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ARTIGO: A UTÓPICA BACURAU

Imagem: divulgação / Vitrine Filmes

Marcius Barcelos *

Lançado no Brasil no final de 2019, Bacurau, filme de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, colheu o prêmio do Júri do Festival de Cannes dentre outros e continua em alta. Foi lançado no circuito comercial americano em março de 2020, pouco antes do caos pandêmico. Mesmo como um azarão, está elegível para disputar a indicação nas principais categorias do Oscar 2021.

Bacurau teve um orçamento de quase R$8 milhões e arrecadou R$11 milhões até o final de setembro com mais de 750 mil ingressos vendidos, dados do site Filme B que é especializado no mercado cinematográfico. De acordo com o site, a maior bilheteria nacional e o maior público são de “Os Dez Mandamentos – O Filme”, com mais de 11,2 milhões de ingressos.

Bacurau está na contra mão do campeão de bilheteria, mais um indicador de que o conservadorismo está forte?

De co-produção Brasil/França, Bacurau é multigênero e nos permite várias leituras, o que indica que seguirá sendo um filme atual em qualquer época futura. É estrelado por Sônia Braga em uma excelente interpretação da personagem Domingas; de Udo Kier, ator alemão que interpreta o famigerado Michael; a expressiva Bárbara Colen como Teresa; o não menos expressivo Silvero Pereira como o famigerado e do bem, Lunga; Bacurau conta também com outras excelentes interpretações e personagens.

Bacurau peca em algo? A resposta é de que, pelo fato de ser multi, o faz longo e impossível de abordar tantas outras questões no Brasil do pós-golpe de 2016 e da ascensão do neoliberalismo no governo de Bolsonaro, que facilmente pode ser associado ao personagem do prefeito, aquele que se associa com o estrangeiro mau para exterminar seus opositores. Não há pecado, há ousadia e das melhores.

Em época de retirada de direitos, reformas para a destruição da coisa pública, como as privatizações e de levantes sociais contra o racismo nos Estados Unidos e no resto do mundo, o recado do conjunto da obra é de que temos que nos manter atentos e fortes.

O inimigo está à espreita arquitetando o ataque. A utopia de Bacurau é a do amor coletivo, do amor ao próximo, de todos lutando para o bem comum da comunidade, o que anda nos faltando e muito!

* É estudante de Comunicação – Jornalismo da UFSJ e produziu este texto sob a orientação do professor Paulo Caetano, durante a disciplina remota de Produção Textual.

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