Arthur Raposo Gomes
Notícias Gerais
Em agosto de 2020, a Lei Maria da Penha, que trata sobre proteção às mulheres vítimas de violência doméstica, completa 14 anos desde que foi sancionada. Por isso, o Notícias Gerais conversou com a médica dermatologista Carla Góes. Ela é idealizadora e responsável pelo projeto “Um Novo Olhar”, que atua na reconstrução facial das vítimas agredidas, e revela que é inspirada diariamente pela mulher que dá o nome à lei.
“Maria da Penha lutou e deu voz a todas as mulheres. Sem dúvida, é um exemplo de força, coragem e determinação para todas nós, mulheres”, declara.
Recentemente, a iniciativa coordenada pela médica lançou a cartilha “Mulher: basta de violência”. No texto, ela ajuda, por exemplo, a identificar tipos de violência que se manifestam contra as mulheres. Carla também pontua que “a maioria das mulheres sofre agressões na região do rosto, onde o agressor pretende deixar sua marca humilhando assim, publicamente, a vítima”, que tem não só a imagem, mas também a autoestima e o amor próprio atingidos.
Carla conta ainda que houve um caso que marcou a história do projeto: uma vítima que recebeu 17 facadas, todas no rosto.
A concepção da iniciativa
Em entrevista ao NG, Carla explica que o “nascimento” do projeto “Um Novo Olhar” aconteceu antes mesmo de ingressar na faculdade de Medicina: “já saía em defesa de pessoas – que eram, em geral, mulheres – que eram agredidas, verbal ou fisicamente de alguma maneira que a inferiorizasse”. No entanto, com o passar dos anos, a médica revela que percebeu que “as necessidades eram maiores”.
Em 1996, Carla chegou a fundar uma iniciativa em prol das gestantes, o projeto “Mãezinha de Rua”: “na época, não conseguimos manter por falta de recursos”, comenta.
Há alguns anos, então, o atendimento é feito de maneira privada, na própria clínica de Góes. “E nos últimos anos, eu idealizei o nome ‘Um Novo Olhar'”, lembra.
Além de prestar apoio psicológico e atuar na reconstrução facial das mulheres agredidas, a iniciativa também tem promovido ações de conscientização. “Venho realizando rodas de conversa para informar, pois acredito que informação é poder e assim, (estamos) tirando mulheres do ciclo da violência”, afirma a idealizadora do projeto.
Trabalho em equipe
Apesar de ter sido planejado por Carla, as ações do “Um Novo Olhar” contam com o apoio de outros profissionais.
“Os procedimentos realizados dentro da minha clínica são arcados pela clínica, mas também temos voluntárias na área jurídica e psicológica para às vítimas”, revela ela, ao lembrar que, recentemente, estabeleceu uma parceria com uma rede hospitalar, Prevent Senior, responsável pela doação da cirurgia necessária no caso da mineira Angélica Oliveira.
Só em 2020, o projeto já acolheu, ao todo, nove vítimas de violência doméstica. “Como sou uma iniciativa privada e (que atua) com recursos próprios, ainda não atendo o número da demanda. Mas a ideia é tornar isso um projeto de lei para a população”, explica a médica.
Se estas mesmas agressões partir da para o homem é normal ou só vale do homem para mulher?