Celso Bejarano
Especial para o Notícias Gerais
Brasília (DF) – Embora já com um discurso de despedida pela manhã desta quarta (15), o ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde), surpreendeu no fim da tarde, ao aparecer na coletiva de imprensa que trata, diariamente, dos números que apontam o avanço da coronavírus. A doença, do início de março para cá, já matou no Brasil 1.736 pessoas, entre as quais 204 nas últimas 24 horas. O presidente Jair Bolsonaro já ensaia a demissão do ministro há pelo menos uns 15 dias.
Mandetta saiu da coletiva, promovida do Palácio do Planalto, local de trabalho de Bolsonaro, dizendo que fica no cargo, ao menos por enquanto. Ele citou, inclusive, trecho de música de Almir Sater, artista de Campo Grande (MS), cidade onde vive o ministro.
“Como um velho boiadeiro/Levando a boiada/Eu vou tocando os dias/Pela longa estrada, eu vou/Estrada eu sou”. Tocando em frente é nome da canção, uma das mais consagradas pelos fãs em shows de Almir.
Mandetta tem se posicionado contra o desejo do presidente, que quer logo o fim do distanciamento social, meio, segundo Bolsonaro, de retomar a economia do país.
O mundo inteiro pensa diferente do mandatário brasileiro. França, Itália, Espanha, Japão, países que já anotaram milhares de mortes causadas pela doença, esticaram a quarentena, ou seja, suspenderam as atividades econômicas.
Busca pelo substituto
Desde ontem, terça-feira (14), correm informações no Palácio do Planalto de que a queda de Mandetta só depende de uma condição: a de que o presidente tem dúvidas quanto aos nomes de um eventual substituto do ministro. A lista, com dois ou três nomes já está em suas mãos, avisaram interlocutores de Bolsonaro.
Para escolher o substituto de Mandetta, Bolsonaro começa a receber, nessa quinta-feira (16) os nomes indicados por seus aliados. O primeiro será o oncologista Nelson Theich, que já esteve contado para assumir a pasta da Saúde em 2018, mas perdeu a indicação para o atual ministro.
A saída de Mandetta era tão certa que até o secretário de Vigilância em Saúde, que atua ao lado do ministro, Wanderson de Oliveira, havia pedido demissão do cargo. Na coletiva em que não foram permitidas perguntas de jornalistas, Mandetta disse não ter concordado com a demissão. “… [hoje] falou se muito [da demissão], mas não aceito, acabou o assunto. Vamos trabalhar juntos até o momento de saímos juntos do Ministério da Saúde”, afirmou o ministro, ao lado de Oliveira.
A presença de Mandetta na coletiva desta quarta (15) não é garantia da permanência dele no cargo. Ainda correm rumores de que ele pode ser exonerado até quinta (16), ou ao longo da semana. Tudo vai depender do presidente encontrar um nome que amenize o desgaste pela demissão do seu ministro com maior popularidade, que seja bem aceito pela ala militar e que que receba as bênçãos do seu núcleo familiar.