Celso Bejarano
Especial para o Notícias Gerais
Nesta terça-feira (28), o presidente Jair Bolsonaro definiu quem vai conduzir, a partir de agora, a Polícia Federal e o Ministério da Justiça e Segurança Pública, anteriormente comandadas – respectivamente – pelo delegado Maurício Valeixo e o ex-juiz Sérgio Moro.
André Ramagem, delegado da PF, amigo da família do presidente, vai conduzir a instituição, antes chefiada por Valeixo, que havia sido indicado por Moro.
Ex-ministro e o delegado agiram juntos na Lava Jato, a operação policial que pôs na cadeia políticos importantes e que elevou Moro à fama de combatente da corrupção.
A troca de um delegado por outro, tido como de confiança pelo mandatário, foi o ponto alto da discórdia entre Bolsonaro e Moro.
Já o lugar do ex-ministro é ocupado pelo advogado André Luiz de Almeida Mendonça, outro tido como de credibilidade pela família Bolsonaro.
Bolsonaro e Moro serão investigados pela Polícia Federal, determina STF
O presidente Jair Bolsonaro e o ministro demissionário (Justiça e Segurança Pública) Sérgio Moro vão ser investigados pela Polícia Federal (PF) por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).
O primeiro, por ter dito, segundo Moro, que quer “gente de confiança” no comando da PF e saber antes o que a instituição investiga. Essa discussão ocorrera na sexta-feira passada (24), dia que o ex-ministro pediu para sair do governo.
O testemunho do ex-ministro acendeu um alerta nas autoridades – será que o presidente, ao nomear próximos seus para comandar a PF quer, na realidade, blindar a família, já que filhos seus são investigados?
Já o segundo que pode também ser incluído na investigação, Moro, terá de mostrar provas que sustentem suas declarações, do contrário, a fala do ex-ministro pode se caracterizar como crime de “denunciação caluniosa”.
Augusto Aras, o chefe da Procuradoria-Geral da República, foi quem pediu que as declarações fossem investigadas. Celso Mello, decano ministro do STF, acatou a ideia e mandou a PF instaurar o inquérito.
A apuração deve começar pelo depoimento do ex-ministro, conforme cita Mello na petição 8802.
“Para tanto, indica-se, como diligência inicial, a oitiva de Sérgio Fernando Moro, a fim de que apresente manifestação detalhada sobre os termos do pronunciamento, com a exibição de documentação idônea que eventualmente possua acerca dos eventos em questão”, designou Mello.
Diz também trecho da petição de Celso Mello: “embora irrecusável a posição de grande eminência do Presidente da República no contexto político-institucional emergente de nossa Carta Política, impõe-se reconhecer, até mesmo como decorrência do princípio republicano, a possibilidade de responsabilizá-lo, penal e politicamente, pelos atos ilícitos que eventualmente venha a praticar no desempenho de suas magnas funções”.
Ainda de acordo com o despacho do ministro, o inquérito da PF deve ser concluído nos próximos 60 dias.
Além dessa questão judicial, Bolsonaro deve enfrentar por esses dias outros três pedidos de impeachment.