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ARTIGO: JORNALISTA E PADEIRA, COM MUITO ORGULHO!

Foto; Arquivo pessoal

Keka Werneck *

Uma mulher carrega em si uma força enorme. Algumas de nós apenas demora mais tempo para tomar consciência disso. Mas uma dia ou outro, por acaso ou necessidade, percebe que é do pulso femininimo que não só se forja a vida humana como também a transformação dela em humanidade.

Pois bem que essa pandemia da Covid-19 me trouxe uma necessidade, a de ganhar um troco a mais. Salário cortado, marido desempregado, pensei sobre o que sei fazer de melhor e arregacei as mangas: pão caseiro, tempero que aprendi com minha mãe, e pipocas caramelizadas.

Da noite para o dia, de jornalista, que já movimentava um brechó, me vi também padeira, como meu pai. O pão é um alimento caprichoso. Se não tiver as manhas, ele não cresce. Se não sovar, não fica fofinho. Tem a temperatura ideal do forno. Tem o amor que em tudo faz diferença.

Outro dia sovando a massa, comecei a chorar pensando em tantas mulheres que ganham a vida assim. Criam seus filhos na informalidade, na força do braço. São manicures, vendedoras de um tanto de coisas, trabalhadoras rurais, faxineiras. Não é fácil. O trabalho informal, braçal, de sol a sol, cansa o corpo e também a mente. Por exemplo, não basta fazer o pão. Precisa achar o comprador e fidelizá-lo.

O trabalho intelectual também cansa a mente, extenua, traz outras responsabilidades e também a preocupação, no meu caso como jornalista, de fidelizar o leitor. Isso na era das duas linhas preconizadas pela rede. A pessoa lê duas linhas e se sente plena entendedora daquele assunto.

Na verdade assim como somos corpo e mente, há um elo entre o trabalho braçal e intelectual. Ambos engrandecem e desgastam. Não há que se menosprezar ou valorizar mais um que outro. Enquanto produzo a reportagem ou sovo o pão minha mente pensa o mundo, as coisas sobre a vida, sobre o que fazer de melhor nesse momento que estamos todos entre a cruz e a espada.

E o melhor é saber que vidas valem mais. Que a esperança é algo importantíssimo agora e sempre. Que vamos superar a pandemia. E que sempre, sempre a mulher é uma grande guerreira no front.

*É jornalista e padeira.

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