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EDUCADORES TEMEM QUE ENSINO REMOTO AMPLIE AS DESIGUALDADES ENTRE EDUCAÇÃO PÚBLICA E PRIVADA

Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil – arquivo

Kamila Amaral
Notícias Gerais

Neste ano, é impossível falar do Dia dos Professores, celebrado neste 15 de outubro, sem falar dos impactos que a pandemia da Covid-19 causou na educação. O ensino remoto foi adotado por escolas – e universidades – públicas e particulares, com diferentes graus de assistência e investimento tanto para docentes e quanto para os estudantes. 

Ainda em meio as mudanças geradas pela necessidade do distanciamento social, só é possível traçar especulações sobre como serão as futuras aulas presenciais. Considerando a questão da tecnologia incorporada ao ambiente educacional, a professora e coordenadora da subsede do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE), em Barbacena, Aline Araújo, acredita que as ferramentas que deram certo no ensino remoto podem ser utilizadas para complementar as relações de ensino e aprendizagem mesmo em um contexto não-pandêmico. No entanto, ela destaca que é preciso investimento para que isso ocorra. 

“A realidade social é o maior fator de impedimento agora… porque nós professores aprendemos sozinhos mesmo a mexer (com as ferramentas e plataformas do ensino remoto), mas e os alunos, eles vão ter acesso?”, questiona. 

Mesmo que muitos acreditem que, hoje em dia, todo mundo tem acesso à internet e um celular a disposição; pelo menos, no contexto educacional, é necessário pensar a qualidade dessa internet e desses aparelhos. “A gente não vê essa realidade chegando na educação pública porque tem alunos que realmente passam necessidades. Então, não tem condições de pagar uma internet de qualidade”, salienta Araújo.

Público e privado

Anterior a desigualdade que pode vir a ser gerada com a volta às aulas presenciais e os diferentes investimentos feitos pelos setores públicos e privados em educação, a diretora do Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (SINPRO/MG), Alessandra Rosa, aponta a discrepância que a educação – pública e privada – já vem sofrendo durante o ensino remoto.

“Na rede pública, a dificuldade de acesso à internet de qualidade impossibilidade a realização das atividades e acompanhamentos das aulas remotas. Ainda assim, é comum a pouca interação dos alunos, onde não há participação efetivamente, haja vista o caso das câmeras desligadas”, frisa Rosa.

Para o ensino pós-pandemia, a preocupação do Sinpro/MG é com a evasão escolar. O sindicato acredita que estratégias efetivas terão que ser elaboradas para sanar este problema.  

“No mais, (atualmente) temos professores totalmente sobrecarregados, com redes sociais, demandas, desgaste, muita reunião e a pressão que sofrem, mais especificamente nas escolas particulares, com o risco de demissão”, acrescenta a diretora do Sinpro-MG. 

Para ela, no entanto, o ensino remoto serviu para tornar visível a importância do convívio e das relações pessoais no processo de ensino e aprendizagem. “Também (tem) o fato do quanto precisamos evoluir com a inclusão digital (o que reforçou ainda mais a distância entre o público e privado quando se trata de acesso e oportunidade) e ainda acreditamos que teremos, como legado, o real valor dos professores’, afirma Rosa.

Governo do Estado

O Governo de Minas divulgou um protocolo que permitia a volta às aulas presenciais nas escolas dos municípios que se encontram na onda verde do programa “Minas Consciente”. A retomada seria gradual e, a partir do dia 19/10, alunos do terceiro ano do ensino médio estariam de volta às salas de aula. 

No entanto, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais concedeu liminar, atendendo a pedido do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), que suspende o retorno de aulas presenciais na rede estadual de ensino mineiro. 

A coordenadora da subsede do Sind-UTE, em Barbacena, defende que o estado apresentou um protocolo que as prefeituras não têm condições de cumprir. Entre os requisitos, estão a distribuição de máscaras para todos os alunos e o distanciamento de 1,5 metro entre os estudantes em sala de aula. “A gente não vê nem nas universidades, pelo menos as que eu conheço, nem nas escolas, um espaço mesmo físico para se fazer isso”, alega Aline Araújo. 

Ouvindo todas as Secretarias Municipais de Educação que estão sob a jurisdição da subsede do Sind-UTE em Barbacena, o sindicato concluiu que não há possibilidade dessa volta às aulas presenciais neste momento.

“A gente acredita que, como já foi estipulado, o ano letivo terminará em janeiro ainda com aulas remotas, fevereiro seriam as férias e a partir de março pensaríamos, então, essa volta. É com isso que a gente está contando. Até porque para a volta (das aulas presenciais) precisaria de uma vacina”, afirma a professora. 

A representante do Sind-UTE de Barbacena argumenta que mesmo com o cumprimento dos protocolos dentro da escola, tanto os profissionais quanto os alunos têm vida social e familiar e não é possível garantir que eles estariam seguindo as orientações de segurança fora do ambiente escolar. 

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