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‘O POVO ACHA QUE VOU TRABALHAR SÓ PARA LGBT? SOU POBRE TAMBÉM’, DIZ RUBY RIVERA

Foto: Arquivo pessoal

João Justino
Especial para o Notícias Gerais

Ruby Rivera tem 33 anos é influenciadora digital – conhecida por lançar clipes de música, postagens de humor e críticas nas redes sociais. Moradora do bairro Guarda-mor, em São João del-Rei, desde que foi adotada pela mãe de criação, aos 6 meses, Ruby vai enfrentar a segunda disputa eleitoral. A estrela da internet já foi candidata em 2012, pela coligação do PT que elegeu Helvécio Reis e, desde quinta-feira (16), é pré-candidata à vereadora pelo Podemos. 

No youtube, ela já alcançou 64 mil visualizações com o clipe “Marikona”. O álbum com as 10 músicas está disponível na plataforma de vídeos e possui mais de 2.800 visualizações. 

“O povo acha que vou trabalhar só para LGBT. Eu sou pobre também! Tenho meus perrengues. Quero mudar a saúde e outras questões também”. 

Depois de ‘comer o pão que o diabo amassou’, Ruby quer ser candidata para mudar a realidade que a enfrentou. No documentário “Lacre! Ninguém me segura”, gravado em 2019 pelo professor Adriano Medeiros, da  Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), conta que recebeu ameaça de morte. Em Congonhas (MG), tentaram até apedrejá-la.  

Ela diz que o desrespeito é encontrado em todas as áreas – principalmente para pobres e minorias. “É aquela música do grupo ‘As meninas’ que eu era super fã: o rico fica mais rico e o pobre fica mais pobre. Infelizmente”, comenta. Para o futuro, a influenciadora anseia por justiça. Não só no tratamento individual, mas em relação aos direitos à cidade, cultura, lazer e saúde. 

“Não tive boas experiências na UPA. Quando tive que dormir lá uma vez, para ficar com a minha mãe biológica, demorou demais. O leito que estava liberado para minha mãe entrar, demorou um dia. A sala estava toda suja… Fiquei com medo de colocar nas redes na época e alguém [que não é responsável pela área] ser mandado embora”, confessa. 

“A população que tá podre, cai sozinha”

Sobre a pandemia, Ruby questiona as autoridades com constância nas redes sociais. Em lives, cobra a construção de um hospital de campanha e mais leitos para atendimento. Nos posts quase diários, pondera sobre o funcionamento de lojas e bares. 

Na entrevista, a pré-candidata informa não ser contra a reabertura do comércio, desde que haja conscientização.  “O que não está acontecendo, mas esses governantes aqui tão deixando a desejar” informa.
Por criticar, recebe uma chuva de ataques. Alguns ela responde, outros deixa de lado. 

As eleições – previstas para acontecer entre os dias 26 de setembro e 29 novembro – terão foco especial nas redes sociais. Lugar que Ruby domina. Não há estratégia única para enfrentar o ódio, mas a pré-candidata informa que sua propaganda vai falar para geral. “Eles acham que ‘essa aí vai ter só voto dos gays, ativistas e feministas’. Como eu não poupo o presidente, os eleitores do Bolsonaro vem até minhas postagens com ataque pra cima de mim. (…) Já tive oportunidade de ganhar dinheiro com processos, mas eu deixei pra lá. Acredito na lei do retorno. A população que tá podre, cai sozinha.” 

Podemos ou não?

Apesar de se declarar de esquerda, a pré-candidata está no partido mais alinhado com a agenda bolsonarista. Segundo a revista Congresso em Foco, nas votações de 2019 o partido que apresentou o senador Álvaro Dias (Podemos) como candidato à presidência se alinhou em 92% das propostas governistas – mais do que o PSL, antigo partido do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). 

Em São João del-Rei, o vereador Igor Sandim (Podemos) – colega de chapa de Ruby – votou contra a inclusão do artigo que garantia combate a homofobia, na polêmica votação do Plano Municipal de Educação, em 2015. 

“Mandaram mensagem falando sobre o partido e tudo mais. Pessoas que acreditam em mim, mas não votariam pelo partido estar próximo a esse cara – o dito cujo. Mas não compactuo com coisa errada. Lógico que compactuo com a classe LGBT. Por tudo que eu passei, como mulher trans. Não nadei para morrer na praia agora”, defende. 

Ao Notícias Gerais, Ruby informou surpresa ao saber do alinhamento. “Quando fui me filiar falaram que era um partido neutro”, confessa. E garante sua autonomia e informa que tem opinião própria.

Foto: Paulo Filho / Arquivo pessoal

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