Carol Rodrigues
Notícias Gerais
A cidade de Rio Espera, na Zona da Mata mineira, tem cerca de 5.474 habitantes; dois terços dessa população vive em áreas rurais, onde o sinal telefônico quase não chega – muito menos o de internet. Pensando nessa realidade, a prefeitura da cidade desenvolveu o programa “Aprendendo em Casa” e já entregou material didático nas residências dos 160 alunos da rede municipal de ensino.
Rio Espera possui uma taxa de escolarização de 98,1% para alunos entre 6 e 14 anos, de acordo com Instituto Brasil de Geografia e Estatística (IBGE), e tem cinco escolas estaduais – duas na área urbana e três na rural -, além de seis municipais, das quais cinco estão na zona rural.
Na cidade, o sinal telefônico tem pouca abrangência e o de internet praticamente não chega na área rural do município, sendo instável mesmo no ambiente urbano. Sem conseguir dar continuidade ao ensino nas escolas devido à pandemia de Covid-19 e com a impossibilidade de usar os recursos on-line como aliados, a administração municipal vem distribuindo material didático de porta em porta para os estudantes.
Já foram 160 alunos atendidos pelo programa “Aprendendo em Casa”, que entregou cadernos com atividades impressas aos estudantes. Desse total, 95 são da zona rural.
“Como os comércios estão fechados e pensando na segurança de nossos alunos, nós também enviamos um kit contendo todo o material necessário para realizarem as atividades”, esclarece Gustavo Campos de Souza, secretário municipal de Educação. Foram encaminhados produtos como massa de modelar, papel crepom, palitos, cartolina, tinta, pincel, algodão, lã e glitter.
Além disso, por causa da suspensão das aulas, a administração da cidade também viu a necessidade de manter o fornecimento de merenda escolar. Assim, kits de alimentação foram doados junto ao material escolar para os 128 alunos beneficiários do Bolsa Família.
Projeto mantém diálogo com família e estudantes
Sete professoras foram contratadas especialmente para as atividades do programa “Aprendendo em Casa”. Os primeiros cadernos foram encaminhados no mês de maio às famílias e serão trocados em junho. A intenção é que, todo mês, os alunos recebam materiais novos em casa.
Quando as primeiras atividades forem recolhidas, as professoras irão fazer a correção dos exercícios e as anotações serão devolvidas aos estudantes quando receberem o segundo caderno. As docentes também estão realizando acompanhamento on-line por e-mail e WhatsApp com as famílias que possuem acesso à internet, bem como também por ligação.
Em Rio Espera, o sinal telefônico tem pouca abrangência e o de internet praticamente não chega na área rural do município, sendo instável mesmo no ambiente urbano
Os exercícios são desenvolvidos pelas sete professoras do programa “Aprendendo em Casa”. De acordo com Sônia Balbino, profissional que atua na iniciativa, as atividades são importantes para que os alunos não percam o andamento dos estudos. “Eu sei que não é a mesma coisa das (aulas presenciais nas) escolas, das salas de aula com o professor, mas já ajuda bastante no desenvolvimento e aprendizado”, comenta.
Calendário escolar
O prefeito de Rio Espera, Lucio Marcos da Silveira (PR), reitera a importância do professor como agente ativo na formação dos estudantes e da escola como ambiente socializador. “As atividades remotas, embora muito bem elaboradas e bem intencionadas, não são capazes de substituir essas relações nem se pode garantir que elas proporcionem o aprendizado que o aluno teria dentro do ambiente escolar”, completa.
Ainda não há decisão sobre a questão das atividades remotas contar como horas letivas. Porém, conforme cita o prefeito, o “calendário escolar 2020 pós-pandemia” já foi montado e conta com “estratégias legais para garantir o cumprimento das 800 horas letivas com aulas presenciais para o Ensino Fundamental, sem sobrecarga para profissionais e alunos, caso as aulas retornem até o dia 30 de junho”, aponta.
Assim, o objetivo das atividades de ensino remoto é evitar que os alunos percam o ritmo dos estudos e tenham “duas chances de absorver o conteúdo”, revela Lucio Marcos da Silveira.
EaD do estado em Rio Espera
Três das cinco escolas do ensino estadual em Rio Espera estão localizadas na área rural da cidade, onde o sinal de telefone e de internet é fraco ou mesmo inexistente. Além disso, o canal da Rede Minas – por onde são transmitidos os conteúdos do programa de ensino remoto do governo de Minas Gerais – também não é acessível para toda a população.
O Notícias Gerais procurou a Secretaria de Estado de Educação e a Superintendência Regional de Ensino de Conselheiro Lafaiete para obter esclarecimentos a respeito da situação dos estudantes da rede estadual de Rio Espera. No entanto, ambas não retornaram o contato até o fechamento da edição desta matéria, às 19h36.