Alexandre Frigo *
Domingo fomos almoçar em casa de Seu Anastácio, meu sogro, e preparei um tutu à mineira para o almoço. Sempre que almoçamos lá eu procuro fazer as comidas que ele aprecia. Homem de hábitos simples e com muitas histórias na bagagem de seus 86 anos. Mas engana-se quem acha que apesar de simples ele se contenta com algo mais ou menos. Até porque, Dona Nana tinha uma mão na cozinha que era fantástica. Eh, laiá!
Sempre que estamos à mesa, entre um gole de cerveja e um tira gosto, enquanto se espera o almoço ser servido (esta função fica a cargo de Leticia, minha esposa, e sua irmã, Ana Cecília), ficamos de prosa e ouvindo seus casos. Homem avesso a tecnologias, não tem celular, escuta rádio, faz seu próprio calendário para que não esqueça seus compromissos e faz absoluta questão de mantê-los rigorosamente em dia.
Mas é em meio a essa simplicidade que reside todo seu carisma e é de onde saem as pérolas de Seu Aloísio (Anastácio é seu nome do meio). Certa ocasião, em um almoço dominical, tinha preparado uma costelinha ensopada, como ele mesmo disse, arroz, feijão, angu e couve. Entre uma garfada e outra e um gole de cerveja, ao repetir o almoço ele disse: “essa costelinha tá melhor do que ela merece, pode por mais um pouco com caldo pra comer com angu!
Uma parte da conversa do almoço de domingo foi sobre o prato do dia, que era o tutu à mineira. Ele queria saber de onde vinha, qual a receita correta e qual o melhor feijão. Contei a ele que era um prato da época dos escravos que pegavam o caldo do feijão que sobrava na panela e o engrossavam com farinha de mandioca, isso lá na época dos bandeirantes.
A bem da verdade, disse a ele que não existe uma receita básica, cada família tem a sua. O que não pode faltar é o feijão. Seja ele o roxinho, o carioca ou o preto. Já comi até tutu de feijão branco. Para mim não pode faltar um arroz branquinho, couve refogada e um bife de pernil acebolado. Outra coisa que sempre faço é decorar o tutu com um molho acebolado com bacon e ovo cozido.
Bora fazer tutu de feijão:
- ½ kg de feijão cozido e batido no liquidificador
- 1 colher de sopa de banha de porco
- 3 dentes de alho bem picado
- 1 cebola pequena bem picada
- Tempero caseiro a gosto
- ¾ de xícara de farinha de mandioca crua
- Sal a gosto
- Cheiro verde a gosto
- Ovos cozidos para decorar
Em uma panela aqueça a gordura, refogue o alho e a cebola sem deixar escurecer. Acrescente o tempero caseiro e deixe soltar aroma. Em seguida acrescente o feijão batido e misture. Deixar ferver. Hora de colocar a farinha de mandioca mas cuidado para não empelotar. Acertar o sal se necessário. Passar para uma travessa decorar com ovos cozidos e cheiro verde. Bom apetite!
* É chef de cozinha
