Kamila Amaral
Notícias Gerais
A Comissão de Saúde da Câmara de São João del-Rei realizou, na manhã desta quarta (3), uma reunião com representantes de diversos segmentos sociais – tais como polícia, igrejas, comércio e outros. A intenção do encontro foi propor a criação de um grupo de trabalho que vise criar e incentivar ações de combate ao novo coronavírus.
O vereador que preside a comissão, Sargento Machado (PRTB), ressaltou que o objetivo do grupo seria focar em medidas preventivas. Ele lembrou que, nesta terça (2), o Brasil registrou o maior número de mortes pela Covid-19 desde o início da pandemia e que o surgimento de novas variantes do vírus, ainda mais infecciosas, já é uma realidade.
O vereador Claudinho da Farmácia (PSDB), também membro da Comissão de Saúde, utilizou sua fala inicial para destacar que a divulgação de informações claras e acessíveis sobre a pandemia e as medidas de combate é importante para controle da pandemia.
Comércio
Representado o setor comercial, o presidente da Associação Comercial e Industrial de São João del-Rei (ACI Del-Rei), José Egídio de Carvalho, e o presidente do Sindicato Comercial (Sindcomércio), Wainer Haddad, participaram da reunião.
O presidente da ACI sugeriu que todos os segmentos presentes nesse grupo de trabalho se unam na criação de uma mobilização voltada para conscientização e sensibilização da população são-joanense sobre a gravidade da Covid-19 e do atual cenário pandêmico.
Já o presidente do Sindcomércio afirmou que é importante que todos assumam a sua responsabilidade diante do atual contexto e que “a culpa” sobre a aumento da disseminação da doença, que gera o aumento de casos e mortes, não seja creditada apenas ao comércio. Ele espera que o setor não seja o único a sofrer com as medidas de prevenção.
Haddad ainda destinou uma cobrança aos órgãos responsáveis, defendo que a população tenha informações, em tempo real, sobre o andamento da pandemia na cidade e que a fiscalização das medidas de prevenção seja efetiva.
Militares
Tenente Assunção, representando o 11º Batalhão de Infantaria de Montanha, destacou as ações da unidade durante a pandemia. Segundo ele, o batalhão adotou rígidas medidas de contenção e prevenção da Covid-19 e elas têm mostrado resultado, uma vez que, foram registrados apenas 86 infectados entre os 710 militares na ativa e 3 mil aposentados e pensionistas ligados à unidade de São João del-Rei.
O 38º Batalhão da Polícia Militar foi representado pelo capitão Luís Ferreira. Ele reforçou o trabalho da PM no combate e policiamento das aglomerações e destacou a importância de ações unificadas para que a população entenda que suas ações têm consequências diretas na crise sanitária.
Ferreira pediu que sejam adotadas punições para quem promove aglomerações, por exemplo. “Infelizmente, o ser humano só respeita o que teme”, disse o capitão da Polícia Militar.
O delegado representante da Polícia Civil de São João del-Rei também sugeriu – como possível medida de inibição das festas, encontros e qualquer outras situações que gerem aglomeração – nomear e multar os envolvidos.
Religião
Padre Geraldo Magela, representante da Diocese, apontou o combate ao negacionismo como a primeira medida necessária para combater a pandemia. Segundo ele, é preciso enfrentar o mal exemplo de algumas autoridades e fortalecer as influências positivas.
“Não podemos brincar com vidas”, disse. Para ele, qualquer líder religioso, que utilize seu espaço de fala para descredibilizar a Covid-19, está cometendo um crime perante a sociedade e um pecado frente a religião. Ainda sim, o representante da Diocese advogou que as igrejas e templos continuem abertos para oferecer acolhimento aos fiéis.
O presidente do Conselho dos Pastores Evangélicos de São João del-Rei, Silas Nascimento, também criticou os negacionistas e afirmou que cada representante deveria começar influenciando seu segmento no combate à doença e depois estendendo essa mensagem à população em geral.
Saúde
O secretário Municipal de Saúde, José Marcos Ferreira, também esteve presente no encontro. Ele garantiu que a pasta tem trabalhado, incansavelmente, desde fevereiro do ano passado no combate à pandemia, mas que a população não está colaborando.
Eliene Freitas, enfermeira-chefe do Setor de Epidemiologia, também abordou a dificuldade de estabelecer um diálogo com a população para enfrentamento a Covid-19. Ela contou que, na cidade, vem diminuindo o número de pessoas que procura atendimento para diagnóstico precoce da doença e que, na contramão, cada vez mais pessoas estão questionando o diagnóstico médico de Covid-19.
Além disso, a enfermeira informou que São João del-Rei iniciou, nesta quarta (3), a vacinação de idosos com mais de 83 anos e de idosos, acamados, que tenham idade superior a 80 anos. Entretanto, ela pontuou que as doses que são enviadas pelo Governo do Estado não são suficientes para vacinar todo o público ao qual são destinadas.
Sérgio Veloso, representante da Santa Casa de Misericórdia de São João del-Rei, falou sobre a situação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da instituição. Ele contou que, atualmente, a Santa Casa possui 20 leitos de UTI para pacientes do SUS e 8 de convênios particulares. Destes 28 leitos, a capacidade máxima de ocupação já atingida pela Santa Casa foi 24.
Veloso confirmou que a Santa Casa de Misericórdia não possui leitos clínicos para pacientes com Covid-19, mas sinalizou que eles não foram necessários e que, em nenhum momento, a instituição negou atendimento a pacientes.
Prevendo uma piora da situação da pandemia, Veloso revelou que a Santa Casa não tem condições de aumentar o número de leitos para pacientes com Covid-19. Não existem profissionais disponíveis para tal. Se for necessário aumentar os leitos da Covid-19, outro setor da instituição deverá ser desabilitado.
A sugestão apresentada pelo profissional é de que, se necessário, esses leitos sejam habilitados em outra estrutura – que não a Santa Casa ou o Hospital das Mercês. Veloso destacou que mesmo que, no momento, a demanda por esses novos leitos não exista, o município deve ter um plano de contingência pronto para caso isso seja necessário.
A situação do Hospital de Nossa Senhora das Mercês é parecida com a Santa Casa, uma vez que a falta de pessoal impossibilita a criação de novos leitos. Para ilustrar a situação, o diretor-executivo do hospital, Ricardo Camarano, indicou que desde março do ano passado a instituição está com edital aberto para contratação de novos profissionais.
Barreira Sanitária
Em outro momento da reunião, acompanhada pela reportagem do Notícias Gerais, a Comissão de Saúde questionou a Secretaria de Saúde sobre uma possível volta da barreira sanitária para ajudar no combate à pandemia. A pasta respondeu que o recurso federal que possibilitou a implantação das barreiras foi suspenso e que o trabalho delas já não estava sendo efetivo. A enfermeira-chefe do Setor de Epidemiologia ressaltou que, para ser eficiente, o trabalho não poderia ser feito somente nos limites do município, mas na cidade como um todo e com profissionais treinados e capacitados.
Conselho de Saúde
O Conselho Municipal de Saúde não foi formalmente convidado para participar da reunião, mas um de seus representantes também marcou presença. Aguida Rafaela, moradora de São Sebastião da Vitória, pontuou que o comércio não está seguindo os protocolos corretamente, a Secretaria Municipal de Saúde não tem atuado com transparência e que, enquanto estavam funcionando, as barreiras sanitárias estavam sendo ocupadas por pessoas descapacitadas e que não cumpriam suas funções corretamente.
“Todo mundo falou, só não ouviu a população”, disse a conselheira.
Próximos passos
Ao final da reunião, a Comissão de Saúde apresentou algumas sugestões de ações como endurecer a fiscalização e facilitar o acesso da população a informações sobre a pandemia.
Uma próxima reunião do grupo de trabalho está marcada para a próxima quarta (10). Convidados, a Universidade Federal de São João del-Rei, Corpo de Bombeiros e Guarda Militar não enviaram representantes à reunião.