Início Gerais Economia APREENSIVOS, COMERCIANTES E AUTÔNOMOS AGUARDAM MEDIDAS DE ENFRENTAMENTO À CRISE DO CORONAVÍRUS

APREENSIVOS, COMERCIANTES E AUTÔNOMOS AGUARDAM MEDIDAS DE ENFRENTAMENTO À CRISE DO CORONAVÍRUS

Com seu negócio fechado, Magda Baccarini, proprietária de uma loja de produtos agrícolas e de jardinagem, está apreensiva quanto ao futuro. (Foto: Arquivo pessoal)

O ano de 2020 começou de forma dura para os comerciantes, com retração de vendas em torno de 1% no mês de janeiro e muita chuva em fevereiro. A chegada da pandemia do coronavírus no mês de março acabou por jogar por terra qualquer esperança de resultados melhores do que os de 2019, que já haviam sido fracos para o setor.

Outra categoria que não tem nada para comemorar é a dos trabalhadores autônomos. Segundo o IBGE, eles já ultrapassam os 24 milhões de pessoas, recorde na série histórica iniciada no ano de 2012. A renda destes trabalhadores, que já vinha caindo devido ao fraco desempenho da economia brasileira em 2019, quando o crescimento do PIB alcançou decepcionantes 1,1%, com a quarentena imposta pelo Covid-19 praticamente deixou de existir. A maioria das pessoas que trabalham sem carteira assinada está impedida de trabalhar ou viu seus clientes sumirem devido ao medo da pandemia.

Comerciantes apreensivos

Os comerciantes de São João del-Rei que já vinham cautelosos devido aos números poucos expressivos da economia, estão tomados pela perplexidade e a ansiedade diante de um futuro cheio de incertezas.

“Ainda não temos ideia de quanto será o prejuízo financeiro. Acreditamos que temos saúde financeira para segurar um tempo, caso mantenham o decreto de quarentena”, afirma Magda Baccarini, proprietária de uma loja de produtos agrícolas e de jardinagem.

Esse sentimento de angústia ganha força pela falta de clareza das ações do governo federal para aliviar a situação dos comerciantes. E também pela preocupação com os empregados que temem pela perda dos empregos.

“Só ouvi falar sobre o pacote do governo para enfrentar a crise. Só hoje ouvi falar isso na imprensa” declarou Magda. Ela ainda não sabe se vai recorrer a alguma dessas linhas de crédito que estão surgindo e que vai depender do tempo da quarentena.

Segundo a empresária, a situação dos empregados é a que mais lhe comove. “O que mais está cortando meu coração, é ver a dor no coração dos funcionários. Esse corona trouxe uma insegurança e angústia não só para os comerciantes, como também para os funcionários”, avalia.

Estoque alto e nada de venda

Alessandro José Pereira, proprietário de uma loja que comercializa produtos de informática, afirma que as empresas do setor já vinham sofrendo com a possibilidade de falta de produtos eletrônicos a partir do mês de abril, isso antes do surgimento da pandemia. Por isso, a loja investiu na compra de equipamentos para garantir o estoque.

A determinação de fechar o comércio afetou ainda mais o empreendimento, que está com o estoque mais alto do que o normal e agora sem possibilidade de venda. Mesmo diante desse cenário, Alessandro aponta a importância de se ter equilíbrio.

“É claro que a prioridade é preservar vidas, evitar a contaminação. Isso se sobrepõe às questões econômicas, mas a gente tem de se organizar e não esquecer o outro lado. A sobrevivência das empresas também é importante”, defende.

Indefinição das políticas públicas

A falta de transparência e informações mais claras sobre os financiamentos para os lojistas enfrentarem a crise econômica provocada pelo coronavírus preocupa. Pereira destaca a necessidade de clareza e de maior definição das regras.

“Na verdade, a gente só tem ouvido falar disso através da imprensa e não tem nada prático ainda. Se você consultar a Caixa Econômica, o Banco do Brasil, não tem nada absolutamente definido. Está tudo muito superficial ainda”, pontua.

Para ele, as ações governamentais têm grande importância, mas não resolverão todas as questões que vão surgir a partir de agora. “Todo tipo de ajuda nesse momento é importante, mas acredito que isso não vá solucionar o problema, porque é muita gente afetadas, muitas empresas afetadas. São vários tamanhos de empresas e pelo que eu vejo a principal iniciativa é tentar manter o emprego, o que é muito válido para a gente tentar manter isso funcionando”, conclui.  

O drama dos autônomos

Mara Cristina Butta está sem trabalhar desde o início da quarentena. (Foto: Arquivo pessoal)

“Estou de acordo com esse isolamento. É um cuidado que estou tendo para preservar minha saúde e das minhas clientes”

Mara Cristina Butta, manicure

Entre os trabalhadores autônomos que não têm garantia de renda está Mara Cristina Butta, que trabalha como manicure. “Eu vejo que estamos passando por um momento difícil, preocupante e triste, uma vez que as pessoas adoecem e morrem. E a falta de trabalho é muito preocupante. A quarentena me afetou totalmente, estou sem trabalhar e o meu negócio está fechado”, afirma.

A situação de Mara, assim como a de outros trabalhadores sem carteira de trabalho assinada, vai exigir que o governo apresente políticas públicas para garantia de renda. Apesar de várias propostas terem sido anunciadas, na prática a maioria ainda não foi efetivada. “Sim, ouvi falar sobre propostas de um benefício, mas que ainda precisa ser aprovado. Acredito que essas ações poderiam ser mais ágeis”, declara Butta.

Apesar do isolamento social deixar Mara sem renda, ela não é contra. “Estou de acordo com esse isolamento. É um cuidado que estou tendo para preservar minha saúde e das minhas clientes. Estou me ocupando com serviços domésticos e leituras enquanto espero a quarentena terminar”, relata.

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