Redação
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Panelas soaram nos bairros Caieira, Fábricas e no centro de São João del-Rei, como em centenas de outras cidades do país, nesta sexta (24), às 17h, no momento em que o presidente Jair Bolsonaro fazia um pronunciamento para tentar rebater as acusações feitas a ele, mais cedo, pelo ex-juiz Sérgio Moro, que pediu demissão hoje do cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública.
Em um pronunciamento típico do “homem comum” que representa, Bolsonaro se enrolou mais do que se explicou e disse que não aceitaria ser taxado de mentiroso por Moro. “Desculpe, senhor ministro, mas o senhor não vai me chamar de mentiroso”, afirmou, após metralhar o ex-aliado com todo tipo de acusações.
A mais grave delas é a de que Moro teria condicionado a troca da direção da Polícia Federal (PF), requerida pelo presidente, à concretização da sua nomeação para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), em novembro próximo. Uma acusação que, se verdadeira, atira o ex-ministro no lixo do “toma lá, dá cá”, uma das práticas mais sujas da velha política brasileira.
O presidente negou que tenha tentado interferir em investigações em curso da Polícia Federal. Mas, no decorrer da sua defesa, acabou admitindo ter feito isso em pelo menos uma ocasião: quando foi acusado de participar como mandante do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), em março de 2018.
Cheio de mágoas, encarnado o papel de vítima, o presidente justificou sua obsessão em trocar o comando da PF com motivações variadas. Entre elas, a de o órgão teria dado mais atenção ao caso Marielle Franco do que à investigação sobre o caso Adélio Bispo, autor do atentado que sofreu durante a corrida presidencial do mesmo 2018.
Não às medidas de proteção
Em meio à maior crise política de um governo que acaba de perder um dos maiores astros, Bolsonaro fez sua defesa cercado pelos ministros que ainda continuam no seu governo. Todos eles sem máscaras, sem luvas e sem manter o distanciamento social necessário à proteção contra a Covid-19.
A exceção era o ministro da Economia, Paulo Guedes, de máscara e sem sapatos. Ele é a única das ditas “superestrelas” do primeiro escalão de Bolsonaro que segue no barco, ainda que ele esteja visivelmente afundando.
Além de Moro, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, também deixou o governo no último dia 16, após ser demitido pelo chefe.