* Atualizada: 18/8 – 14h20: Foi incluído o posicionamento da Polícia Civil, enviado por meio da assessoria.
Kamila Amaral
Notícias Gerais
Foi por volta do horário do almoço, na última sexta (14), que a atleta de corrida de montanha e digital influencer, Sinara Piassi, de 31 anos, vivenciou uma situação que foi o centro das discussões em São João del-Rei durante o final de semana. “Um cara me seguiu durante a corrida. Ele parou a bicicleta dele e eu fui muito esperta, notei a movimentação, e saí correndo dele”, conta, em entrevista ao Notícias Gerais.
O caso aconteceu na Avenida Visconde do Rio Preto, no caminho para o Campus Tancredo Neves (Ctan) da Universidade Federal de São João del-Rei. O local é conhecido pela movimentação de ciclistas e corredores.
Sinara lembra que na sexta-feira (14), saiu de casa para correr por volta do meio-dia, uma hora mais tarde do que o usual. “Não tinha uma alma viva na pista do Ctan”, destaca. A atleta relata que não percebeu que estava correndo sozinha no local até o ciclista passar a acompanhá-la lado a lado.
“Eu ouvi um barulho de alguém conversando atrás de mim, em uma bicicleta… era um cara que estava do outro lado da pista e foi para a pista de corrida. Ficou do meu lado, andando de bicicleta do meu lado e eu correndo, continuei correndo (…) Nisso, ele passou um pouco na minha frente, estavam vindo dois caras de bicicleta e eu já fiquei mais calma, mas o cara esperou os caras saírem do meu campo de visão para parar a bicicleta. Eu nem pensei, só contornei ele e saí correndo”, narra.
A atleta explica que o homem gritou que só queria oferecer água a ela, mas que não acreditou nas boas intenções dele e se sentiu desconfortável com a situação desde o início.
Piassi se formou em Comunicação Social – Jornalismo pela UFSJ em 2014 e há cinco anos se tornou atleta profissional. “Isso nunca tinha acontecido comigo”, afirma.
Denúncia formal
Antes de registrar um boletim de ocorrência, a influenciadora digital quer ter informações mais concretas sobre o homem que a abordou. Na tarde desta segunda (17), Piassi esteve, de carro e acompanhada, no local da corrida, no mesmo horário do acontecido, para tentar encontrar novamente o ciclista.
Ela não chegou a ver o homem, mas pretende solicitar acesso às câmeras de segurança das proximidades do local.
“Eu esperei pra fazer o boletim de ocorrência porque a gente sabe como isso funciona. Eu quero ter algo concreto que possa ajudar nas investigações”, expõe.
Na tarde de terça (18), a assessoria de comunicação do 13º departamento da Polícia Civil de Barbacena informou ao Notícias Gerais que Piassi foi orientada a prestar um depoimento sobre o caso na Delegacia da Mulher, e que só após a denúncia formal poderá se manifestar sobre a situação.
Mobilização
Com quase 15 mil seguidores em uma rede social, Piassi viu o caso ganhar repercussão após compartilhar seu relato. “Eu pensei muito antes de contar o que aconteceu, mas pensei que eu tive sorte de ter sido comigo, que já tenho essa maldade e, por ser atleta profissional, consigo correr. Se fosse outra menina, teria sido pega”, explica.
Com a divulgação do caso, Sinara recebeu mais de 100 relatos de mulheres que passaram por situações parecidas em São João del-Rei e agora está engajada na criação de um projeto voltado para segurança da mulher na cidade.
Diversas autoridades entraram em contato com a atleta após a repercussão do caso nas redes sociais. Uma das pessoas com quem Piassi conversou foi a vereadora Lívia Guimarães (PT). “É alguém que eu conheço o trabalho e que eu pensei que poderia me ajudar”, aponta a atleta.
As duas mulheres vão se reunir, ainda essa semana, para discutir formas de pôr em prática as ideias para garantir maior segurança às mulheres da cidade durante a prática esportiva.
Elas por elas
A vereadora e pré-candidata a reeleição, Lívia Guimarães, afirma que recebeu o relato da Sinara com indignação e que o caso atinge a todas as mulheres de São João del-Rei.
“Por isso, eu tenho falado tanto da importância de ocuparmos os espaços políticos em nossa cidade. Temos de estar unidas e discutindo políticas públicas que nos considerem, que façam valer os nossos direitos e que permitam que possamos andar pelas ruas sem nos sentirmos inseguras”, defende a vereadora.