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SERVIDORES DA UFSJ DECIDEM, EM ASSEMBLEIA, NÃO APOIAR O RETORNO DAS AULAS DE FORMA REMOTA

Imagem: divulgação

André Frigo e Najla Passos
Notícias Gerais

Os servidores técnicos-administrativos da UFSJ decidiram por ampla maioria, em assembleia virtual realizada na tarde da quarta (1), não apoiar o retorno das aulas na modalidade remota neste momento. A Assembleia contou com a participação de 75 sindicalizados.

Em nota publicada nesta quinta (2), o Sindicato dos Servidores da UFSJ (Sinds- UFSJ) aponta os motivos que orientaram a decisão e ressalta que continua aberto ao diálogo, visando ao bem comum, mas atuando também na proteção necessária dos técnicos-administrativos da instituição.

Segundo o coordenador-geral do Sinds-UFSJ, Denilson Ronan Carvalho, os servidores não pararam seus trabalhos desde a suspensão das aulas, em 18 de março. Todos eles estão desempenhando suas funções de forma remota, desde o início da pandemia, a partir do uso de equipamentos próprios e infraestrutura das suas residências.

Entretanto, o sindicalista alerta que aqueles que precisam se deslocar até à instituição, não o fazem nas condições ideais de segurança. “Até hoje não há protocolo de segurança, não foi distribuído e nem há sinalização de distribuição de equipamento de proteção individual, por exemplo”, denuncia.

A preocupação, conforme Denilson, é que o retorno das aulas obriguem os técnicos a terem que frequentar os campi da UFSJ com maior frequência, para acessarem documentos e equipamentos necessários ao cumprimento da tarefa.

“Se for adotar a aula remota, a gente acredita que o fluxo de técnicos que terá que ir ao campus irá aumentar para garantir as aulas. Para fazer isso, a gente precisa estar debatendo com a universidade”, denuncia Carvalho.

Insegurança e desconforto

Conforme o coordenador do Sinds-UFSJ, outra razão que motivou a decisão foi a falta de voz ativa dos técnicos nos espaços decisórios da instituição. Ele afirma que, embora os técnicos participem de comitês e conselhos da universidade, eles estão alijados justamente dos espaços em que as decisões sobre o tema estão realmente sendo tomadas.

“A Pró-Reitoria de Ensino (Proen) e a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (Prope) estão debatendo o retorno as aulas com os docentes, mas não debateram com os técnicos. E somos nós que colocamos as aulas no ar. Nós que damos esse suporte, não fomos chamados para a mesa de negociação”, afirma.

Na nota, o Sinds-UFSJ ressalta ainda, dentre os motivos para não apoiar o retorno das aulas, a insegurança que tal medida irá gerar para os servidores que convivem com pessoas do grupo de risco no âmbito familiar e a ausência de definições claras das atribuições de cada um no ambiente remoto.

“Salientamos que os técnicos-administrativos não pararam de trabalhar e estão desempenhando suas atribuições de forma remota desde o início da pandemia, e os que necessitam ir até o seu setor circulam no âmbito da Universidade sem receber qualquer EPI ou material de higiene por parte da instituição. Essa posição, tirada em assembleia, poderá mudar, desde que os pontos acima elencados sejam melhor discutidos e resolvidos pela instituição”, ressalta o documento.

O que diz a UFSJ

Em nota encaminhada ao Notícias Gerais, a UFSJ disse que todos os técnicos e terceirizados foram convidados pela Pró-Reitoria de Ensino de Graduação (Proen) para responder à pesquisa de monitoramento feita pela instituição, que serve de base à Comissão que está debatendo as diretrizes para a retomada das atividades acadêmicas.

A UFSJ ressalta que 72% dos técnicos que responderam ao mapeamento concordam total ou parcialmente com a retomada das atividades acadêmicas de forma remota durante a pandemia. E que 61 deles estão se deslocando esporadicamente aos seus locais de trabalho durante a quarentena.

“Na Comissão que debate as diretrizes, são seis técnicos, o que corresponde a 26% do total, de acordo com o que define a LDB. Antes de todo esse processo, a Proen convidou o Sinds-UFSJ para participar da elaboração do mapeamento, mas o Sindicato não aceitou. Com relação à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, o que houve foi um levantamento das condições gerais dos programas de pós-graduação, por meio de um questionário”, diz o documento.

A UFSJ também refuta a crítica sobre a falta de interlocução com a categoria. “Vale destacar também que os técnico-administrativos Denílson Ronan de Carvalho e Ana Flávia de Abreu fazem parte do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 UFSJ, no qual vêm sendo discutidas as medidas de biossegurança adotadas para a proteção dos servidores que ainda precisam estar esporadicamente em seus locais de trabalho”, diz o documento.

A nota afirma que, entre essas medidas, está o fornecimento de equipamentos de proteção individual, como máscaras e álcool em gel (produzido pela própria Universidade, por meio dos projetos voltados para o combate ao novo coronavírus). “O Comitê coordena ainda o levantamento da demanda de EPI’s, para que nenhum servidor seja exposto a riscos. Quanto aos terceirizados dos setores de vigilância e limpeza, as medidas de segurança estão garantidas pelas empresas contratantes”, acrescenta.

Os resultados da pesquisa

Fonte: UFSJ / Design: Lucas Maranhão

A pesquisa realizada pela UFSJ aponta que 25% dos técnicos administrativos da instituição concordam totalmente com a retomada das atividades acadêmicas de forma remota, 47% concordam parcialmente, 14% discordam parcialmente e 14% discordam totalmente. O levantamento foi feito entre 2 e 14 de junho e teve a participação de 429 funcionários. Desses, 71% são do quadro efetivo e 29%, terceirizados.

Segundo dados do mapeamento, 4% dos técnicos consideram o próprio acesso à internet ruim ou péssimo. Os que consideram o acesso aceitável são 48%. E outros 48% consideram seu acesso ótimo, 48%.

Entre os equipamentos utilizados pelos servidores da UFSJ, o celular é usado frequentemente por 97% deles, enquanto 2% tem pouco ou nenhum acesso. O computador vem em seguida, sendo utilizado com muita frequência para 81%, enquanto 15% compartilha o uso com mais pessoas e 4% tem pouco ou nenhum acesso a esse tipo de aparelho.

Entraves e necessidade de capacitação

Fonte: UFSJ / Design: Lucas Maranhão

Em relação às dificuldades que os técnicos teriam para desenvolver os trabalhos na hipótese da volta as aulas de maneira remota, 6% dos colaboradores não têm acesso a sistemas, 11% relatam falta de acesso a documentos e 19% afirmam que necessitariam de equipamentos para essas atividades. Os técnicos que declararam não ter dificuldades para trabalhar remotamente somaram 270, ou 63% do total da pesquisa.

A pesquisa informa que 83% dos técnicos acreditam que não seja preciso capacitação para a retomada remota, enquanto 15% declaram que necessitarão de se capacitar. Entre as atividades via internet que os pesquisados indicam que teriam condições de realizar, a leitura aparece com índice de 93%, o envio de arquivos, com 92% e participar de reunião remotas seria possível para 84%.

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