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ARTIGO: O QUE O MOMENTO EM QUE VIVEMOS PODE NOS ENSINAR SOBRE NOSSA SAÚDE MENTAL?

Thaísa Borges Gomes e Tassiana Constantino Gonçalves *

As notícias controversas, as múltiplas perspectivas e olhares sobre o Covid-19, podem contribuir para o agravamento de uma série de inquietudes, não só no âmbito coletivo, mas também nos aspectos individuais. No campo individual, as incertezas e as crises podem mobilizar processos ansiogênicos e depressivos.

Pandemia, quarentena, isolamento social, políticas de saúde e prejuízos financeiros, têm sido palavras que se tornaram companheiras do nosso cotidiano. Nunca fomos tão bombardeados com informação, sem tempo para processarmos e refletirmos tudo que vem acontecendo com uma rapidez assombrosa. Informações essas que não necessariamente informam e podem ser, se não elaboradas, alimento para o pânico.

No campo individual, as incertezas e as crises podem mobilizar processos ansiogênicos e depressivos.

A palavra quarentena, por si só, já tem sido motivo de ansiedade e confusão por parte da população. Portanto, talvez seja necessário pensarmos melhor sobre esse termo antes de pontuar suas possíveis consequências para a saúde mental.

A quarentena consiste em um período de tempo – não necessariamente quarenta dias – em que um indivíduo, saudável ou não, fica isolado socialmente para evitar, assim, a disseminação de uma doença. Essa tem sido a estratégia de saúde adotada para a minimização dos impactos do processo de contágio no sistema de saúde público e privado.

O isolamento social pode ser um momento de mergulho em si mesmo. Se em alguns outros momentos esse mergulho introspectivo poderia trazer questões importantes para o sujeito em seu processo vivencial, em um momento como o de quarentena pode elevar seu nível de ansiedade e culpa por não estar sendo produtivo frente às suas funções diárias.

O cuidado com as informações é imprescindível nesse momento. Muitas soluções prontas são oferecidas, assim como dicas para lidar com a angústia, ansiedade e outros afetos que possam, eventualmente, surgir durante esse período. É essencial que cada pessoa busque soluções que façam sentido individualmente, diminuindo assim a ansiedade de buscar se encaixar em métodos de cuidado que não lhes cabem.

É essencial que cada pessoa busque soluções que façam sentido individualmente, diminuindo assim a ansiedade de buscar se encaixar em métodos de cuidado que não lhes cabem.

Afinal, algumas pessoas praticam meditação para relaxar enquanto outras têm como forma de lidar com ansiedade alguns bons minutos de corrida na esteira. Buscar o que encaixa em uma rotina confortável para você e não o contrário, focando-se no presente e em atividades cotidianas que podem ser executadas dentro das restrições do atual período, é uma boa forma de lidar com os afetos.

 Outra dica importante é a busca de informações de qualidade, o acesso a perfis profissionais responsáveis, o respeito e gentileza consigo. Para se pensar uma rotina nesse período é preciso considerar o ambiente, a rotina anterior e o que dela pode ser interessante manter durante a quarentena e, principalmente, considerar os limites de cada um.

O Conselho Federal de Psicologia regulamentou, já há algum tempo, o atendimento online entendendo a importância do acesso a processos psicoterapêuticos por pessoas que não têm a possibilidade desse acompanhamento de forma presencial. Portanto, se você já realiza um processo terapêutico ou deseja iniciar agora, é importante avaliar como se sente com essa possibilidade, isso passa a ser mais uma forma de autocuidado possível durante a quarentena. Você pode também buscar mais informações com profissionais psi.

é sempre importante ressaltar que sentir-se ansioso ou mais introspectivo são vivências humanas e, portanto, normais durante períodos como esses.

No entanto, é sempre importante ressaltar que sentir-se ansioso ou mais introspectivo são vivências humanas e, portanto, normais durante períodos como esses. É necessário um posicionamento crítico diante desses processos para que não haja um movimento de patologização desses afetos, o momento que vivemos pode despertar reações e reflexões importantes, é importante acolhê-las.

  • São mestras em Psicologia, formadas pela UFSJ

(Imagem da capa: Guilherme Guerra)

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