Kamila Amaral
Notícias Gerais
O nome vem da junção dos termos lokus (o lugar em que um gene se localiza no cromossomo) e kira (rainha, deusa), ou seja, Lokira é a morada das deusas. Além disso, é a cervejaria fundada pelas jovens Ana Flávia Gomes Lopes, 23 anos, e Flaviana Guimarães, 24.
Essa história teve início a cerca de um ano e meio, quando a turma das jovens, que na época eram estudantes de um curso de graduação em Gastronomia de Belo Horizonte, participaram de um passeio gastronômico à cidade de Igarapé.
Consumidoras de cerveja comercial, as jovens não tinham tido um contato direto com cervejas artesanais antes da viagem. “Lá a gente viu uma cervejaria específica que tinha uma mulher à frente. Ela estava explicando tudo para o pessoal sobre a cerveja, sobre o estilo e a gente achou aquilo muito legal”, conta Ana Flávia.
Inspiradas pelo exemplo daquela mulher e apaixonadas pelo sabor da cerveja artesanal experimentada, as jovens decidiram se embrenhar nesse universo. Primeiro vieram os cursos profissionalizantes, como o de Produção Cervejeira e Sommelier de Cerveja.
“Foi aí que a gente foi descobrir um pouco mais sobre a história da cerveja, que ela foi descoberta por mulheres e que os homens só tomaram para si quando viram que era uma coisa rentável, que podia realmente gerar empreendimento”, relata Lopes.
Lokira
A cervejaria foi lançada no dia 14 de outubro de 2019. No início, a produção era caseira e os consumidores eram, na maioria das vezes, pessoas do círculo de amizades das sócias. Com o aumento das vendas em um curto período de tempo, elas decidiram investir e profissionalizar o negócio. Só que elas não contavam – como mais ninguém – com a chegada da pandemia da Covid-19.
“Nossa primeira produção ficou pronta no dia 16 de março, foi na semana que tudo fechou. Foi nossa primeira produção em grande escala, vamos dizer assim, que ficou pronta e a gente passou um perrengue, a gente achou que nem iria conseguir sobreviver durante esse tempo”, revela.
As sócias, no entanto, decidiram enfrentar as adversidades e continuar com o trabalho, realizando as vendas por delivery. “Aos poucos, a gente foi batendo de porta em porta nos bares que iam abrindo para delivery e falando um pouco da gente para conseguir colocar a cerveja à venda”, conta Lopes.
Pautas Sociais
A sócia da Lokira conta que por serem mulheres e jovens elas enfrentaram dificuldades para ganhar a confiança e a credibilidade das pessoas.
“O grande diferencial da Lokira é que não foca só no nosso produto em si, não só na cerveja. Nós nos importamos e frisamos de falar sobre outras causas, como pautas raciais, pautas de minorias, sobre bem-estar e saúde mental, porque achamos que não faz sentido vender nosso produto se quem está consumindo não estiver bem”, frisa Ana Flávia.
A Lokira tem como um de seus objetivos promover a democratização do mercado e do universo cervejeiro no geral, que ainda é composto majoritariamente por homens brancos e heterrosexuais.
“Quando a gente vai em um bar LGBTQIA+ a maioria do pessoal só toma drinks, porque eles não veem nenhuma cerveja ou cervejaria com que eles se identificam”, destaca.
Outra particularidade da Lokira é possuir uma mitologia própria, criada pelas sócias a partir de vários estudos. Lokira, a morada das deusas, é um olimpo onde moram quatro deusas, as deusas cervejeiras que criam o “líquido mágico”, ou seja, a cerveja produzida.
“Até então nós lançamos a Belgian Blond Ale, que é nossa primeira cerveja, que representa Cecir, uma deusa mãe”, explica Lopes.
Ela indica que a Belgian é uma cerveja bem refrescante, ideal para o verão, e que pelo seu sabor amargo no início é fortemente recomendada para as pessoas que ainda não são habituadas ao gosto da bebida.
A segunda cerveja artesanal da Lokira está prevista para ser lançada em dezembro de 2020. No entanto, no mês de aniversário tem novidade vindo aí, as sócias revelam que que durante o mês de outubro o perfil da cervejaria nas redes sociais estará repleto de novidades e conteúdos comemorativos.
