Thaís Maciel *
A empresa Netflix foi fundada por Reed Hastings e Marc Randolph em 1997. Na época, seu objetivo era prestar serviços de locação de filmes, mas um ano mais tarde passou a oferecer entrega de DVDs pelos Correios através do site da companhia. Atualmente, a Netflix oferece filmes e séries por streaming e conta com cerca de 117 milhões de assinaturas ao redor do mundo.
O modelo atual de negócio teve início em 2007. Na plataforma, os assinantes pagam uma mensalidade e têm acesso a milhares de títulos 24 horas por dia. Os conteúdos podem ser acessados em TVs conectadas, smartphones, tablets e videogames. Isso parece banal nos dias de hoje, mas não podemos negar o fantástico pioneirismo deste feito para nossa liberdade de acesso a conteúdos.
As estratégias de inovação do mercado da empresa são bastante interessantes. Foram os primeiros a criar uma plataforma legal que facilitava o acesso aos filmes para seus clientes. Hastings deu origem ao serviço on-line de locação de DVDs baseado em assinaturas. O serviço começa a funcionar em abril de 1998 de uma forma peculiar: você acessava o site, encomendava filmes por lá e os DVDs eram entregues em sua casa. Quando acabava o prazo, o funcionário passa de novo na sua porta, pega os filmes e já podia aproveitar e deixar os próximos a serem locados e o pagamento era feito por unidade.
O modelo de assinatura mensal veio em 1999 e foi ele que deixou a Netflix famosa. Você paga uma taxa fixa, pega e vê quantos filmes quiser; não precisando se preocupar com qualquer outra taxa, tipo o atraso na locadora. Não tinha como nenhuma locadora concorrer com esse tratamento excepcional para com os clientes.
Como estímulo aos assinantes, era oferecida uma ferramenta de busca, que permitia aos usuários pesquisar por filmes e séries preferidos, além da possibilidade de se criar uma lista de desejos. O sistema foi se aperfeiçoando e foi surgindo a sugestão de títulos individuais personalizados de acordo com o gosto do cliente, onde constava a sinopse, coletânea de opiniões de outros assinante e o porquê da recomendação. Essa foi uma das ideias mais fantástica e únicas (na época) que forneceu a base para os algoritmos que são usados até hoje, apresentando grandes resultados para o sucesso da empresa.
Tais mudanças permitiram a Netflix alcançar rentabilidade pela primeira vez em junho de 2002. Em 2006, a empresa evoluiu a partir dos seus esforços de marketing e adquiriu direitos autorais para determinados filmes, com o objetivo de melhorar a sua reputação como a fonte de mais alta qualidade de filmes independentes.
A Netflix investiu U$10 milhões em 2006, e U$40 milhões adicionais em 2007, ao mesmo tempo que desenvolvia seu principal negócio de locação on-line. Entrou na década seguinte a toda velocidade. Em 2010, ela estreou no primeiro país fora dos Estados Unidos, indo para o Canadá. Hoje em dia, o serviço está disponível em nada menos que 190 países. Até hoje é difícil conseguir a aprovação do governo na China, enquanto as regiões de Coreia do Norte, Siria e Crimeia sofrem restrições do próprio governo norte-americano.
Hastings tentou acordos de licenciamento através do qual a empresa oferecia seu sistema de recomendação própria a provedores de TV a cabo, oferecendo streaming de vídeo on-line em sua oferta principal do site da Netflix; ou a construção de um negócio independente e de vídeo on-line. A primeira opção, Hastings, não sentiu à vontade em associar-se a um concorrente. Na segunda, se preocupa se realmente estaria oferecendo esse novo recurso sem uma receita adicional, pois parte do sucesso da Netflix consistia em manter fluxo de caixa positivos antes de crescer exageradamente. A terceira opção, para Hastings, foi a mais adequada: conclusivamente, ele achou necessário criar um centro de lucro separado e um serviço totalmente diferente por meio do qual os clientes pagariam exclusivamente pelo acesso a vídeos on-line.
Ele acreditava que existiria, no futuro, uma solução para a questão de conteúdo e conectividade que permitisse o mercado crescer rapidamente. Quando isso acontecesse, ele estava confiante de que a marca Netflix e a percepção dos clientes lhe daria uma vantagem sobre os concorrentes. Dito e feito.
Essa cascata de atuações bem sucedidas foram, sem dúvida, um marco histórico para o mercado do entretenimento, a concorrência começou a ser direta com a televisão, que ninguém antes ousou imaginar que pudesse perder algum espaço.
Grandes canais produtores de conteúdo, como HBO, passaram apertado para criar uma plataforma competente – tanto em relação ao desempenho, quanto a eficiente fuga da pirataria, já comprovada. As pessoas começam a achar justo pagar por aquele conteúdo, pela facilidade de acesso e um direcionamento eficiente para os diversos gostos.
Atualmente, HBO GO, Amazon Prime Video e Telecine Play são os principais concorrentes da Netflix, que nada mais são que cópias imperfeitas, porém, com muito mais dinheiro (por serem canais e empresas muito consolidadas).
Assim seguimos aguardando os próximos capítulos da guerra fria entre os grandes produtores de conteúdo.
* É estudante de Comunicação – Jornalismo da UFSJ e produziu este texto sob a orientação do professor Paulo Caetano, durante a disciplina remota de Produção Textual.