Redação
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Reunidos em uma live promovida pela Prefeitura de Barbacena, na última sexta (28), os representantes das UTIs dos hospitais do município pediram à população do município que não acreditem na eficácia dos chamados tratamentos precoces contra a covid-19 e apostem no isolamento social como estratégia para evitar o colapso do sistema de saúde do município.
De acordo com eles, naquele momento Barbacena estava com todos os leitos de UTI ocupados e havia 17 pacientes a espera de um leito de saúde na macrorregião de saúde: os médicos já começaram a escolher entre quais pacientes terão tratamento intensivo e quais não terão. “Já existe em nossa cidade uma fila de espera para leitos de terapia intensiva. (…) Muita gente não acredita que isso esteja acontecendo e insiste em aglomerar”, afirmou.
O alerta feito por eles é que não é hora de sair por aí se achando “protegido” da fatalidade do vírus em função do uso de cloroquina, invermectina, iparina, vitamina D, zinco ou prednisona – os medicamentos mais conhecidos do chamado “kit covid”.
“90% das pessoas que estão na UTI tomaram o tratamento precoce”, alertou o coordenador do Centro de Tratamento Intensivo (CTI) da Santa Casa de Misericórdia de Barbacena, José Muniz Pazeli Junior, durante a live.
Apesar das autoridades médicas do mundo inteiro estarem condenando o uso destes medicamentos para o tratamento da covid-19, ele afirma que ainda tem muita gente que acredita na eficácia deles.
“Parem de acreditar. Se isso funciona ou não funciona, quem sou eu para determinar. Mas quem está lá na ponta está vendo os doentes chegarem tendo tomando tudo isso que vocês acham que vai dar segurança para vocês”, apelou.
O médico afirma que as pessoas internadas na CTI da Santa Casa em decorrência de casos agravados da covid-19 fizeram uso dos medicamentos do “kit covid” de várias formas.
“Algumas tomaram invermectina por mais de três meses. Outras tomaram anticoagulante em casa, eu fiquei até assustado porque médicos prescreveram a iparina. Outros estão tomando predinisona, outros tomando cloroquina, misturada com zinco, com vitamina D…. e estão na UTI”, ressaltou.
Jovens e saudáveis
Ele alerta também que o perfil dos pacientes internados nas UTIs não é mais o de idosos, com comorbidades e obesos. “É gente jovem, é gente que você acha que está imune a doença. São paciente que não são sequer obesos”, ressalta.
Médica responsável pelo tratamento da covid-19 no Hospital Ibiapaba, Marceli Faraj relatou a terrível experiência de ter que escolher entre dois pacientes jovens para decidir qual deles ocuparia a vaga na UTI. “Esta semana eu tive caso de dois pacientes da mesma idade em que tive que definir qual iria para o CTI por outros critérios. (…) A gente precisa que a população se responsabilize”, apelou.
Conforme ela, o isolamento social é a única alternativa para evitar o pior cenário possível da pandemia. A médica disse que é possível observar o quanto a estratégia faz diferença ao ver que, após feriados e datas comemorativas, os índices de contágio sobem vertiginosamente.
“Este último agora, que foi o carnaval, a gente esperava que tivesse um pico (…), mas este momento chegou e não está indo embora. Hoje, no Ibiapaba, não temos leitos nem de enfermaria, nem público nem particular. E estamos com problemas de pessoal e de medicamentos”, afirmou.
O coordenador do Hospital Regional de Barbacena, Paulo Roberto Resende Campos, fez um verdadeiro apelo aos cidadãos que ainda acham lícito fazer baile funk, churrasquinho, festa. “Nos ajudem a ajudar vocês. Nós estamos lá, poxa, nas UTIs, fazendo o tratamento, o melhor que a gente pode, mas o sistema está congestionado, começam a faltar aparelhos, insumos (…) E a sua parte, cidadão?”, afirmou.
Assista aqui a live completa.
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