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MÚSICO DE ENTRE RIOS FALA SOBRE NOVO TRABALHO AUTORAL

Foto: Natália França

Wanderson Nascimento
Notícias Gerais

O artista mineiro Vitor Nato lançou, este ano, seu novo EP “Aurora” em todas as plataformas digitais de música (Spotify, Deezer, Apple Music, Tidal e outros). Um EP (Extended Play) é um trabalho musical que tem menos faixas e duração menor que um álbum – geralmente menos de 30 minutos.

A música é o o seu trabalho de estreia e apresenta quatro faixas, sendo três delas os singles já lançados anteriormente “Dona Aurora”, “Passagem Pra Te Ver” e “Por Um Triz”, que ultrapassam os 15 mil reproduções na internet, além de sua canção inédita “Dose Diária”, a próxima faixa de trabalho do artista. Vitor está posicionado em 2º lugar no ranking dos artistas de MPB mais ouvidos pelo Palco MP3 em Minas Gerais e em oitava posição à nível nacional.

Licenciado em Música, com habilitação em violão erudito pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), e também formação em violão popular pela Bituca: Universidade de Música Popular de Barbacena, Vitor Nato já apresentou seu trabalho autoral em diversos locais e eventos como: SESI Centro Cultural Yves Alves (Tiradentes), Festival En vivo (São João del-Rei) e Mutirão Cultural 2018 e 2020 (Entre Rios de Minas). O artista vem conquistando público com suas letras recheadas de poesia, melodias envolventes, voz macia e um rebuscado trabalho harmônico.

Em seu novo EP, o artista busca a mescla de uma sintonia fina entre a clássica MPB, com a música concebida na contemporaneidade, a chamada “Nova MPB” ou Pop Leve. Seu trabalho conta, também, com a participação de músicos consagrados, como é o caso de Lincoln Cheib e Enéias Xavier.

A nova canção de Vitor fala sobre coragem, resistência e a busca da transformação dos sonhos em realidade e como o próprio autor afirma, a ideia é reforçar que “sonhar é ter ação”.

Em entrevista ao Notícias Gerais, o músico falou um pouco sobre sua carreira artística, a vida de cantor na pandemia e outros assuntos.

Como tudo começou

Foto: Natália França

Vitor conta que sua relação com a música se iniciou bem cedo, porém, de forma bastante amadora. “Eu tinha vários amigos, que moravam perto da minha casa e que tocavam violão, daí eu vivia ‘enchendo o saco’ pra eles me ensinarem alguns acordes. Até cheguei a aprender alguns, mas os estudos viriam um pouco mais tarde”, relata.

Por volta dos 16 anos, Vitor conseguiu comprar o primeiro violão por meio de um trabalho temporário que havia conseguido. Ele também adquiriu, na época, revistinhas de músicas, juntamente com outros novos amigos. Eles ficavam fazendo rodízio delas, de forma que iam desenvolvendo juntos e aumentando o repertório.

“O fato de não ter professor na época me ‘obrigou’ a tirar músicas de ouvido e tentar chegar o quanto mais próximo da sonoridade dos artistas que ouvíamos”, frisa. “Hoje reconheço que se tivesse tido aulas formais, provavelmente, teria catalisado meu aprendizado musical e, talvez, ter alçado voos maiores”, afirma.

Ele declara que já nessa fase surgiam as primeiras composições, mas sempre de uma forma amadora. Por volta dos 20 anos, ele comprou uma guitarra e chegou a estudar com um professor, formalmente, por cinco meses; tendo participado de várias bandas como violonista e guitarrista, dos mais variados estilos – desde bandas de Rock, Seresta, Samba, a grupo de Forró e Sertanejo.

Profissionalização

Nesse período, ele trabalhou como freelancer. Foi seguindo essa trilha, mas já tinha uma certeza de que queria se profissionalizar. Foi então que, mais tarde, ele decidiu que gostaria de ingressar em um curso superior de Música.

Vitor, então, estudou violão erudito com um professor de sua cidade, Entre Rios de Minas, e depois com outro em São João del-Rei.

“Aos 25 anos eu entrei no curso de Música da UFSJ, onde me formei em licenciatura em Música com habilitação em Violão Erudito na classe do professor Guilherme Vincens. Após ter me formado, ingressei em outro curso, agora o de violão/guitarra na Bituca: Universidade de Música Popular, onde me formei ano passado (2020)”, elenca.

Ecletismo

Vitor sinaliza que, pode parecer clichê, mas, nesse caso é verdade, quando ele se identifica como um músico eclético. “Eu gosto de muitos estilos musicais e não tenho muito preconceito, pra mim vale o seguinte: se agradou ao meu ouvido, tá valendo”, declara, afirmando que nessa cesta pode-se incluir MPB, Pop, Rock, Música Erudita, Blues, Folk, Sertanejo raiz, New Age e até o R&B. No entanto, ele reconhece que, geralmente, escuta muito MPB e a “Nova MPB”.

“Principalmente por saber que a nossa música é riquíssima e que possui um legado tão bonito, e eu, modestia à parte, pretendo não apenas reverenciar essa forma musical como também faço questão de estendê-la”, reflete.

Sobre as principais influências, ele responde ser difícil falar quais os artistas mais o influenciaram, visto o fato de escutar muita coisa diferente, que passam a ser recombinadas.

“Mas eu posso citar que Milton Nascimento, o Clube da Esquina no geral, Lenine, Dani Black, Tiago Iorc, Tom Jobim, Oswaldo Montenegro, são artistas por mim muito consumidos, enfim: artistas variados”, enumera.

O primeiro trabalho

Foto: Natália França

O EP “Aurora” é o primeiro trabalho solo de Vitor, apresentado formalmente, mas ele já participou em gravações do grupo de Seresta Rios ao Luar e também gravou guitarra em uma música do artista Estevão Lobo.

“Espero que o ‘Aurora’ seja o primeiro de vários, pois sigo compondo e resgatando canções que compus na tentativa de alçar outros voos e manter a sustentabilidade do trabalho…”, defende.

Pandemia

Sobre os efeitos da pandemia em sua carreira musical, Vitor afirma que afetou muito: não apenas a sua carreira, mas a de todo mundo, no geral, com grandes prejuízos.

“Penso que o setor cultural foi um dos mais prejudicados. Eu vivo de apresentações variadas como: shows em barzinhos, cerimônias de casamento e aulas de música. Nesse contexto a pandemia foi cruel com os artistas independentes, que ao meu ver são os mais ‘dependentes’, pois não possuímos uma grande gravadora por trás ou contrato com nenhuma entidade que nos assegure enquanto o turbilhão não passar”.

Ele revela que a rotina foi transplantada, principalmente, para o ambiente das aulas on-line, realização de lives particulares e com outras entidades. No entanto, já tem começado, aos poucos, voltado a tocar em algumas cerimônias.

“Seguimos no aguardo das condições sanitárias melhorarem para retornarmos às atividades normais de trabalho”

– afirma Vitor Nato.

Ele ressalta, inclusive, que a gravação desse EP foi, por um lado, desafiadora, pois condicionou a realizar parte da pré-produção e da produção de forma on-line, mas destaca a importância do financiamento que surgiu justamente como efeito da pandemia.

“Esse trabalho só pode ser efetuado através de um recurso, uma ferramenta essencial à nós artistas na pandemia: a Lei Aldir Blanc, que me possibilitou tirar do papel esse projeto já ambicionado à anos e que impacta diretamente na forma como meu trabalho passou a ser consumido e na relação com os fãs”, conclui.

Confira, abaixo, uma das canções autorais de Vitor Nato:

Vídeo: reprodução / YouTube

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