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EM AÇÃO COORDENADA, EMPRESÁRIOS DE TIRADENTES ESPALHAM CARTAZES ‘ESTAMOS DEMITINDO” PARA PRESSIONAR PELA REABERTURA

Foto: Redes sociais

Redação
Notícias Gerais

Um dia depois do prefeito de Tiradentes, Zé Antônio do Pacu (PSDB), atender ao apelo da população e suspender o decreto que previa a reabertura das atividades comerciais e turísticas da cidade, o município amanheceu com cartazes “Estamos demitindo” em vários estabelecimentos comerciais.

Conforme denúncias que circulam das redes sociais, trata-se de uma ação coordenada dos empresários locais para atemorizar a população e pressionar o executivo a rever a medida. Nas redes sociais circulam, inclusive, áudios atribuídos aos empresários locais combinando a ação.

A proprietária do Espaço Terra, em Tiradentes, Mariana Cavalcanti, é uma das empresárias que é contra a abertura do comércio nesse momento. “Eu achei uma posição vergonhosa. Empresário que ganhou grana boa na cidade deveria cuidar com carinho, não ameaçar e colocar em risco a população”, afirmou.

Cavalcanti lamenta a falta de apoio dos governos, principalmente no acesso ao crédito bancário, que poderia aliviar a crise que os empresários estão passando. “Os créditos foram disponibilizados para os bancos e não diretamente para os empresários. E os pequenos comerciantes praticamente não têm acesso. E quando conseguem, os juros são muito altos”, lamenta a empreendedora.

Apesar dos ânimos exaltados entre os que querem a abertura imediata e os que desejam a permanência da quarentena até que o momento seja de menor risco, Mariana acredita que ainda existe espaço para o consenso.

Entre os empresários de Tiradentes que participam da campanha pela reabertura está Felipe Tostes, que alega vários fatores para a defender sua posição. “Noventa por cento das empresas aqui pagam aluguel. Raramente o imóvel é do proprietário. (…) A gente colocou todos os funcionários em suspenção temporária, de acordo com o governo. Mas agora acaba. Eles vão receber semana que vem e no mês que vem não tem mais”, afirmou Felipe.

Tostes chama a atenção para a falta de apoio governamental durante toda a crise. “A gente tem de trabalhar. A gente está arcando com dividas, pegando empréstimo em banco. O empresário não tem nenhum centavo de ajudo de governo. Inúmeras contas, Cemig, internet”, acrescenta.

Apesar de ter aderido à campanha “Estamos demitindo”, Felipe alega que a intenção é a de manter os empregos. “Não é nossa intenção demitir ninguém, mas como a gente vai arcar com todos os custos sendo que a gente não tem um centavo de incentivo, não tem crédito em banco mais”, argumenta.

E, além disso, Tostes garante que o empresariado que participou desse protesto está disposto a seguir as normas de segurança determinados pelas autoridades. “Conversei com outros gerentes e todos dando apoio para reabrir. Não reabrir de qualquer de qualquer forma, reabrir com segurança. A gente quer reabrir seguindo todos os protocolos de segurança”.

Mudança na atitude do prefeito

Segundo o documento, assinado pelo prefeito Zé Antônio do Pacu (PSDB), nessa sexta (5), serviços e empreendimentos cujas atividades provoquem aglomeração de pessoas estão suspensos. Assim, eventos, bares, restaurantes, hotéis e pousadas seguem fechados, mas podem realizar vendas por meios digitais, retirada em balcão e entrega em domicílio.

Sobre a polêmica causada pelo novo decreto, Zé Antônio esclarece as motivações para a mudança de atitude. “Eu tinha me reunido com os comerciantes, entendo perfeitamente o lado deles. […] Mas nossos principais visitantes, nossos principais clientes vêm do Rio e de São Paulo. A princípio nós iríamos abrir dia 19, se não aparecesse um fato novo. Mas acompanhando as notícias do aumento da pandemia no Brasil, achei por bem adiar”, esclarece.

O prefeito afirma que também ouviu a população sobre a questão, assim como tem escutado os proprietários de pontos comerciais. “Eu estou ouvindo os dois lados. Estou ouvindo o empreendedor, estou ouvindo a população em geral. A população está com muito medo e ela tem razão. Esse vírus é perigoso realmente”, concorda ele.

Sobre a manifestação contrária por parte dos comerciantes que afixaram os cartazes de “Estamos demitindo”, Zé do Pacu encontra razão na revolta, porém mantem a atual posição. “Eu sei que eles estão chateados e eu dou razão para eles, porque a situação é complicada, mas até o momento nós revogamos o decreto de adesão ao Minas Consciente e devemos fazer outro com nova data”, ameniza.

Zé Antônio chamou atenção para as responsabilidades que todos os segmentos vão ter que assumir para que o processo de reabertura possa ocorrer. “Em Tiradentes, nós vivemos do turismo, não podemos viver mais tempo do já estamos fechados, então nós vamos ter de abrir. Vai ter que ter uma compreensão do empreendedor, aceitando e acatando as normas que a prefeitura decretou. Mas também da população, tendo o entendimento desta mudança de hábitos, sobre esse novo jeito de viver, o uso da máscara, a higienização das mãos, a não aglomeração, sair somente se for de extrema necessidade”, reforça.

Regras para o funcionamento

Os estabelecimentos que estiverem abertos devem investir em limpeza dos locais e dos equipamentos dos funcionários; bem como adotar “sistemas de escalas, revezamento de turnos e alterações de jornadas” para reduzir possível fluxo intenso de pessoas.

O funcionamento de serviços essenciais está garantido. Alguns deles são: farmácias, tratamento e abastecimento de água, assistência médica, serviço funerário, coleta de lixo, mercados, açougues, padarias, loja de alimentos para animais, oficina mecânica, agências bancárias, além de atividades de agroindústria.

Entenda o caso

A questão da reabertura do comércio em Tiradentes está polarizada entre os que querem que ela ocorra imediatamente e entre os que desejam que aconteça em um momento em que seja mais seguro para toda a população.

Foram criados grupos nas redes sociais e abaixo assinados contra e a favor à reabertura. O tom das declarações tem aumentado e os grupos vão tomando posições mais fortes para fortalecer seus discursos.

A revogação pela Prefeitura, nessa sexta (5), do decreto que permitiria a abertura do comercio a partir do dia 19 desse mês foi um elemento a mais para aumentar a temperatura da disputa em Tiradentes.

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