Ana Laura Queiroz
Notícias Gerais
Um dos assuntos mais comentados das redes sociais na última semana foi o julgamento do caso de estupro da influencer Mariana Ferrer. A hashtag #justiçapormariferrer alcançou os trending topics do Twitter e a revolta tomou as plataformas digitais, com mensagens de apoio à jovem e contra o machismo no judiciário brasileiro. A vítima de violência sexual foi submetida a uma abordagem humilhante por parte da promotoria e advogados de defesa do empresário André de Camargo Aranha, o caso foi exposto pelo site The Intercept.
“O caso Mari Ferrer vem para desmascarar o machismo e o sexismo que acompanha a sociedade brasileira. Mulheres são estupradas todos os dias e são poucos os casos que realmente chegam ao tribunal.” comenta a estudante de 22 anos, Giulia Mourão. A reportagem procurou mulheres de diferentes idades, residentes em São João del Rei, para escutar seus pontos de vista fora das redes sociais.
A vereadora Lìvia Guimarães, de 32 anos e única mulher eleita na Câmara dos Vereadores da cidade aponta a necessidade da criação de leis mais rígidas, que só serão viabilizadas se mais mulheres ocuparem os espaços da política. “O caso dela (Mari Ferrer) não é um caso isolado e temos de lutar todos os dias contra essa cultura da violência contra as mulheres. Quantos casos de estupro e violência não são notificados todos os dias por receio da exposição e impunidade?”
Para a pedagoga aposentada e integrante do Fórum de Mulheres das Vertentes, Beatriz Guimarães, a atitude do judiciário brasileiro é repugnante. “A justiça brasileira com este julgamento perverso demonstra claramente o tanto que é misógina e machista.”, completa.
Em situações como esta da jovem influencer, a violência é sofrida duas vezes: no ato do estupro e na humilhação do julgamento. Para Lais Barbosa, 22, integrante do Coletivo Severinas, a culpabilização da vítima por parte da justiça brasileira impede que outras mulheres denunciem seus abusadores e busquem por justiça. “A mulher continua correndo o risco de sofrer violência psicológica, constrangimento público e silenciamento na busca por justiça em um sistema que deveria, primeiramente, defender os seus direitos.”
Após a intensa mobilização pelas redes sociais, foram marcadas por todo o país manifestações de apoio à jovem. “Não vão nos calar! É importante repetir sempre: ‘estupro culposo’ não existe! O ato é intencional. Exigimos que essa sentença seja anulada!”, completa Beatriz.