Início Opinião ARTIGO: EU AINDA ESTOU EM CASA, E VOCÊ?

ARTIGO: EU AINDA ESTOU EM CASA, E VOCÊ?

Maura de Nazareth *

Quinze dias, não mais do que isso, tanta coisa aconteceu, tantos pensamentos passaram pela cabeça, muitos deles ao mesmo tempo. Tanta mudança, tanta incerteza. Tanta coisa, que o tempo passa e nem percebemos.

“Ficar em casa”, pensamento que nos acompanhava sempre no dia a dia exaustivo de trabalho e afazeres fora do nosso aconchego como desejo mais profundo, hoje, se tornou um pensamento quase de pânico; “como farei para ficar em casa 24h por dia e não pirar? Como darei conta de todo serviço de casa, cozinha, filhos, pets, etc? Como lidarei com as prováveis perdas, ou mesmo o que farei se um parente, amigo ou conhecido estiver entre a vida e a morte por causa desse vírus mortal?

Bom, a resposta para parte disso eu encontrei ao perceber que já se passaram quinze dias e ainda estou aqui, viva e saudável, embora extremamente exausta e apreensiva com o amanhã.

Para isso outra resposta encontrei: um dia de cada vez. Essa é a receita. Esse á regra de sobrevivência.

Aquilo que hoje foi problema, amanhã provavelmente não o será e para que realmente não seja, o melhor a fazer é não pensar no amanhã. Viver o dia, seus afazeres, um a um e, chegar ao final, no merecido repouso, agradecer a vitória de mais um dia e se preparar, descansando o melhor  que possa, para o novo dia que virá com novos desafios.

“Para isso outra resposta encontrei: um dia de cada vez. Essa é a receita. Esse á regra de sobrevivência”.

Pouco tempo me sobra. Pouco mesmo, porque cuidar sozinha de uma casa, mantendo o mais limpa possível, cozinhar, lavar louça, cuidar de uma cachorrinha, minha companheira, mas que não entende que não podemos descer e exige minha atenção e brincadeiras todo tempo, lavar tudo ou jogar as embalagens fora do que vem do mercado, da farmácia, do petshop, do ifood para os dias de pura exaustão e, atenção; comida só aquela que possa ser aquecida no micro-ondas antes de comer, claro. Fazer cada coisa e lavar as mãos… as unhas quase não existem mais e, ainda trabalhar de casa, mas essa é a parte boa… o horário em que estou no computador trabalhando é o horário em que descanso e que coloco uma bolsa de agua quente para as costas doloridas se recuperarem um pouco… quem diria!

Aliás, estou escrevendo esse texto entre um processo e outro que faço no meu horário de trabalho, pois é a hora que paro…

Bom, mas tenho um pouco de tempo sobrando, quando me deito as 22h, coisa que nem de longe fazia parte da minha rotina de pessoa noturna, mas o cansaço me obriga a jogar meu corpo na cama muito mais cedo que de costume.

“Por enquanto foram quinze e quem sabe quantos dias mais serão… não importa, porque pra nós importa somente o dia que estamos vivendo, nada mais. Que ele seja sempre uma vitória, para todos nós”

Nessa hora sobra um tempo, porque o corpo pede cama, mas a mente, acostumada a desligar somente depois de meia noite ou uma da manhã, fica acesa e é a hora em que vejo as mensagens do dia, as vezes as notícias do que acontece no mundo de fora e também os vídeos de receitas, de dicas de limpeza, faço as compras pela internet, minhas orações e, por fim as leituras… essas acabam ficando por último porque muitas vezes durmo antes de começar.

 E, assim, se foi mais um dia, e outros ainda virão, até que consigamos vencer essa coisa que não vemos, mas sofremos com aquilo que vemos ela fazer.

Por enquanto foram quinze e quem sabe quantos dias mais serão… não importa, porque pra nós importa somente o dia que estamos vivendo, nada mais. Que ele seja sempre uma vitória, para todos nós.

  • É juizforana e mora em Brasília (DF).

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