Celso Bejarano
Especial para o Notícias Gerais
Brasília – Num só dia, nesta quinta-feira (18), data em que o Ministério da Saúde anunciou – no fim da tarde – que aqui no Brasil perto de um milhão de pessoas (978,1 mil) foram infectadas com a Covid-19, doença que já matou 47,7 mil (570 em Minas Gerais), o governo de Jair Bolsonaro (sem partido), viveu uma espécie de “pandemônio na pandemia”, com a prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor parlamentar de Flávio, o filho senador do presidente e a queda do então ministro da Educação, Abraham Weintraub.
Parte da bancada federal mineira, pelas redes sociais, mostrou-se aliviada com a saída do ministro, que disse ter pedido para sair, e pede que Queiroz, preso, conte o que sabe sobre eventuais delitos que podem implicar o presidente.
Ainda não se sabe ao certo a influência dos dois episódios sobre o governo do ex-capitão do Exército. A medir pelos depoimentos de parlamentares que exercem severa oposição à gestão bolsonarista, pode ser catastrófica.
Sobre o caso do Queiroz
Queiroz já era investigado há, pelo menos, um ano e meio por acumpliciar um esquema conhecido como “rachadinha” – método de desviar dinheiro público.
Ligado há décadas com a família do presidente, o agora prisioneiro, junto com Flávio, empregava no gabinete do filho do presidente, então deputado estadual no Rio de Janeiro, parentes que nem sequer cumpriam expediente – somente com um intuito: embolsar quantias em dinheiro.
A trama, segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro, assim funcionava: o servidor do gabinete do então deputado, no papel, recebia hipotéticos R$ 8 mil de salário. Contudo, na hora de receber o pagamento, depositava metade da soma em contas de Queiroz e o montante rumava depois para o bolso do filho do presidente, conforme apuração do MP.
A prisão de Queiroz ocorreu em Atibaia, interior de São Paulo, numa propriedade de Frederick Wassef, que é advogado e defende causas envolvendo a família Bolsonaro. Investigadores do caso disseram que Queiroz se escondia na caso do advogado havia um ano.
Ainda de acordo com a apuração do MP, negócios abarcando Queiroz implicam até a primeira-dama Michele, mulher do presidente Bolsonaro. Na conta dela aparece um depósito de R$ 24 mil, que o presidente diz ser parte de um empréstimo que havia feito ao amigo Queiroz. Ele não explica, contudo, por que o dinheiro não foi direto para a sua conta. Preso, Queiroz pode esclarecer essa e outras questões aos investigadores.
Políticos ouvidos pelo Notícias Gerais, em Brasília, creem que, se a apuração for “levada a sério”, o senador Flávio pode até perder o mandato.
Deputados comentam sobre os dois principais episódios do meio político desta quinta (18)
Pelo Twitter, a deputada federal Margarida Salomão (PT) escreveu: “só gostaria de lembrar que Queiroz tinha sete parentes empregados no gabinete de Flávio Bolsonaro”. Questionou ainda: “o que Queiroz estava fazendo na casa do advogado da família Bolsonaro…”.
Quanto a saída do ministro da Educação, a parlamentar e professora universitária foi direta com o ex-ministro: “Weintraub deixa o MEC como o pior ministro da Educação da história do Brasil. Infelizmente, escolheu como seu epitáfio, uma declaração racista e elitista revogando as políticas públicas para a inclusão. Vai tarde, Weintraub! A educação brasileira fica bem melhor sem você”.
Para o deputado petista Reginaldo Lopes, “os crimes de Queiroz nas rachadinhas se deram em benefício de Flávio, Jair e da família Bolsonaro. Não à toa, era o advogado do clã que dava guarda ao ex-assessor. As supostas relações de Queiroz com as milícias também precisam ser explicadas. A quem serve tudo isso…”.
Padre João, também petista, mandou um áspero tchau ao economista que saiu do Ministério da Educação e anunciou ida para o Banco Mundial: “adeus Weintraub! Foi tarde. Não havia nenhum projeto para a educação no país. Era um ativista da obscuridade, atraso e preconceito. Um ditador. Um ministro sem educação!”
O deputado Júlio Delgado (PSB) também fez seu questionamento: “agora, ficam várias perguntas, por que Queiroz está escondido com o advogado do presidente…”
Odair Cunha, outro deputado petista, seguiu a interpretação de Delgado: “advogado que escondeu Queiroz é conhecido como a sombra de Bolsonaro”.
Beira o ridículo apresentar apenas as opiniões de deputados de esquerda. Isenção deve ser palavra de ordem na imprensa