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ANTIGA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE BARBACENA PASSA POR REFORMA

Estação de Barbacena. Foto: Najla Passos

Wanderson Nascimento
Notícias Gerais

Após quase 90 anos da inauguração do atual prédio da Estação Ferroviária de Barbacena, datada de novembro de 1931, o imóvel passa por uma ampla reforma, que se iniciou em 2020 e deve se estender por todo este ano. O Notícias Gerais entrevistou o arquiteto responsável pelo projeto da reforma, Sérgio Cardoso Ayres, que falou um pouco sobre o prédio e sobre a obra realizada nesse importante patrimônio histórico de Barbacena e da história ferroviária do Brasil.

À reportagem, Ayres explica que a estação nunca passou por um trabalho periódico de manutenção e conservação, bem como uma reforma ampla e geral. “Há muitos anos que a Estação Ferroviária não recebe uma reforma, apenas trabalhos pontuais de recuperação foram realizados. Esta é a primeira obra de reconstrução do que foi danificado pela ação do tempo. As instalações elétricas precisam ser totalmente refeitas, como também reparos da parte hidráulica”, comenta. “O setor que vai exigir mais trabalho são as fachadas frontal, laterais e posterior, com a recomposição dos ornamentos. Em termos de estrutura, pouca coisa precisa ser feita, mas teremos que fazer ajustes no telhado, no reboco, na pintura etc”, destaca.

Segundo o arquiteto, na intenção que seja preservada toda originalidade do prédio, fotografias auxiliaram na construção do projeto. “O traçado original do imóvel, tombado como patrimônio material da comunidade barbacenense, será integralmente mantido. O acervo fotográfico da estação é uma garantia de sua preservação. O Conselho do Patrimônio Histórico e a Associação Regional de Proteção Ambiental (Arpa), que possui em seus quadros arquitetos, estão acompanhando as obras de revitalização”, afirma.

Para se realizar essa grande reforma, foi estabelecida uma parceria entre a Prefeitura de Barbacena, Associação Regional de Proteção Ambiental (ARPA), Plataforma Rotunda, Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Artístico de Barbacena (COMPHA) e Plataforma da Dança, além de contar com o acompanhamento da 3ª Promotoria de Justiça da Comarca de Barbacena.

“Os trabalhos que foram realizados até o momento contaram com material financiado pela Arpa e mão-de-obra da Prefeitura. Lembrando que as melhorias tiveram início anos antes, com as intervenções nas plataformas realizadas pela Rotunda, coordenada por Cláudia Valle, e Plataforma da Dança”, elenca Sérgio. Ele pontua que ainda não dá para prever com exatidão o custo integral da obra, já que ela está em andamento e não existe previsão para o seu término.

A obra foi programada para ser realizada em várias etapas – cada uma delas abrangendo um período de tempo e um setor do imóvel, como as fachadas, o telhado, as plataformas, as instalações elétricas e hidráulicas, os cômodos internos e as janelas. Ayres revela que a pandemia atrapalhou um pouco os trabalhos, que foram iniciados no ano passado. “Devido a dimensão do imóvel e seus ornamentos de fachada, que vão requerer um trabalho especializado, acho difícil a revitalização terminar neste ano de 2021”, frisa.

Sérgio também é vice-presidente da Arpa e reforça a importância da obra para a preservação da história e memória ferroviária do município e do país. “A estação é um dos imóveis mais importantes do conjunto ferroviário da região da Zona da Mata; representa um marco na recuperação dos imóveis públicos no município de Barbacena, só comparável em importância à obra de reconstrução que foi realizada na Estação Ferroviária de Campolide, na cidade de Antônio Carlos, inaugurada em 2018”, analisa.

“A identidade e a memória ferroviária de nossa região precisam estar em processo de recuperação. Só para citar outro exemplo, depois da recomposição da Estação de Campolide e a manutenção das obras da Estação de Barbacena, dentro de duas semanas teremos o início das obras da Estação Ferroviária de Antônio Carlos, cujo processo de licitação já foi concluído. Além disso, a Maria Fumaça que fica em Antônio Carlos já foi recuperada”, completa.

RELEMBRE: Estação como espaço cultural

A Estação Ferroviária de Barbacena, além da importância histórica, tem grande relevância para a cultura do município. As artistas e produtoras culturais Cláudia Valle, Bárbara Kelmer e Lúcia Lewer desenvolvem um trabalho há cerca de cinco anos na estação, como foi destacado por reportagem especial do Notícias Gerais em setembro do ano passado.

Relembre:

Foto: Cia Elas por Elas

À frente da Companhia Elas por Elas, o trio mobilizou mundos e fundos, recursos públicos e privados, envolveu a população da cidade e conseguiu dar um uso social incrível para uma das mais belas edificações históricas de Minas Gerais, transformando-a na Plataforma Rotunda Espaço Cultural Cia Elas Por Elas. E com a plataforma em atividade, fizeram do trem que corta a estação um elemento poético a ser saudado pelo público.

O espaço da Plataforma Rotunda contempla uma sala com capacidade para 250 pessoas, que atende projetos de apresentações teatrais e shows, uma outra sala para funcionamento das aulas de teatro e canto coral e um espaço múltiplo, posicionado na antiga plataforma da estação, com capacidade para abrigar eventos teatrais, musicais, circenses, literários e exposições.

Nas outras dependências ficam o acervo do grupo, adquirido nos seus 18 anos de história, e a biblioteca Horácio Amorim, que abriga um projeto de leitura dramática e contação de história.

É um espaço incrível com um pedacinho de cada barbacenense que apoiou a empreitada. Após o primeiro ano de ocupação e com os recursos financeiros pra as obras iniciais já viabilizados, a companhia lançou a campanha “Embarque na Plataforma Rotunda”, envolvendo a população de Barbacena com a venda de adesivos e apresentações teatrais e musicais.

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