Ana Isa Fonseca de Moura *
Seria chocante para qualquer um imaginar, alguns anos atrás, que “de um dia para o outro” um novo vírus apareceria para dizimar de forma extremamente acelerada a população e que teríamos que viver em quarentena.
É banal pensar nessa pandemia como um divisor de águas, como um presságio para grandes tragédias e um futuro devastado. Para mim, pensar no futuro é claustrofóbico, partindo da ideia de que há coisas tão assustadoras ou ameaçadoras quanto este vírus.
Hoje, ao ligar a tv, vemos protestos e manifestações em prol de um regime anti-democrático, pessoas protestando… para que não possam mais protestar? As mudanças já começaram quando o preconceito, a violência e a repressão tomaram lugar de admiração.
Hoje, ao ligar a tv, vemos protestos e manifestações em prol de um regime anti-democrático, pessoas protestando… para que não possam mais protestar?
Ao mesmo tempo me impressiona ver o anseio das pessoas em voltar para sua normalidade. Mas que anormalidade é essa em que estão vivendo? No meu ponto de vista, poucas coisas mudaram, as ruas continuam cheias, as confraternizações continuam acontecendo, as visitas continuam marcando presença. Em um cenário assustador, o futuro que eu imagino nunca vai se ver completamente livre dessa pandemia, principalmente enquanto a ignorância for líder neste país.
Quais mudanças as pessoas temem? Ter que usar máscaras e trabalhar em home office? Assustador é pensar naqueles que não terão sequer essa opção. Assustador é pensar no crescimento da pobreza e na discrepância da desigualdade que só tendem a se acentuar depois de tudo isso.
Devemos aprender a conviver com a hipótese de esta doença se tornar endêmica, de termos que aprender a conviver com ela. Conviver com a possibilidade de que nunca mais vejamos um mundo como era antes e, sobretudo, com a realidade de que existe uma infinidade de outras mudanças significativas acontecendo bem debaixo dos nossos narizes.
Quais mudanças as pessoas temem? Ter que usar máscaras e trabalhar em home office? Assustador é pensar naqueles que não terão sequer essa opção.
* É estudante de Comunicação – Jornalismo da UFSJ e produziu este texto sob a orientação do professor Paulo Caetano, numa ação do projeto Observatório da Saúde Coletiva – UFSJ.
