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O prefeito de São João del-Rei, Nivaldo de Andrade (PSL), conseguiu seus 15 minutos de (má) fama, na semana passada, ao anunciar, com mais estardalhaço do que qualquer outro, a reabertura do comércio, dos bares, dos restaurantes, das igrejas, dos templos do município, dos motéis e até das casas de prostituição.
Sua orientação, reverberada por todo o país, foi absurdamente clara: abrir “tudo o que tem CNPJ”. “Eu quero que abra tudo, eu quero que abra do comércio à Casa da Luz Azul”, afirmou ele, nas redes sociais, fazendo referência (errada) a um famoso prostíbulo da cidade, conhecido por uma outra cor.
Alguns poderiam dizer que ele aderiu à controversa tática adotada por presidentes como Donald Trump (Estados Unidos) e Jair Bolsonaro (Brasil), que dirigem – ou deveriam dirigir – os dois países campeões em mortes por Covid-19 do mundo. Os Estados Unidos contabilizam 161 mil vidas perdidas. O Brasil, 100 mil.
Cálculos políticos de governantes populistas nem sempre priorizam vidas. Tanto Trump quanto Bolsonaro sabem que, ainda que este verdadeiro genocídio desagrade a muitos, os mortos não votarão nas próximas eleições.
E sabem também que, por incrível que pareça, há uma certa parcela do eleitorado que acredita, sabe-se Deus lá porque, que a economia precisa de vidas oferecidas em sacrifício para decolar, ao invés de aporte governamental sério.
Sem paciência, dinheiro e emprego
Depois de tantos meses de quarentena, desemprego e falta de políticas públicas para enfrentar a crise, muitos estão cansados. Alguns, desesperados. Em São João del-Rei não é diferente.
É compreensível que, com tanto incentivo por parte de agentes públicos, muitos preferam contrariar as evidências, ignorar os alertas de segurança e reabrir suas lojas, bares e templos. Ganhar as ruas. Esquecer as preocupações tomando uma gelada nos bares.
O tamanho do estrago da decisão da reabertura só poderá ser quantificado daqui há alguns dias. Mas os sinais de alerta já começam a chegar. E precisam ser reverberados.
Neste domingo, enquanto muitos pais e filhos celebram o Dia dos Pais com presentes comprados em lojas movimentadas, almoços na rua ou churrascos com grande número de pessoas, mais duas vidas se vão para sempre na cidade.
De acordo com o boletim epidemiológico deste dia 9 de agosto, uma mulher de 87 anos, moradora do centro da cidade, e um homem de 62 anos, morador do bairro Senhor dos Montes, perderam suas vidas para a Covid-19.
Com essas duas mortes, São João del-Rei soma um total 13 e o triste recorde de município com o maior número de óbitos decorrentes do novo coronavírus dentre os 51 da Macrorregião Centro Sul de Saúde.
Então, se puder, fique em casa, cuide dos seus familiares e amigos. Informe a todos que puder que vidas importam mais do que qualquer outra coisa! Vidas são insubstituíveis!