Maura de Nazareth *
Estamos num grande barco furado e sem ninguém com competência ou boa vontade para administrar o problema e salvar o barco do destino iminente; o fundo do mar.
É assim que me sinto. Vendo os números de casos confirmados de Covid-19 e mortos aumentarem a cada dia mais e nossos governantes flexibilizando o isolamento social, reabrindo o comércio, permitindo o chamado novo normal. Não. Não é hora de pensar no novo normal, é hora de viver o momento e esse momento é de dor, de luta, de cautela e de recolhimento para aqueles que podem estar em casa. Precisamos vencer esse vírus e não conviver com ele “numa boa”, pois isso, agora, significa a perda de milhares de vidas, que pode ser a sua, a do seu pai, mãe, filho ou qualquer ente querido.
Não, mil vezes não, se está pensando em dar uma saidinha, fazer uma comprinha no shopping, assistir uma missa. Não. Fique em casa. Compre pela internet, reze sozinho com Deus, Ele vai entender.
Pelos últimos acontecimentos quer me parecer que desistiram de lutar contra esse mostro invisível e resolveram salvar a economia e aguardar passivos os números alcançarem 70% de brasileiros infectados, sem se importar com quantos vão morrer por causa dessa escolha. Assim atingiríamos uma fantasiada imunidade chamada de rebanho.
O pior é que a vítima de tudo isso, o povo, está caindo direitinho no esquema e voltando a levar uma vida normal, só que de máscara, num falso sentimento de proteção absoluta. A máscara é mais que necessária. Ela protege quem usa e, principalmente, o outro. O seu uso é uma ato de amor ao próximo, mas não basta! Ela não protege 100%. Se houver muitas pessoas nas ruas, em shoppings, igrejas, lojas, parques, etc., o vírus vai ganhar muitos, vamos passar em muito desses 70% de infectados e, certamente, com falta de atendimento medico adequado, a taxa de mortalidade vai subir assustadoramente.
A economia é importante. Tem pessoas passando fome, milhares desempregadas, isso é fato. Mas a vida também é. Mais de mil pessoas estão morrendo todos os dias no nosso país. Morrendo sem conseguir respirar. Morrendo sozinhos e muitos sem ter onde ser enterrados.
A economia é importante. Tem pessoas passando fome, milhares desempregadas, isso é fato. Mas a vida também é. Mais de mil pessoas estão morrendo todos os dias no nosso país. Morrendo sem conseguir respirar. Morrendo sozinhos e muitos sem ter onde ser enterrados.
Precisamos segurar esse barco furado o mais que pudermos, até que tenhamos a possibilidade de estancar esse furo. Não está longe isso, sabemos, vacinas estão sendo criadas, métodos de tratamento estão sendo melhorados. É hora de segurar mais. Apertar a economia para que a vida seja poupada e não perder todo trabalho feito até agora…
Se eu posso ficar em casa, diminuindo os riscos de ser infectada e também diminuindo o número de pessoas circulantes nas ruas, protegendo aqueles que precisam estar nelas, para nos salvar em todos os sentidos, é o mínimo que posso fazer e, principalmente, continuar fazendo.
Não há outra coisa a fazer. Fiquemos em casa. Sejamos solidários o quanto pudermos para ajudar aqueles que estão em situação pior que a nossa. Mas não vamos admitir agora esse novo normal e fechar os olhos para aqueles que estão indo embora dessa forma tão dolorosa.
Tudo a seu tempo. Ainda estamos na batalha. Não vamos recuar. Não vamos nadar, nadar e morrer na praia. Já são oitenta e um dias de isolamento. Sejamos firmes, solidários e, isoladamente juntos poderemos vencer essa guerra.
Tudo a seu tempo. Ainda estamos na batalha. Não vamos recuar. Não vamos nadar, nadar e morrer na praia. Já são oitenta e um dias de isolamento. Sejamos firmes, solidários e, isoladamente juntos poderemos vencer essa guerra.
- É juizforana e mora em Brasília (DF).