Redação
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Imagina um menino doido para brincar e interagir com outras crianças, mas que alimentava um medo enorme e irracional de todas elas. Este é o tema central do livro “O menino que tinha medo de crianças”, da escritora Gisele Garcia, que liberou o download gratuito da obra no site da Amazon até o dia 25 de abril, para animar a quarentena dos pequenos com literatura de qualidade.
A ação faz parte de uma campanha da Editora Labrador, responsável pelo livro, para este momento da pandemia de Covid-19. “Creio que, nesse momento de crianças e pais dentro de casa, em isolamento social, a literatura e a fantasia se fazem mais importante do que nunca. Fico feliz por poder colaborar um pouquinho, por poder proporcionar momentos de diversão e sonho a algumas crianças”, afirma a escritora.
Em menos de uma semana, mais de 1,3 mil pessoas já se apaixonaram pela história do livro infantil, o primeiro de Gisele. O que todos estes leitores talvez não saibam é que a história inusitada não é exatamente ficcional: muitas das situações descritas na obra realmente aconteceram com seu filho mais velho, Caio Neves Garcia, hoje com 16 anos.
“Quando o Caio era bem pequeno, de uns 2 a uns 3 anos e meio, ele tinha uma enorme dificuldade para socializar com crianças. Era interessante: ele ficava, ao mesmo tempo, fascinado e amedrontado com as crianças”, relata a mãe. Para animá-lo, ela lia muito para o filho e dizia que um dia escreveria um livro pra ele. “Ele ria, achava divertido”, recorda ela.
Os anos passaram, Caio superou o medo de crianças e se tornou um jovem lindo e sociável. Às vésperas dele completar seus 15 anos, Gisele resolveu cumprir a promessa. “Inicialmente, pretendia escrever e ilustrar o livro eu mesma e levar a uma gráfica para fazer uma impressão única. Seria o presente de 15 anos do Caio”, afirma.
Depois de concluir o texto e esboçar as ideias das imagens para alguns amigos, ela foi convencida a dividi-lo com o público. “Estes amigos disseram que a história poderia, inclusive, ajudar outras crianças que tivessem um temor semelhante ao do Caio e que eu não deveria guardá-la só pro meu filho. Fui convencida”, revela.
Nunca tinha passado pela minha cabeça ser um dia um personagem de um livro; um livro escrito pela minha mãe. Ao ler o livro, fui lembrando da minha história. Adorei vê-la escrita!”
Caio Neves Garcia, o personagem retratado no livro
A emoção do filho
O processo foi mais longo do que a escritora previa. A obra não ficou pronta a tempo do aniversário do Caio. Mas a emoção do filho ao receber o presente compensou todas as dificuldades do percurso, que Gisele garante que foi todo ele muito prazeiroso.
“Quando eu era pequeno e tinha medo de criança, minha mãe sempre dizia que ia fazer um livro sobre isso. Com o tempo, eu perdi esse medo e me esqueci do livro. Só fui me lembrar dessa história em uma pizzaria, quando minha mãe falou que tinha um presente para mim. Eu achei estranho, porque meu aniversário tinha sido há dois meses”, conta Caio.
A surpresa deixou o jovem muito contente. “Quando eu vi o que era, fiquei muito feliz! Nunca tinha passado pela minha cabeça ser um dia um personagem de um livro; um livro escrito pela minha mãe. Ao ler o livro, fui lembrando da minha história. Adorei vê-la escrita!”, afirma.
“Creio que, nesse momento de crianças e pais dentro de casa, em isolamento social, a literatura e a fantasia se fazem mais importante do que nunca. Fico feliz por poder colaborar um pouquinho, por poder proporcionar momentos de diversão e sonho a algumas crianças”
Gisele Garcia, escritora
Um caminho de grandes parcerias
Na busca pela melhor alternativa para a publicação, ela conheceu a Editora Labrador. “Descobri a Editora Labrador, que foi fantástica comigo, desde o nosso primeiro contato. Depois de conversar com a Stephanie (da equipe da Labrador), não tive dúvidas de que queria o livro editado por eles”, sustenta.
Quanto às ilustrações, Gisele tinha convidado um amigo da época da faculdade, que tem um traço que sempre admirou. Infelizmente, ele não pode encarar o projeto e ela acabou descobrindo o trabalho do Jarbas Domingos, que atesta ser um excelente ilustrador, profissional impecável e sempre disponível. “Paciente com todas as minhas demandas, ele deu vida e cor à minha história”, comemora.
Sobre a autora
Formada em Artes Plásticas pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), ela foi professora na rede municipal de educação de Juiz de Fora e na Secretaria de Educação do Distrito Federal, desenvolvendo e trabalhando com projetos de contação de histórias, de poesia e de teatro.
