Scarlet Freitas
Especial para o Notícias Gerais
“Ó abre alas que as mulheres vão passar, ó abre alas que as mulheres vão passar. Nosso lugar não é no fogo ou não fogão, a nossa chama é o fogo da revolução”, cantaram as mulheres que participaram do cortejo-protesto promovido pelo movimento Nós Mulheres, neste domingo (8), no bairro Colônia, em São João del-Rei, sob o comando do grupo Batucada das Minas.
O evento foi uma das formas encontradas pelo Nós Mulheres para marcar o dia 8 de março. O movimento reúne coletivos feministas, sindicatos, partidos políticos e mulheres comprometidas com a luta contra a desigualdade de gênero e outras pautas feministas.
A concentração começou às 9h em frente as mangueiras da Avenida 31 de Março, no bairro Colônia. Beatriz Guimarães, uma das coordenadoras do Fórum de Mulheres das Vertentes, explicou que a escolha do bairro teve como objetivo levar a programação para os locais mais diversificados possíveis.
A psicóloga Marisol de Oliveira Jotta, uma das integrantes do Batucada das Minas, conta que o grupo surgiu da necessidade de um movimento formado e executado somente por mulheres tocando juntas. “Somos um coletivo de mulheres feministas, querendo colocar sua voz, diretos e suas pautas com arte na rua”, afirma.
Feminismo e educação
Devido a extensão da programação e dos coletivos e instituições envolvidos com o movimento Nós Mulheres, pautas que vão além do feminismo são abordadas. Uma delas é a Educação.
A presidente da Seção Sindical dos Docentes da UFSJ (ADUFSJ – Seção Sindical), Maria Jaqueline de Grammont Machado de Araújo, explica que a relação entre as duas áreas está mais próxima do que se pode imaginar.
Segundo ela, o desmonte das universidades públicas, por exemplo, retira de muitas mulheres oportunidades de obter mais conhecimento, independência e empoderamento. “A universidade pública é um espaço de empoderamento da mulher que está sendo destruído hoje com as reformas e com os ataques do governo atual”, ressalta.
Representantes do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (SindUTE) também estiveram presentes. A professora da rede pública estadual, Janaine Carvalho Ferreira, comenta que, pelo fato da categoria ser composta majoritariamente por mulheres, esta luta sempre foi uma das pautas do sindicato.
Para ela, a única forma de vencer, em meio a tantas pautas, é com a união das lutas “Só unificando as lutas que nós teremos a possibilidade de derrubar esse sistema, esse sistema que nos oprime seja através do machismo, do racismo, da lgbtfobia, da xenofobia e de várias outras formas de preconceito”, defende.
Performance “Um estuprador no meu caminho”
O cortejo se encerrou na Feira do Solar, local onde foi realizada a performance “Um estuprador no meu caminho”. Idealizada por ativistas feministas chilenas, ganhou grande proporção e tem sido replicada em diversas cidades, como forma de denúncia da violência e do machismo estrutural existente ao redor do mundo.
A advogada Isabela Sacramento Martins de Castro conta que já sabia da existência da performance e, ao descobrir que ela seria replicada pelo Nós Mulheres, decidiu participar. Para ela, esta é uma forma de gritar um basta contra as violências que atingem as mulheres.
Encontro de Vozes de luta
Após a apresentação foi realizada a roda de diálogo “Encontro de vozes de luta”, que promoveu um diálogo entre mulheres que atuam em movimentos sociais e comunidade da cidade e contou com a presença de mulheres como Cida Oliveira, da Casa Verde da Esperança, Vicentina, do Coletivo Raízes da Terra, Conceição Maria, do Coletivo Meninas de Nhá, e Maria do Congado.