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CRÍTICA: 86 – EIGHTY SIX APRESENTA UNIVERSO BEM CONSTRUÍDO

Imagem: Kadokawa / Divulgação

Giovanne Alcântara Sant’ Ana da Silva *

A indústria dos animês está recheada de obras que se resumem em lutas e em roteiros pouco trabalhados. Por isso, quando a Kadokawa anunciou a adaptação baseada no livro de Asato Asato, fiquei com medo de ser mais um clichê com muitas lutas e pouco desenvolvimento. Porém 86: Eighty Six, dirigido por Toshimasa Ishii e produzido pelo estúdio A-1 Pictures, foge desse padrão e demonstra ser mais bem elaborado e profundo.

A história leva os espectadores para um mundo onde ocorre uma guerra de nove anos entre a República de San Magnolia e o Império Giadiano. Durante esse período, a República de San Magnolia sempre divulgou que sua população nunca havia sofrido baixas. Mas isso é uma mentira, visto que enquanto os cidadãos que possuem cabelos prateados, os albas, estão em suas casas em segurança, os 86,   pessoas que não possuem tal característica, são tratadas como inferiores e jogadas no campo de batalha.

Dentro desse universo, a animação acompanha a major Vladilena Milizé, uma alba comandante do esquadrão Spearhead que não compactua com a discriminação que ocorre em sua nação, e o 86 Shinei Nouzen, líder dos Spearhead. Embora uma personagem principal que queira mudar a situação da sociedade sozinha possa parecer uma característica muito comum, o roteiro transforma esse tópico em um ótimo combustível para o desenvolvimento. Os posicionamentos da major e os seus diálogos com outros personagens sempre trazem à tona discussões que nos fazem relacionar com a nossa realidade e refletir sobre.

Até esta parte da crítica, é possível perceber a riqueza do universo da obra, porém, para que o espectador possa sentir essa grandiosidade, é preciso ter ótimas qualidades técnicas, e 86: Eighty Six não falha nesse quesito. A A-1 Pictures trabalhou muito bem em transferir as ideias de Asato escritas no papel para a mídia audiovisual, gerando um mundo e personagens com designs marcantes. Além disso, também é preciso enaltecer os compositores Hiroyuki Sawano e Kohta Yamamoto e o diretor Toshimasa Ishii, que, em conjunto, produziram cenas deslumbrantes que transmitem cada emoção e mensagem, conectando-nos perfeitamente aos personagens e ao desenrolar da trama.

86: Eighty Six é um animê muito bom de se assistir que possui uma história e personagens interessantes e incríveis qualidades técnicas. Porém, se você é uma pessoa que procura uma narrativa que se apoia em enormes lutas com muito brilho e efeitos especiais, essa não é a melhor opção.

* É estudante de Comunicação – Jornalismo da UFSJ e produziu este texto sob a orientação do professor Paulo Caetano, durante a disciplina remota de Produção Textual.

Os artigos de opinião e colunas publicados não refletem necessariamente a opinião do portal Notícias Gerais.

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