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Imagine se toda a população de São João del-Rei – com seus 89,8 mil habitantes, segundo dados do último censo do IBGE, de 2010 – morresse no curto espaço de tempo de quatro meses? Seria uma tragédia, certo? Pois foi exatamente o que aconteceu no Brasil desde que a pandemia da Covid-19 fez suas primeiras vítimas no país.
Segundo os dados do Ministério da Saúde atualizados na noite desta terça (28), 88,5 mil brasileiros já morreram vítimas do novo coronavírus. No ranking dos estados com maior número de óbitos, Minas Gerais aparece em sexto lugar, com 2.551 óbitos, ou seja, 37% da população de Tiradentes, com seus 6.961 habitantes, conforme o mesmo IBGE.
Uma tragédia sanitária e social sem precedentes na nossa história. Mesmo assim, ainda resistem aquelas vozes incrédulas que insistem em acreditar que tudo isso não passa de uma “gripezinha”, de um “resfriadinho”. E que é só ter fé na cloroquina, na ivemectina ou qualquer outro remédio não testado que tudo ficará bem.
São os chamados negacionistas, aqueles que negam as evidências claras da ciência para viver no mundo de fantasias que acomoda suas preferências políticas e ideológicas. Uma turma que não fica nem vermelha ao afirmar que a terra é plana, que o aquecimento global é uma invenção comunista e que a escravidão nunca ocorreu no Brasil.
Com estes, é cada vez mais difícil conversar. Não há muito o que fazer, a não ser lutar para que as instituições democráticas funcionem de forma a impedir que eles, com a característica falta de empatia que lhes é comum, coloquem em risco também as vidas dos demais, circulando por aí sem máscaras, promovendo aglomerações, expondo ao perigo seus familiares, amigos e empregados.
É claro que precisamos seguir com nossas vidas. Precisamos trabalhar e gerar renda, especialmente em um país que não garante um auxílio-financeiro suficiente para quem precisa em tempos de crise. Mas precisamos fazê-lo com todo o cuidado, segurança, sabedoria e respeito à ciência.
Só assim não assistiremos a mais uma São João del-Rei inteira de mortes!
