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ARTIGO: CAMPANHA ELEITORAL NÃO RIMA COM PANDEMIA

Foto: NELSON JR./ASCOM/TSE

Denilson Reis*

As demandas seríssimas e intermináveis que o cenário da pandemia suscita não têm deixado muito espaço para outras questões, sobretudo para os agentes do serviço público. Temos sido desafiados o tempo todo a encontrar soluções, a nos comunicar ainda mais com a população e a empreender uma maçante força-tarefa pedindo a colaboração consciente de cada um dos cidadãos.

Com isso, não temos sequer lembrado que 2020 é ano eleitoral. Mas é. E até segunda ordem as eleições ocorrerão, ainda que o mais provável é que seja permeada pelos protocolos de cuidados em função do coronavírus. Refleti um pouco sobre campanha eleitoral neste cenário de pandemia e a conclusão a que chego é que não há nenhum clima para as campanhas, pelo menos não da forma como as conhecemos.

Veja bem: a Covid-19 evidencia e agrava um tempo de crise política, de crise econômica, mas, sobretudo, de crise humanitária. A humanidade com seu “modus vivendi”, ou seja, com seu modo de vida empreendido até aqui, está sendo colocada dramaticamente em xeque. Nossa falsa consciência de autonomia e independência; nossos hábitos de consumo, muitas vezes compulsivos e inconsequentes; a tecnologia nem sempre a serviço da qualidade de vida de todos os povos; a crescente distância entre ricos e pobres, entre países desenvolvidos e periféricos; a predominância do capital sobre o fator humano são alguns dos aspectos que, a meu ver, acentuam-se nestas primeiras décadas do século 21.

A classe política, nesse contexto, não representou também uma ruptura, muito pelo contrário. Chafurdou nessa lama caótica, senão teve papel preponderante em sua formação. Entretanto, otimista que sou, percebo que a velha política, bem como seus representantes, tem seus dias contados. Não haverá mais espaço para pessoas que buscam na política um projeto de poder. E a pandemia revela isso, também.

Corajosos serão os que se aventurarem e que não sejam desavisados. Campanha eleitoral não rima com pandemia. Assim sendo, será necessário encontrar o “tom” correto e nele as palavras de ordem serão empatia, moderação, circunspecção, honestidade, diálogo e espírito de cooperação. Vivemos tempos desafiadores e não seremos capazes de cumprir nosso papel se não estivermos plenamente conscientes de que não há mais espaço para motivações egoístas. Se, por um lado, os políticos estão sendo chamados a saírem de seu lugar de conforto e acomodação; por outro, a sociedade precisa entender que ela é agente do processo político e assumir seu lugar o quanto antes, de forma contundente e definitiva. A despeito de todo o saldo nefasto que a Covid trouxe ao mundo, temos uma grande oportunidade de sermos melhores, e construirmos uma sociedade melhor, a partir de agora.

* É prefeito de São Tiago (MG), gestor de RH.

Os artigos publicados não refletem necessariamente a opinião do portal Notícias Gerais

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