Início Gerais Cotidiano DE MALABARISMO À FOTOGRAFIA: COMO A QUARENTENA MUDOU NOSSOS HÁBITOS

DE MALABARISMO À FOTOGRAFIA: COMO A QUARENTENA MUDOU NOSSOS HÁBITOS

Carol Rodrigues
Notícias Gerais

A quarentena mudou o comportamento de muitas pessoas. Sem poder sair de casa, agora os compromissos e os hábitos precisaram ser moldados ainda mais ao mundo online. Com dias vagos ou preenchidos pelo home office (trabalho em casa), aos poucos as pessoas passaram a estruturar o cotidiano nessa nova realidade.

O “tempo livre” gerado pelo distanciamento social pode ser aproveitado para aprender coisas novas – como, por exemplo, andar de patinete fazendo malabarismo, estudar fotografia e fazer atividades físicas. Essas são formas de controlar a ansiedade que esse momento de incertezas gera nas pessoas. 

A quarentena e o Google

Com o comércio funcionando parcialmente e o tempo dentro de casa aumentando, a forma como utilizamos dos recursos tecnológicos também se alterou. A quarentena mudou até mesmo as pesquisas no Google: algumas ascenderam de maneira marcante – como “exercícios em casa” e “yoga online”. Já outras despencaram – como no caso de “cinema” e “ingresso show”. 

Infográfico: Lucas Maranhão / Notícias Gerais

Outro exemplo de como o isolamento social mudou o nosso comportamento tanto no mundo offline, quanto no online, é o fato de que os termos “como cortar cabelo” e “notícia boa” atingiram neste mês recorde de busca desde 2004, de acordo com o Google Trends.

Infográfico: Lucas Maranhão / Notícias Gerais

Exercícios em casa

“Exercícios em casa” foi um termo que cresceu bastante nos últimos tempos nos mecanismos de busca. Com academias e quadras fechadas, continuar com uma rotina de atividades físicas ficou difícil para alguns. Uma forma de manter em dia os exercícios é por meio do auxílio de aplicativos, canais no YouTube e páginas nas redes sociais. 

O grupo de corrida Calango Runners encontrou na tecnologia uma aliada para manter os membros em forma durante a pandemia. O desafio “calango em movimento” tem o objetivo de fazer com que os alunos realizem atividades de coordenação motora, força, mobilidade e alongamento. “Todos esses exercícios servem para manter os alunos ativos e, de alguma forma, ajudá-los na corrida quando o isolamento acabar”, comenta o fundador do grupo, Rogério Bergamaschine.

Vídeo: arquivo pessoal

As atividades são enviadas de segunda à sexta pelo WhatsApp e, como forma de engajamento e motivação, as pessoas compartilham fotos e vídeos dos exercícios.

Dos 50 membros do Calango Runners, cerca de 30 estão participando do desafio, “alguns familiares e amigos de alunos acabaram aderindo também e estão fazendo os exercícios, isso foi muito bacana”, revela o fundador. 

“Todos esses exercícios servem para manter os alunos ativos e, de alguma forma, ajudá-los na corrida quando o isolamento acabar”

– diz Rogério Bergamaschine

Bergamaschine é formado em Educação Física e trabalha como personal trainer. Ele fundou o grupo de corrida em 2012, com outros dois sócios, mas agora coordena sozinho o grupo. O Calango Runners promove treinos para iniciar os participantes em corridas e tem membros de diferentes faixas etárias, de 25 a 70 anos. 

Para participar, é só entrar em contato pelas redes sociais. A pessoa pode agendar uma aula experimental gratuita para entender como funciona o projeto.

Patinete e malabarismo?

Tem também aquelas pessoas que estão aproveitando o tempo para aprender coisas novas, mesmo que seja andar de patinete e fazer malabarismo… ao mesmo tempo!

Alexandre Magno é estudante de Música da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) e, durante a quarentena, decidiu aprender novas atividades para passar o tempo. “Eu tenho ficado muito ansioso e esse é um jeito de me distrair”, confessa.

“Achei muito fácil e lembrei que tinha um patinete antigo aqui em casa, resolvi montar e tentar fazer andando ao mesmo tempo”

– conta Magno

De acordo com ele, aprender malabarismo sempre foi uma vontade, mas com a rotina apertada, nunca encontrava oportunidade. “Com esse tempo livre da quarentena, meu tio, que é o único que está trabalhando, fez essa proposta: ‘vamos aprender umas coisas esquisitas na quarentena?’”.

A partir daí, o estudante pesquisou vídeos sobre malabarismo no YouTube e, quando dominou a técnica, decidiu dificultar um pouco mais. “Achei muito fácil e lembrei que tinha um patinete antigo aqui em casa, resolvi montar e tentar fazer andando ao mesmo tempo”, admite. Mesmo não tendo os equipamentos próprios de malabarismo, Magno improvisou com bolinhas de cachorro e já usou até batatas.  

Vídeo: arquivo pessoal

Uma foto por dia

O fotógrafo Danilo Silva encontrou no tempo livre uma forma de exercitar a criatividade. Como está em casa sem poder sair e, portanto, sem ter como trabalhar, ele decidiu se impor um desafio: fazer uma foto por dia enquanto persistir a pandemia de novo coronavírus.

Para ele, o período de isolamento não tem afetado muito a sua saúde mental e usar esse tempo como forma de aprendizado na fotografia tem sido importante. Profissionalmente, Silva faz, na maior parte, registros de pessoas. Mas, durante a quarentena, decidiu explorar outras áreas da fotografia. 

“Eu tenho feito fotos de coisas da natureza, coisas que trazem calma e também autorretratos”, indica. Para o fotográfo, está sendo importante fazer registros daquilo que algumas pessoas não podem apreciar na quarentena – como o pôr do sol – para que mais gente seja capaz de ver. 

Desde o início do isolamento até agora, Silva já fez mais de 50 fotografias e tem inspiração em capas de álbuns, capas de livros e também de sites como Behance e Pinterest.

Dificuldades do isolamento

Para muitas pessoas, a quarentena pode ser um momento de grande estresse e ansiedade. “Esse período pode ser difícil porque estamos acostumados com uma rotina pesada, principalmente os mais novos, além de ser um período de muita solidão”, explica a psicóloga Raquel Severino.

Para evitar a ansiedade gerada pelo futuro incerto, algumas soluções são encontradas como fazer exercícios físicos, aprender a andar de patinete e fazer malabarismo e se concentrar na fotografia. Mas se essas atividades não são para você, não tem problema. Existem outras formas de tornar o isolamento mais leve. 

“Uma forma de aliviar isso é questionar o que é produtividade para você, o cuidado e o descanso também podem ser produtividade”

– orienta a psicóloga

Severino cita que uma dessas maneiras é montar uma lista de tarefas: mesmo que seja simples, isso vai ajudar a organizar o cotidiano. Também pode funcionar estabelecer um cronograma com o tempo que será destinado para cada atividade. 

“Para quem está fazendo home office também é importante saber dizer ‘não’. Às vezes a gente passa muito da hora de trabalho e fica até tarde”, relata a psicóloga. Outra forma é se concentrar no autocuidado, mesmo em tarefas que podem parecer pequenas como se alimentar bem e fazer alguma atividade física. 

Durante o isolamento, muitas pessoas sentem a necessidade de serem produtivas o tempo todo e, com a ansiedade, isso nem sempre é possível. “Uma forma de aliviar isso é questionar o que é produtividade para você, o cuidado e o descanso também podem ser produtividade”, aconselha Raquel Severino. 

Ela também orienta diminuir o tempo ou a frequência com que se procura informações e tomar cuidado principalmente com as fake news. Além disso, “é importante manter o contato social com amigos e família mesmo estando distante”, completa. 

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