Najla Passos
Notícias Gerais
Organizar a campanha de imunização contra a covid-19 em Barbacena, a maior cidade da região, não é tarefa fácil. Como ocorre em todo o país, faltam doses de vacina, sobram ansiedades e temores da população.
Por que são priorizadas certas subcategorias de profissionais de saúde ao invés dos idosos e doentes? o que vai acontecer com os fura-filas que só pensam em si próprios e desrespeitam familiares, amigos e vizinhos? Quando todos nós estaremos vacinados?
Pra responder estas e outras perguntas, o Notícias Gerais fez uma entrevista exclusiva com a chefe de Vigilância em Saúde da prefeitura de Barbacena, Andressa Guedes Duque.
Confira:
– Barbacena iniciou nesta quinta uma etapa da campanha de vacinação voltada aos profissionais de saúde, com o objetivo de cumprir a meta de imunizar 73% do grupo. Quantos profissionais de saúde há na cidade, quantos já foram imunizados e qual a expectativa para esta etapa?
A população de profissionais de saúde do munícipio primeiramente foi calculada/baseada pelas doses aplicadas na última campanha contra a Influenza, realizada em 2020. Devido ao aumento de número de leitos hospitalares para tratamento de pacientes covid-19 e novas contratações de profissionais, o número ficou hipoestimado.
Realizamos o levantamento dos Estabelecimentos de Saúde de Barbacena, com Cadastro Nacional de Estabelecimento e Saúde (CNES) ativo, encontramos apenas 5.832 profissionais cadastrados. Devido à inconsistência no banco de dados por não cadastramento dos profissionais e estabelecimentos no CNES, trabalhamos hoje com um média de 7.000 profissionais.
Cabe ressaltar, que a vacinação se estenderá aos grupos prioritários, os trabalhadores de apoio, que são todos aqueles que trabalham no serviço de saúde, incluindo-se os trabalhadores que atuam nos cuidados domiciliares aos idosos, doulas e parteiras, funcionários do sistema funerário que tenham contato com cadáveres e acadêmicos em saúde e estudantes das áreas técnicas em saúde, em estágios em hospitais, unidades básicas de saúde (UBS) clínicas e Laboratórios. Esses ainda não foram contabilizados para o número final. Somente a Faculdade de Medicina, com as atividades de estágios acadêmicos que retornaram em Fevereiro, somaria aproximadamente mais de 700 alunos.
Foram imunizados até o momento, 4.215 profissionais da saúde, com percentual da média calculada de 60,21% dos trabalhadores da saúde.
– E quantos idosos já foram vacinados e a que percentual do total isso corresponde?
Barbacena possui, hoje, 60% de cobertura da Estratégia de Saúde da Família (ESF), possuindo 411 idosos acima de 90 cadastrados. As áreas sem cobertura são acompanhadas e realizamos o cadastramento dos idosos acima de 90 anos que não dependentes do SUS e/ou, que não possuem cadastro na ESF.
Até o momento, foram imunizados 451 idosos acima de 90 anos. Sendo 290 imunizados via drive-thru, nos dias 15 e 16 de fevereiro.
– A vacinação dos idosos acamados e sem condições de frequentarem o drive-thru continua ou já foi concluída? Quantos foram vacinados e quais eram as expectativas?
A vacinação dos idosos acamados, dentro do planejamento dos idosos cadastrados, está em fase de conclusão. Todos os idosos residentes nas zonas rurais do município foram imunizados em domicilio, independente se acamados ou domiciliados. Para finalização, é necessário que familiares realizem contato com a UBS de referência do seu bairro para processo de cadastramento e imunização, visto que possuímos áreas descobertas e população não SUS dependente.
– Tem muito fura-filas tentando garantir sua dose de vacina a qualquer custo? Quais as providências tomadas nestes casos?
Infelizmente, Barbacena, assim como o país todo, enfrentou e enfrenta a falta de ética de alguns profissionais e pessoas, que utilizaram de seus cargos para se beneficiarem no processo de vacinação contra a Covid-19.
Todo o processo de identificação de fura-filas é acompanhado por toda a Equipe da Sesap – secretário, diretores, coordenadores e equipe de auditoria – e encaminhado ao Ministério Público.
– Algumas cidades brasileiras estão cancelando a vacinação por falta de vacina. Barbacena corre este risco?
Barbacena ainda possui estoque da vacina, devido ao planejamento da vacinação dos demais profissionais de saúde, via drive-thru, e para finalização da vacinação dos profissionais dos Hospitais, que ainda não foram imunizados em sua totalidade, além dos profissionais da Secretaria Municipal de Saúde e Superintendência Regional de Saúde, seguindo orientação e diretrizes na Nota Informativa n 02-2021 SES-MG.
– Há no município vacinas suficientes para garantir a segunda dose de todos que receberam a primeira… ou será preciso aguardar nova remessa? Em outras palavras, há risco da segunda dose demorar e a imunização já realizada perder efeito?
As vacinas do Laboratório Butatan-Coronavac foram distribuídas inicialmente às primeiras doses, já com a reserva garantida para a aplicação da segunda dose, sendo o intervalo de recomendação entre as doses de 2 a 4 semanas. Quanto as vacinas do laboratório -FioCruz –Astrazeneca, o município recebeu apenas às primeiras doses do imunizante, sendo 1.410 doses, porém, o intervalo de recomendação para a realização da segunda dose são de 3 meses.
– Qual a perspectiva de data para termos a vacinação em massa efetivada?
Não me arriscaria, nesse momento, a mensurar um data prevista para esse acontecimento, devido à ausência de dados e informações de quando e quantas doses teremos disponíveis via Ministério da Saúde – Programa Nacional de Imunizações. Mas trabalhamos já com os Públicos Prioritários, e assim que recebidas as doses, serão disponibilizadas imediatamente à população dos Grupos Prioritários para essa vacinação.
– Barbacena tem os insumos e profissionais necessários?
Sim, Barbacena conta hoje com 19 Unidades Básicas, contendo equipes com profissionais técnicos e enfermeiros, aptos, treinados e capacitados para a realização da vacinação. Além das Equipes das UBS foram realizadas novas contratações de vacinadores, enfermeiros e profissionais administrativos. Toda a equipe trabalha bem engajada, contamos com a participação dos Agentes Comunitários de Saúde, de Endemias, além de todos os profissionais de Saúde, que atuam na Secretaria Municipal, apoiando e participando desse momento.
– Quais são hoje os principais desafios da vacinação no município?
Acredito que a ausência de número de doses suficientes para atender toda a população dos Grupos Prioritários seja o maior desafio. Priorizar os “grupos prioritários”, seguindo às recomendações do Ministério da Saúde, e aos mesmo tempo, sensibilizar-se com a ansiedade, dúvidas e inseguranças de toda a população, que aguarda angustiada para serem imunizados, sem dúvida tem sido um desafio, pois não possuímos vacinas em número satisfatório para atendermos a todos. Respeitar os grupos prioritários e aguardar a vez de cada um é necessário nesse momento.
Priorizar os “grupos prioritários”, seguindo às recomendações do Ministério da Saúde, e aos mesmo tempo, sensibilizar-se com a ansiedade, dúvidas e inseguranças de toda a população, que aguarda angustiada para serem imunizados, sem dúvida tem sido um desafio, pois não possuímos vacinas em número satisfatório para atendermos a todos.
– A campanha seguirá por idade ou após a vacinação dos idosos privilegiará grupos de risco? Qual a ordem prevista?
A recomendação da Secretaria Estadual de Saúde e Ministério da Saúde é para o seguimento da vacinação, em conformidade com as doses disponíveis, dos idosos acima de 89 anos de idade, decrescendo dentro da faixa de idade.
– Alguma ocorrência de pessoa vacinada que tenha desenvolvido a doença?
As vacinas utilizadas são vacinas de vírus inativado e de RNA (os adenovírus que compõem a vacina não podem se replicar na pessoa vacinada – vírus não replicante, não havendo estudos quanto ao risco do desenvolvimento da doença. Mas todo, e qualquer Evento Adverso, seja ele leve, moderado, grave ou até a ocorrência de óbito, são notificados, acompanhados e investigados para identificação de qualquer falha nos processos.
– Como a população em geral pode contribuir para a redução do contágio enquanto a vacinação em massa não chega?
O papel de todos, mesmo os já imunizados, é manter às recomendações para a prevenção quanto ao contágio e contaminação do vírus da covid-19. A utilização de máscara, higienização constante das mãos, distanciamento social, não promovendo ou participando de aglomerações, são fundamentais.
– Mais alguma coisa a acrescentar?
Sim, eu queria agradecer o apoio das entidades que têm cooperado na logística da segurança, proporcionada via Ciretran, Guarda Civil, Polícia Militar e Polícia civil, que têm acompanhado a gente em todo o processo de vacinação, para garantir a ordem e a segurança dos profissionais e dos pacientes.
O papel de todos, mesmo os já imunizados, é manter às recomendações para a prevenção quanto ao contágio e contaminação do vírus da covid-19. A utilização de máscara, higienização constante das mãos, distanciamento social, não promovendo ou participando de aglomerações, são fundamentais.
Ótima entrevista! Bem esclarecedora!
Parabéns!!!