Wanderson Nascimento
Notícias Gerais*
O documentário Relatos afetivos, fragmentos da memória: a imigração italiana em São João del-Rei, produzido pela fotógrafa e professora da UFSJ, Kátia Hallak Lombardi, estreou no último domingo (11/4) sua versão com legendas em italiano. O trabalho faz parte do projeto de pós-doutorado da docente junto ao Programa de Pós-Graduação em Letras: Estudos Literários (UFMG) e à Cátedra António Lobo Antunes da Università Degli Studi Di Milano (UNIMI), intitulado “Pós-memória, fotografia e relato oral: a imigração italiana em São João del-Rei (1888-1950).
No vídeo, a autora convida alguns descendentes de famílias de imigrantes italianos residentes em São João del-Rei para relatarem suas vivências e histórias do tempo da imigração transmitidas pelos seus antepassados. Para além da pesquisa voltada para os arquivos oficiais e análise de dados, o interesse aqui é o de dar voz aos membros das famílias de imigrantes, ressaltando a importância das histórias singulares e das pequenas narrativas, tendo a fotografia como propulsora da memória.
O documentário foi exibido pela primeira vez como parte da programação do Dia do Imigrante Italiano no Brasil, celebrado no dia 21 de fevereiro e agora ganha sua versão com legendas em italiano, disponível para o público. “Colocar legendas em italiano é importante para que na Itália eles também possam ter acesso ao conteúdo. Tem muitas famílias que ainda mantêm relação com os parentes que moram na Itália; outros já perderam o contato, mas têm interesse pelas histórias, se sensibilizam”, declara a professora e fotógrafa.
Kátia, que é descendente de italianos, explica que o principal objetivo do projeto é evitar o apagamento da memória a partir de relatos pessoais e afetivos. A professora também destaca que a definição do tema tem uma relação muito pessoal. “A escolha tem a ver também com minha descendência, inclusive, o último personagem que aparece no documentário é meu pai”, declara.
Em seu projeto de pós-doutorado, a fotógrafa também aponta a sua afinidade com o tema. “A escolha por essa cidade como objeto de estudo se deve ao fato de ela abrigar a Universidade Federal de São João del-Rei, onde atuo como docente desde 2009. Ao pensar em um projeto de pós-doutoramento, procurei aproximar campos de pesquisa nos quais atuo há vários anos, a uma temática relacionada à cidade e seus habitantes, como forma de estímulo à preservação da sua história. Assim, a pesquisa é uma oportunidade de estabelecer um diálogo mais próximo entre a universidade e a comunidade”, revela.
Ela explica que São João del-Rei acolheu seu avô paterno quando, aos 17 anos, deixou a pequena Buonabitacolo, na Itália, separando-se dos pais, irmãos e familiares, e embarcou em um navio rumo ao Brasil. “Sendo assim, questões sobre a cidade e sua relação com os imigrantes já permeiam minha identidade e minhas reflexões desde a juventude”, pontua.
Imigração italiana em SJDR
No Brasil, como forma de suprir a demanda de mão-de-obra nova – gerada após a abolição da escravidão em 1888 – foi alavancado um programa de estímulo à imigração, principalmente de europeus, que corroboravam os interesses das políticas migratórias vigentes no país. Um dos fluxos migratórios mais intensos foi o de italianos. Minas Gerais, embora não tenha sido o principal destino desse grupo, recebeu um número significativo de italianos no final do período imperial.
Na cidade mineira São João del-Rei, a partir de 1888, começaram a chegar as primeiras famílias de imigrantes italianos. A Várzea do Marçal, ex-fazenda de José Theodoro, foi o local destinado a abrigar o Núcleo Colonial de São João del-Rei. O período de imigração se prolongou por várias décadas e, aos poucos, as famílias foram se adaptando à vida social, cultural e econômica da cidade.
Confira, abaixo, o documentário na íntegra:
*Com informações da ASCOM / UFSJ
