Juan Szczypior e Wanderson Nascimento
Notícias Gerais
Quem é o responsável pelas mais de 200 mortes por Covid-19 registradas em São João del-Rei? E pelas quase 550 mil já confirmadas no país? As perguntas ecoaram no ato realizado pela Frente “Fora Bolsonaro”, nesta sexta (23), em São João del-Rei, em frente à Igreja Nossa Senhora das Mercês, para homenagear as vítimas da pandemia na cidade e no país.
O ato, que contou com celebração ecumênica e a participação daqueles que perderam parentes e amigos para o vírus, também serviu de esquenta para a manifestação Fora Bolsonaro marcada para ocorrer neste sábado, a partir das 10 horas, na Praça da antiga Estação Chagas Dória, no bairro Matozinhos, em São João del-Rei, além de outras centenas de municípios do país, incluindo os vizinhos Tiradentes e Barbacena.
Participante da organização, Sabrina Barbosa afirmou que a Frente Fora Bolsonaro decidiu fazer um ato em homenagem às vítimas da covid-19 na cidade e no Brasil, com presença de representantes de diversas religiões, para trazer uma fala de conforto e esperança.
“Nosso ato tem o nome de ‘Do luto à luta’, que é justamente a intenção de recordar e celebrar a vida dessas pessoas que passaram por nós, e nos motivam a lutar e continuar a reivindicar por uma sociedade mais justa, fraterna e pacífica”, declarou.
Diretora do Seção Sindical dos Docentes da UFSJ (Adufsj – Seção Sidnical), Márcia Hirata, esclareceu que a Frente “Fora Bolsonaro” é formada por vários sindicatos, movimentos e entidades, que tem caráter nacional, com representação em centenas de municípios do Brasil e do exterior.
Segundo ela, todo mês deverá ser realizado um ato nacional, e, em São João del-Rei, a Frente decidiu fazer o ato religioso desta sexta-feira para marcar o ato de sábado, que é uma data nacional, com manifestações por todo o país.
Ato simbólico e político
O coordenador-geral do Sindicato dos Servidores da UFSJ (Sinds-UFSJ), Denilson Ronan de Carvalho, afirmou que a manifestação desta sexta se tratou de um ato simbólico, rememorando os mortos de São João del-Rei, um número expressivo, e também os mortos no país, um número alarmante. “Tem um significado político também, obviamente, que é fazermos uma pergunta sobre quem é o responsável, já meio que indicando que se trata de um genocídio”, declarou.
Ele também ressaltou que o objetivo do ato, além de fazer uma homenagem a todas as pessoas que perderam um ente querido, foi também chamar a atenção de que foi algo voluntário, planejado, pensado pelo governo federal, que vai ter que responder por isso. Foi um ato inter-religioso, com presença de vários líderes religiosos, constituindo uma preparação para o ato deste sábado (24).
Quem vive e quem morre
A representante do Coletivo Afronte, Denem e Fórum Popular de Saúde de São João del-Rei, Nathalia Julie Soares Resende, destacou que a ideia foi trazer um ato simbólico, representando toda a movimentação que está sendo feitas há alguns meses. Já foram três atos de manifestação de rua, um movimento que vem sendo feito por duas frentes nacionais, compondo a Frente Fora Bolsonaro.
“Entendemos que o projeto político que Bolsonaro trouxe já faria mal e já seria um projeto de morte para jovens nas periferias, jovens negros com o genocídio que já é feito há tanto tempo, sucateamento de políticas públicas, das universidades federais e do Sistema Único de Saúde”, explicou.
Ela também destacou que, com a covid-19, esse projeto não só aconteceu, como foi ampliado por uma ação de morte direta, principalmente porque, antes mesmo de a pandemia chegar ao Brasil, grandes instituições como Fiocruz e Instituto Butantã já vinham fazendo estudos sobre qual deveria ser a ação do estado em relação à pandemia.
“Em meados de março do ano passado já havia um boletim da Fiocruz mostrando as desigualdades regionais como fator fundamental de alcance da pandemia e número de mortes. Então, a gente adoece e morre de acordo com o lugar onde a gente está colocado socialmente”, pontuou.
Auxílio emergencial e lockdown
Nathalia ainda acrescentou que, de forma geral, trata-se de uma estratégia de morte mesmo, o que motiva os gritos de “Bolsonaro genocida” nas manifestações. Ela explicou que se trata de uma política neoliberal, que governa para os ricos, e apontou, ainda, que o movimento reivindica o mínimo de dignidade humana pela situação atual do país. Sendo assim, o movimento pede a manutenção do auxílio emergencial e um lockdown geral de pelo menos 21 dias.
“A gente não teve coordenação de saúde nenhuma, o Ministério da Saúde hora nenhuma coordenou as ações de saúde; não houve nenhum direcionamento nacional. Nós temos um país com capacidade de enfrentar; nosso plano nacional de imunização é o melhor do mundo e a CPI está aí para mostrar e comprovar toda essa falta de coordenação de políticas nacionais”, concluiu.
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