Caroline Santos Teixeira
Notícias Gerais
Aos 47 anos, Evandro Vale é um dos maiores nomes das artes cênicas no Campo das Vertentes. Nascido e criado em Dores de Campos, o ator conta ao Notícias Gerais sua história de vida no mundo artístico.
Segundo o ator, a paixão pelas artes cênicas veio ainda na infância: “tudo começou pelo circo. Naquela época da minha infância, aqui em Dores (de Campos), (a cidade) recebia muito circo… a primeira vez que eu fui assistir um espetáculo eu não tinha grana, então (tinha duas alternativas): ou eu passava por debaixo da lona ou ia na menina do trailer e pedia para vender geleia, pipoca, ou o que fosse necessário, para eu ter a oportunidade de entrar”, relembra Evandro. “Ali pra mim já era um espetáculo, era magia. Eu olhava para o teto da lona do circo e os buracos da lona viraram estrelinhas pra mim… Quando abria a cortina do palco, eu punha a mão no queixo e pensava comigo: ‘quero ser aquilo quando eu crescer'”, completa.
O impacto da influência circense acompanhou o futuro ator nos anos seguintes. No entanto, na adolescência, ele se mudou para Belo Horizonte a procura de emprego, e, neste período, seu lado artístico ficou adormecido. Durante sua estadia na capital mineira, Evandro trabalhou em diversas áreas, exercendo as funções de empregado doméstico, auxiliar administrativo, zelador e biblioteconomista.
O ator conta que a reconexão com seu lado artístico ocorreu enquanto trabalhava em um centro universitário. “Quando eu vi um palco em uma universidade, aquela coisa que estava adormecida dentro de mim, da arte, foi latente”. Evandro conta que depois deste episódio, se reuniu com uma professora e criou, juntamente a ela, o projeto “Pau pra toda obra”, uma companhia teatral autodidata. Pouco tempo depois, o artista deixou Belo Horizonte: “vi a cidade um pouco fechada… eu queria arte, eu queria o teatro”, relata.
O retorno à terra natal se deu em 2007: a partir desta data, o ator ficou mais envolvido com o teatro regional. Não demorou muito e ingressou na ManiCômico, atualmente conhecida como Teatro da Pedra, uma companhia regional de teatro. “Fiquei quase quatro anos com a companhia teatral ManiCômico, cumprindo agenda. Tudo exigia dedicação e disciplina, e eu tive tudo isso a meu favor”, comenta.
Do teatro às telas
Ao longo de sua carreira, Evandro também atuou no cinema e na televisão. O primeiro papel nas telonas não poderia ser menos marcante: uma participação no filme Chico Xavier (2010) repercutiu entre seus conhecidos: “as pessoas vieram comentar ‘Evandro, te vi no cinema’… foi uma experiência muito bacana”, destaca.
Após a primeira experiência em frente às câmeras, Evandro ganhou papéis em obras televisivas. “Tive oportunidades muito boas na Globo e na Record também”, cita o ator, que participou de telenovelas transmitidas em horários nobres – como por exemplo Amor à Vida (2013), Império (2014) e os Dez Mandamentos (2015): as duas primeiras foram na TV Globo, enquanto a terceira foi na Record TV.
Contudo, Evandro revela que nem tudo “foram flores” nas suas participações televisivas e aponta que teve que lidar com “ataques de vaidade” e “estrelismo” de um ator: “o orgulho de um colega de trabalho, se sobressai e derruba o outro”. Apesar da experiência não ter sido agradável, Evandro afirma que conseguiu levar bons ensinamentos da situação. “(Essa situação foi) uma coisa que eu tive que passar e com isso eu que cresci espiritualmente… eu evolui com isso tudo”.
Participação no Caldeirão do Huck
Em 2019, Evandro Vale participou do quadro “Gonga la Gonga” do Caldeirão do Huck. A atração consiste em pequenas apresentações em que os atores tentam demonstrar o máximo de originalidade e criatividade possível.
“Não fui com o sentimento de que estaria em rede nacional… não deixei isso tomar conta da minha mente. Me concentrei no que eu iria apresentar, na proposta que eu ia levar, no que era interessante”, explica.
O ator ainda conta ter se sentido inseguro durante sua apresentação: “na minha terra, como é cidade pequena… eu ia ficar rotulado como o ator gongado”, interpreta. Mas avalia positivamente sua performance: “fiz uma apresentação muito bacana, original e criativa. Ganhei o parabéns de todos”.
Sobre a repercussão que a participação no programa trouxe para sua carreira, Evandro assegura que o trabalho lhe trouxe mais credibilidade como artista. Além disso, cita o orgulho de “ter levado o nome da cidade lá pra fora”. “O tempo pode passar, mas deixa uma memória bastante afetiva de um legado, uma memória, que eu deixei”, expõe.
Novos projetos
Em relação aos seus projetos profissionais, Evandro faz planos para 2021: “ano que vem, passando toda a pandemia, eu volto aos palcos”, anuncia.
O ator ainda fala com carinho da sua parceria com a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE): “eu abraço a APAE e a APAE me acolhe… tenho apoio deles e de empresas para fazer os espetáculos funcionarem”.
Evandro ressalta a necessidade de estar sempre preparado para qualquer eventual teste que possa surgir. “A gente tem que se preparar para ‘a hora do milagre’, não apenas esperar ‘o milagre’”, fala, com bom humor. “Não adianta sonhar e não se dedicar”, finaliza.