Carol Rodrigues
Notícias Gerais
A data da aplicação da prova impressa do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) continua a mesma, apesar da paralisação das atividades escolares devido à pandemia do novo coronavírus. A preocupação dos alunos – principalmente da rede pública – é a possibilidade de serem prejudicados por causa da suspensão dos estudos, já que algumas escolas particulares e cursinhos deram seguimento com aulas à distância.
O Enem é a porta de entrada para a maioria das instituições de ensino superior do Brasil. só neste ano, mais de 200 mil estudantes conseguiram ingressar em uma faculdade pelo sistema. No entanto, com a pandemia e a paralisação das atividades escolares, o futuro de muitos jovens se tornou ainda mais incerto, já que a prova impressa do Enem ainda vai ser aplicada nos dias 1º e 8 de novembro.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) alterou somente a data da aplicação da prova digital, que passou para 22 e 29 de novembro. Enquanto os estudantes tentam organizar os estudos em casa, as incertezas quanto ao futuro aumentam.
Preocupações com o futuro
Tamires Rodrigues, 18, é estudante do 3º ano do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais – Campus Barbacena (IF Barbacena), que está com as atividades paralisadas desde o dia 13 de março. Estudando em casa, ela teme estar em desvantagem no exame em relação aos alunos de escolas particulares e cursinhos pré-vestibulares que estão tendo aulas pela internet.
“É muito conteúdo para ser aplicado em oito meses, o que já é difícil para conseguir adquirir conhecimento de todas as matérias. Com quase dois meses sem aula presencial ou online, perdemos a rotina de estudos”, lamenta Tamires.
Procurando driblar essa defasagem e tentar o sonho de cursar Engenharia de Alimentos, a estudante assinou um portal que disponibiliza videoaulas pela internet. “As matérias que ainda não vi no 3º ano ficam um pouco difíceis (de acompanhar), pois não há uma maneira muito didática de tirar suas dúvidas. Já matérias que já tinha estudado é mais fácil de entender”, revela.
Pensando o EaD
Por outro lado, os estudantes que estão tendo aulas online também estão preocupados com o desempenho na prova do Enem, já que o ensino a distância (EaD) ainda está sendo experimentado.
Jaqueline de Grammont é professora do Departamento de Ciências da Educação e do Mestrado em Educação da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) e presidente do sindicato dos professores da UFSJ (ADUFSJ). Ela cita que a implementação do EaD necessita de investimento técnico, formação de professores e um período de familiarização com a plataforma.
Além disso, a interação entre alunos e professores e entre os próprios estudantes é de extrema importância no processo de aprendizagem. “O ensino à distância não acontece de uma hora para outra”, ressalta a professora.
“Essa nova rotina de aulas EaD está sendo um pouco difícil, principalmente, porque prestar atenção em aula online é bem mais difícil e cansativo, perco a concentração muito fácil e assim preciso ter uma dedicação e persistência maior”, diz Maria Luiza de Oliveira, de 19 anos.
A estudante se formou no ensino médio em 2018 e pretende prestar vestibular para Jornalismo ou Direito. Para evitar atrasar ainda mais os estudos dos alunos, o cursinho pré-vestibular que ela frequenta começou com aulas online há cerca de três semanas.
“Acho que existe sim a necessidade de adiar (a data do Enem), pois houve uma perda com o tempo de adaptação a essa nova rotina e, com isso, querendo ou não, perdemos um pouco o ritmo de estudo. Além de ter muitos estudantes que não possuem esse privilégio de acompanhar aulas virtuais”, finaliza.