Redação
Notícias Gerais
Representantes da Igreja Católica e do Terno de Congado de Nossa Senhora do Rosário e Escrava Anastácia firmaram um acordo que permitirá ao povo preto praticante desta modalidade de religiosidade popular retomar o acesso à igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em Tiradentes, suspenso desde 2019, conforme denúncia publicada pelo Notícias Gerais no último dia 20 de dezembro.
O acordo foi anunciado pelo bispo diocesano de São João del-Rei, Dom José Eudes Campos do Nascimento, em nota oficial publicada nesta quarta (6). No documento, o bispo afirma que “a Igreja sempre valorizou a religiosidade popular” e que “em várias paróquias de nossa Diocese ocorrem as festas do Reinado com apoio dos padres e também com meu apoio como bispo diocesano”.
O bispo também condenou a escravidão e reconheceu a existência do preconceito estrutural no país. “A Igreja rechaça toda e qualquer forma de discriminação e reafirma sua posição de promoção da dignidade da pessoa humana. Reconhece também que a escravidão foi uma página vergonhosa de nossa história e que ainda há um preconceito racial estrutural em nosso país”.
No documento, ele conta que pediu aos padres Geraldo Magela da Silva, vigário-geral da Diocese, e Alisson André Sacramento, pároco da Paróquia de Santo Antônio de Tiradentes, para convidarem o capitão do terno do Congado, Claudinei Matias do Nascimento, conhecido como “Prego”, para participar das festividades de Nossa Senhora do Rosário, celebrada anualmente, tão logo as restrições decorrentes da pandemia da Covid-19 o permitam.
A nota termina com o bispo ressaltando a missão da igreja de “zelar pelo pelo ensino da sã doutrina e pela fidelidade do culto à fé católica” e lembrando das oportunidades em que apoiou manifestações populares de Congado. Com o convite aceito pelo Capitão Prego, foi colocado um fim no impasse que vinha mobilizando a mídia não só do Estado, mas de todo o país.
Confira aqui a nota na íntegra.
*Matéria atualizada às 16h13.
Bem entendido, todas as religiões devem não somente se aceitar, como também permitir manifestações da tradição de cada uma.
No caso da Diocese de SJDR, se vê que tal comportamento vai além, com Dom José Eudes enviando convite de participação ao Capitão do Terno do Congado.
É a nossa história aqui preservada, em seu mais alto grau, como também, em pleno século XXI, vemos a manutenção das tradições culturais dos povos de origem africana.