Wanderson Nascimento
Notícias Gerais
O turismo foi um dos setores mais afetados negativamente pela pandemia da covid-19. No entanto, com o avanço da vacinação e a consequente diminuição do números de mortes e internações pela doença, o segmento vem sendo retomado gradualmente e recuperando sua força.
Sem poder desfrutar de vários destinos internacionais que fecharam suas fronteiras para os brasileiros, eles estão viajando mais pelo país e pela região. O Notícias Gerais ouviu proprietários de agências de turismo da região para saber mais sobre essa mudança nos hábitos de viagem.
Confira.
Turismo emissivo
Em relação ao turismo emissivo, que é aquele emite turistas para outros destinos, os efeitos da pandemia já começam a diminuir. A proprietára da ZT Turismo, de Barbacena, Rogéria Barbosa, afirma que o mercado do turismo sofreu muito com a pandemia, mas certamente, com a volta das viagens e com a vacinação em massa, o cenário será bastante animador. “Já foi visível o aumento da procura por viagens a partir do mês de maio deste ano”, declara.
Entre os destinos preferidos dos barbacenenses, o Nordeste está à frente, provavelmente pela fuga do frio intenso da região. “As restrições das viagens internacionais tÊm fortalecido muito o turismo nacional’, destaca.
Mas a procura não é só para destinos nacionais. Rogéria explica que já há uma procura por viagens para países que já estão permitindo a entrada de brasileiros, com uma peculiaridade inédita. “A inovação do momento são as pessoas que estão indo fazer o ‘turismo de vacina’ ou seja, vão até os Estados Unidos para se vacinarem”, pontua.
A profissional ressalta que os Estados Unidos estão aceitando brasileiros, desde que façam a quarentena no México, ou em outro país em que os brasileiros possam entrar. “A Europa ainda está bem restrita. Alguns países do Oriente Medio também já abriram suas fronteiras. A América do Sul continua com restrições”, explica.
Rogéria finaliza declarando que, apesar de haver todos os protocolos, ela não se sentiria segura em fazer uma viagem internacional, pelo menos no momento. “As companhias aéreas e os meios de hospedagem seguem os protocolos de segurança, mas eu, particularmente, ainda considero um pouco arriscado. Mas, em breve, com a população toda vacinada, teremos segurança”, conclui.
Turismo receptivo
Em relação ao turismo receptivo, aquele voltado para receber visitantes, o NG conversou com Dalton Vale Cipriani, da Uai Trip, de Tiradentes, um dos destinos mais procurados por turistas de todo o país. Ele afirma que tem percebido um aumento muito grande do movimento de turistas, porém mais curtas e de cidades mais próximas no primeiro momento.
“Com a chegada das férias, algumas localidades mais distantes começaram a emitir turistas também, como capitais do Nordeste, cidades do Sul e interior de São Paulo, por exemplo”, afirma.
Ele considera que o momento atual já é bem parecido com o de férias normais, com cidades bem movimentadas, rede hoteleira recuperando o fôlego, e restaurantes voltando a receber clientes, e destaca a fama mineira no turismo. “Minas concorre com destinos dentro da América do Sul, com o Sul do Brasil, com o turismo voltado para a cultura, bem-estar, lazer, gastronomia, que normalmente, quando se tem dificuldade de viajar pela América do Sul e Europa, quem busca destinos culturais, vai procurar dentro do Brasil, e Minas é uma referência”, aponta, destacando São Paulo como o principal emissor de turistas para Tiradentes atualmente.
Ele relata que, em 2009, houve uma experiência um pouco parecida, com o surto de H1N1, e agora, a exemplo da época, os destinos mais procurados são aqueles mais próximos, que não demandam viagens aéreas, por exemplo. Ele reafirma o fato baseado em relatos de conhecidos que trabalham com turismo em regiões como a Serra da Canastra e Serra do Cipós, os quais também declaram que o maior fluxo de visitantes é principalmente de capitais e cidades grandes mais próximas.
Em relação a viagens internacionais, por ser de uma agência quase estritamente receptiva, Dalton não lida muito com esse público que deseja fazer turismo fora do Brasil, mas afirma que existe alguma pesquisa sim por parte do público, porém, com a maioria das fronteiras fechadas para brasileiros, as pessoas não têm uma segurança para adquirir essas viagens.
Sobre os países fechados para os brasileiros, ele considera que o contexto deva melhorar em breve, principalmente na América do Sul, com o avanço da vacinação no Brasil. “Acredito que essas restrições não devam durar, pois o processo de imunização está vindo de forma bem rápida”, pontua.
Ainda sobre as viagens internacionais, Dalton afirma que, em termos sanitários, não vê problemas muito diferentes dos que são vivenciados no Brasil diariamente, no entanto, isso não basta para se considerar seguro sair do país. “Do ponto de vista sanitário não vejo problema de se fazer uma viagem para outro país, no entanto, também existe a questão política. A União Europeia, por exemplo, não tem uma unidade de pensamento em relação a abertura de fronteiras e visitação”.
Ele ressalta que mesmo dentro do país ainda essa unidade, que traz insegurança ao turismo, provocando inconvenientes em alguma viagem mais longa, como o fechamento do comércio do local e cancelamento de voos enquanto o turista usufrui de um pacote de viagens, por exemplo.
Por essas questões, ele afirma que não faria uma viagem internacional no momento. “Meu conselho para quem vai fazer uma viagem internacional é que, se puder, adie um pouco, pois não vai fazer mal nenhum. É melhor optar por destinos nacionais nesse momento”.
Reviva Turismo
No mês de maio, o governo de Minas lançou o programa Reviva Turismo, com objetivo de resgatar o setor, um dos mais prejudicados pela crise em função da pandemia de covid-19, e estimular toda sua cadeia produtiva, com base em quatro eixos: biossegurança, estruturação, capacitação e marketing do destino Minas Gerais.
De acordo com a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), o programa vai investir cerca de R$ 17,5 milhões em 2021, por meio de parcerias público-privadas e patrocínios, e a meta é que o Turismo gere 100 mil empregos até 2022, colocando Minas entre os três principais destinos do país.
A estruturação do programa se deu em consonância com o plano Minas Consciente e com as tendências mundiais para o Turismo no atual cenário, que envolvem a busca por atividades ao ar livre e turismo de natureza, de aventura, rural, cultural e de experiências.
“A retomada do Turismo representa também a retomada do desenvolvimento econômico, e vai trazer fôlego e estimular diversas outras atividades no estado que têm conexão com essa cadeia produtiva. A reabertura gradual está sendo pensada seguindo protocolos do Minas Consciente, com ações e parcerias estratégicas elaboradas para reforçar o potencial de Minas Gerais e nos posicionar como destino seguro, atrativo, hospitaleiro e repleto de novas experiências”, ressaltou o secretário de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira.
Entre as ações de estruturação do turismo do programa estão a formatação de novos produtos turísticos, a revisão de diretrizes e regulamentações de políticas centrais; a atração de voos para o estado e ampliação da conectividade entre as cidades mineiras por transporte terrestre e aéreo; o monitoramento de dados, por meio do Observatório do Turismo de Minas Gerais, entre outros.
O programa também vislumbra a criação do Selo da Cozinha Mineira, Selo Evento Seguro, e incentivo cultural, com abertura de editais de fomento a artistas e profissionais da cultura no estado.
A reportagem do NG entrou em contato com a Seculta para saber os resultados do programa até o momoento, mais ainda não obteve resposta.