomando a economia do jeito certo”. A decisão repercutiu entre entidades da região.

Cidades como Barbacena, São João del-Rei, Tiradentes e São Tiago estavam há cerca de um mês com parte do comércio considerado não essencial funcionando, conforme autoriza a onda branca. Entre esses estabelecimentos estão floriculturas, lojas de fogos de artifício, de móveis e de artigos esportivos.

No entanto, com o crescente aumento dos casos nas cidades, o governo mineiro decidiu que os municípios devem retroceder nas ondas do programa.

Barbacena: o retorno de onda é uma “péssima” notícia

Marcelo Leitão, presidente do Sindcomércio de Barbacena, declara que a crise econômica decorrida da pandemia do novo coronavírus afetou de forma desigual os segmentos comerciais no município.

“Cada segmento tem um problema. Por exemplo, material de construção, está muito bem, obrigado. Não teve queda praticamente nenhuma. O pessoal de alimentação chegou a ter crescimento no início e depois manteve a média histórica”, relata.

Mas outros setores tiveram grande queda de arrecadação com a determinação de aderir a onda mais restritiva do plano: academias e escolas, por exemplo, precisaram ser fechadas e ainda não puderam reabrir por serem considerados estabelecimentos de risco.

Na visão de Marcelo, a reabertura foi benéfica para a economia local, principalmente em Barbacena, por ter “muitos poucos casos notificados e ocupação pequena dos leitos”, opina.

Ainda segundo o presidente do Sindcomércio, a cidade deveria estar avançando no programa “Minas Consciente”, e não retroagindo. “Barbacena tem 34 leitos vazios, dois ocupados e ainda não passamos para a onda amarela… não tem um porquê disso”, disse.

O presidente, também, vê a decisão de retroceder à onda verde como uma “decisão política e não técnica” e que “na nossa região não tem sentido”. De acordo com ele, o estado “jogou nas costas do comércio” a responsabilidade pelo distanciamento social.

Marcelo Leitão aponta que vários setores da economia não pararam de funcionar, como as indústrias e, até mesmo, empregadas domésticas. “É um grande engano achar que o isolamento bem feito seria de responsabilidade de uma parte do comércio que resolveu fechar”, completa.

O Sindicatos dos Empregados no Comércio de Barbacena, por sua vez, também se preocupa com as demissões que a nova medida de fechamento das atividades não essenciais pode acarretar na cidade.

O presidente, Vicente de Paulo Castro, considera “péssima” a notícia da regressão à onda verde. “Infelizmente, com muita tristeza, tenho que informar que o retorno de onda acarretará no fechamento de estabelecimentos comerciais e, em virtude disso, em demissões”, reflete.

Mesmo que não haja indícios de novas contratações com a retomada das atividades, Vicente Castro diz que parte das pessoas que tiveram contrato suspenso acabaram voltando ao trabalho. 

SJDR: a regressão era esperada

Em São João del-Rei, a regressão já era esperada pelo Sindcomércio da cidade devido ao aumento do número de casos e a ocupação de leitos. O município chegou a ter uma taxa de ocupação de 80% nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) antes da aquisição de 16 novos leitos, conforme veiculado pelo Notícias Gerais, nesta quarta (24).

De acordo com Emanuel Vitoreli, assessor jurídico do órgão, não existem dados numéricos sobre a retomada da economia com a abertura das atividades no município, que durou cerca de um mês. Porém, ele considera que “com o simples fato de as empresa estarem abertas há um crescimento, movimentação na rua”.

O assessor também indica que o retorno à onda verde será prejudicial para a economia. “A gente já tinha em mente de que esse ‘abre-e-fecha’ é o que prejudica a economia da cidade e o que pode comprometer a sobrevivência das empresas”, completa. 

Ele diz que o órgão e o município têm que obedecer às decisões do Comitê Extraordinário Covid-19 e que o Sindcomércio está esperando o decreto para entender, na prática, como se dará o fechamento das atividades não essenciais.

O que dizem os próprios comerciantes

Para alguns comerciantes, a reabertura de parte do comércio não essencial – durante pouco mais de quatro semanas – não resultou em muita diferença para o caixa dos estabelecimentos, mas, para outros, foi o tempo suficiente para quitar as dívidas.

Com a reabertura, Jussara Marciano, dona da floricultura Casa das Rosas, em Barbacena, revela que o número de clientes que procurou o estabelecimento foi grande. No entanto, mesmo assim, as vendas não aumentaram de maneira significativa. “Sentimos que os clientes tiveram até mais opções do que quando estávamos fechados”, expõe.

imagem: arquivo pessoal

Para ela, a perda econômica afetou muito a empresa – que precisou, até mesmo, demitir um funcionário. “Não estamos com esperança, o momento é delicado. Pessoas sem empregos e comércios sem giro, pois há meses sem vendas”, admite. 

Na floricultura, as vendas por delivery sempre foram corriqueiras mas, com a pandemia, é um fator essencial, principalmente com a não autorização de funcionamento. Além disso, Jussara acredita que o futuro da empresa é incerto e que, agora, é necessário se reinventar para sobreviver às mudanças.

Já para André Nesio – dono da UFC, loja de fogos de artifício em Barbacena – a reabertura foi boa para conseguir fazer uma reserva de dinheiro e pagar contas que estavam atrasadas. “Arrebentei de vender, nunca vendi tanto foguete”, comemora.

Agora com a decisão de retroceder à onda verde, a loja precisará ser fechada novamente, o que preocupa o proprietário. “Estou muito triste, fiz uma reunião aqui pra ver o que pode ser feito… para tentar fazer alguma coisa. Estou preocupado com o que vai vir depois”, relata. 

Imagem: arquivo pessoal

Outro ponto que aflige o dono da loja de fogos é a dificuldade do estabelecimento de funcionar com vendas em domicílio, já que não é recomendado que as pessoas façam estoque de fogos de artifício. André pontua que a maior parte das vendas é feita nos dias dos próprios eventos.

O fechamento dos estabelecimentos não essenciais, também, será motivo de duas demissões na loja 104 Tecidos, em São João del-Rei. Para Júlio Barra, dono da loja, fechar as portas é motivo de preocupação. “Tem o aluguel, têm as contas para pagar, tem funcionário, tudo entra no negócio”, menciona.

Mesmo a reabertura de cerca de um mês, ele esclarece que não foi o suficiente para que a empresa conseguisse restabelecer a parte financeira da loja. Segundo Júlio, o estabelecimento está vendendo cerca de 30% do que vendia normalmente.

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