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ABAIXO-ASSINADO REÚNE MAIS DE 2 MIL ASSINATURAS CONTRA REABERTURA DE BARES E RESTAURANTES EM SJDR

Redação
Notícias Gerais

Nessa semana, o prefeito de São João del-Rei, Nivaldo Andrade (PSL), anunciou normas que estabelecem a reabertura de bares e restaurantes da cidade. No entanto, a reação foi imediata: horas depois de a Prefeitura de São João del-Rei publicar o Decreto nº 8.708, uma mobilização contrária à decisão de reabrir “restaurantes e outros serviços de alimentação e bebidas” começou na internet.

Hospedado no site Change.org, um abaixo-assinado pedindo retomada estratégica, associada a mais ações de Saúde Pública, conseguiu mais de 1,9 mil assinaturas em menos de 24 horas. Na tarde deste domingo (7), esse número já havia crescido para mais de 2,2 mil apoiadores com 980 compartilhamentos em redes sociais – como Facebook, Whatsapp e Twitter.

“Somos obviamente a favor da sustentabilidade econômica e do bem-estar de todas as pessoas, incluindo aquelas que, neste momento de crise, temem por seus empregos e sua renda. Porém, os dados divulgados pela própria Secretaria Municipal de Saúde apontam que o momento ainda é de alto risco tanto pela evolução das contaminações por Coronavírus e pelo número de leitos disponíveis na cidade quanto pela baixa testagem aqui”, comenta a professora e pesquisadora em Saúde, Sofia Rodrigues, autora do abaixo-assinado.

Na mesma semana em que o prefeito são-joanense, Nivaldo Andrade (PSL), anunciou o relaxamento comercial das medidas de quarentena seguindo, segundo ele, protocolos do programa “Minas Consciente”, os casos confirmados de Covid-19 cresceram 50%. Só na sexta (5), a cidade registrou sete novos diagnósticos positivos para a doença. No sábado (6), foi confirmado mais um caso.

Crescimento da curva da Covid-19 em São João del-Rei.
(Fonte: Campanha contra a reabertura dos bares e restaurantes de SJDR)

Casos confirmados e óbitos registrados

A data de assinatura do Decreto nº 8.708 foi simbólica. Na quinta (4), quando o documento foi publicado, São João del-Rei havia registrado o primeiro óbito de paciente diagnosticado com Covid-19 há apenas quatro dias.

A outra morte que aconteceu no município, em 21 de maio, entrou para as estatísticas de Santa Cruz de Minas, onde o paciente residia. Além disso, ainda na quinta, o boletim epidemiológico são-joanense apontou mais dois diagnósticos positivos para a doença, inflando a matemática da semana.

Isso porque, entre 1º e 3 de junho, São João del-Rei já havia somado dez novos casos de coronavírus. Na ponta do lápis, então, em cinco dias, a cidade saltou de 38 casos confirmados para 57. Só na sexta (5), sete diagnósticos foram acrescentados ao boletim de uma só vez. Crescimento de 50% na estatística do período com um agravante: dez pacientes internados estavam em leitos de UTIs locais – metade do total disponibilizado pela Santa Casa da Misericórdia e pelo Hospital Nossa Senhora das Mercês juntos.

Além dos casos suspeitos e confirmados, a taxa de ocupação hospitalar também preocupa.

Posicionamentos

Nas últimas 24 horas, empreendedores locais, de diferentes setores, também se posicionaram contra a reabertura comercial em São João del-Rei, que já ocorre gradualmente desde 21 de maio.

Uma delas, identificada como Miriã Dias, assinou a petição on-line lançada nesta semana. “Tenho comércio de vestuário e a maioria das minhas clientes é idosa. Outras, mesmo jovens, apresentam comorbidades. Não posso estimulá-las a sair de casa. Também sou do grupo de risco, tenho o dever e a obrigação de resguardar minhas clientes e a mim. Quando tudo isso passar, quero reencontrá-las com saúde”, comentou.

Já a proprietária de um restaurante local pontuou, em nota publicada em redes sociais, que seguirá apostando em comercialização alternativa. “Até que a contaminação pelo Covid-19 em nossa cidade esteja controlada (e estamos muito longe disso), não abriremos nosso salão. Continuamos atendendo com entrega e retirada, trabalhando com todo cuidado e carinho para fazer chegar à sua mesa uma refeição saborosa, sem risco para a sua e a nossa saúde”.

Medidas

Quando fala sobre o abaixo-assinado publicado no Change.org, Sofia menciona a necessidade de organização social. “As discussões precisam ser coletivas. É importante gerar uma forma de conscientização e planejar, junto com os estabelecimentos interessados, a melhor forma possível de movimentar o mercado sem ferir as ações sanitárias. Mesmo que não haja consumo de bebidas alcoólicas em bares e restaurantes, o consumo de um suco em família lá dentro infelizmente pode colocar em risco os frequentadores, os garçons, as pessoas do caixa”, explica a pesquisadora. Ela lembra que, em diferentes partes do mundo, o relaxamento da quarentena ocorreu em momentos de queda na curva de infecção e com aplicação massiva de testes.

“As discussões precisam ser coletivas. É importante gerar uma forma de conscientização e planejar, junto com os estabelecimentos interessados, a melhor forma possível de movimentar o mercado sem ferir as ações sanitárias.”

– defende Sofia Maria, professora e pesquisadora em Saúde

Rogério Alvarenga – jornalista, especialista em Gestão Ambiental e educador – concorda com Sofia e também assinou e divulgou a petição on-line.

“Se tomarmos medidas efetivas, a retomada comercial será, além de mais segura, mais rápida. Só poderemos comemorar algo quando forem criadas as condições de reabertura com segurança, testando mais gente, fiscalizando a adesão às medidas sanitárias. A preocupação não só minha, mas de muitas pessoas, é de que a cidade ainda não tem condições de conter a expansão do vírus”, lamenta.

Outros municípios da região

O decreto sobre funcionamento de bares, lanchonetes e restaurantes de São João del-Rei segue a contramão das medidas administrativas tomadas por outros municípios.

Em live realizada na quinta (4), o prefeito de São Tiago, Denilson Reis (PSDB) anunciou que o município vai aderir ao programa “Minas Consciente”, do Governo do Estado, mas o funcionamento do setor alimentício e de bebidas continuará restrito ao delivery ou à retirada de produtos.

Na sexta (5), Tiradentes também revogou a adesão ao “Minas Consciente”, após forte pressão da população local. Com decreto assinado pelo prefeito, a cidade permanece com atividades comerciais não-essenciais suspensas.     

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