Início Gerais Minas ENSINO REMOTO EM MG: DOCENTES APONTAM DIFICULDADES E FALTA DE ASSISTÊNCIA

ENSINO REMOTO EM MG: DOCENTES APONTAM DIFICULDADES E FALTA DE ASSISTÊNCIA

Foto: Divulgação/MCTIC

Kamila Amaral
Notícias Gerais

Nesta semana, Minas Gerais completa um ano da implantação do ensino remoto nas escolas públicas estaduais. Enquanto o Governo do Estado destaca o ensino à distância adotado em Minas como referência nacional, representantes dos sindicatos dos professores expõem as dificuldades e a queda na qualidade do ensino. 

O que parece ser um consenso entre os profissionais da educação é que o ensino remoto está contribuindo para o aumento da desigualdade social. Muitos alunos têm acesso difícil e precário à internet e equipamentos tecnológicos necessários para realizar as atividades, como celular e notebook, por exemplo. No entanto, existem alunos sem nenhum acesso ou condições de acompanhar o ensino remoto.

“Houve a impressão de PETs (Plano de Estudo Tutorado) para alunos carentes, porém há escolas que não atendem a demanda. Além de essa forma não ser a ideal, pois os estudantes não têm contato com os professores para sanar possíveis dúvidas”, destaca a coordenadora da subsede do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) de Barbacena, Aline Araújo.

O diretor de comunicação da subsede do Sind-UTE em São João del-Rei, André Nogueira, acompanha esse pensamento e acrescenta que, além da falta de acesso de muitos alunos aos meios digitais, o ensino remoto não substitui o ensino presencial, já que não possibilita as mesmas oportunidades, a qualidade, o conteúdo e as habilidades necessárias para um bom desenvolvimento do ensino.

Análise do índice de educação a distância

Em conteúdo publicado em alusão ao um ano de adoção do ensino remoto no estado, o Governo de Minas destacou um estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) que apontou Minas Gerais com o terceiro melhor Índice de Educação a Distância do país. A média nacional é de 2,38 e a nota mineira foi de 5,83.

Nogueira ressalta, no entanto, que a análise da qualidade do ensino não pode ser feita apenas de forma quantitativa, mas sim qualitativa. “Na rede estadual de Minas, apesar do esforço de todos os profissionais da educação, não é dado por parte do governo as devidas condições materiais para os alunos nem para os profissionais”, diz o diretor de comunicação do Sind-UTE, em São João del-Rei.

Professor de escola pública, ele afirma também que não pode haver distorção dos fatos e da realidade escolar a partir de dados estatísticos e exemplifica dizendo que a taxa de repetência  – nas escolas estaduais de Minas Gerais – de 2020 para 2021 foi muito baixa. Entretanto, isso ocorreu porque todos os estudantes que entregaram as atividades, mesmo que em branco, progrediram para a série seguinte. Só foram reprovados os alunos que não entregaram nenhuma atividade. 

A coordenadora da subsede do Sind-UTE em Barbacena lembra que, apesar de toda a ciência e dados estarrecedores, o governo estadual vem tentando a volta presencial das aulas desde o ano passado, assim como grupos que, segundo ela, não entendem a realidade das  escolas, sobretudo as públicas. 

Sobre a vacinação e a volta às aulas presenciais

“A categoria, junto ao Sindicato, vem resistindo, pois estamos defendendo o direito à vida para toda a comunidade escolar. A vacinação é lenta e precisa acontecer para que todos tenhamos segurança”, afirma Araújo.

Esse é o outro ponto que aparenta ser consenso entre os profissionais da educação: não existe a possibilidade do retorno presencial sem que haja vacinação em massa da população em geral. “O ensino presencial é necessário, mas ele pode esperar até que as pessoas possam ser vacinadas e a sociedade tenha combatido esse vírus”, aponta Nogueira. 

Apesar das dificuldades, os profissionais da educação têm se esforçado para tentar equalizar as desigualdades e garantir um ensino de qualidade. 

“As dificuldades são várias, além da falta de suporte, plataforma que atenda, sem equipamentos de mídia necessários, excesso de burocracia, ameaça de retorno presencial sem vacina para todos, diminuição de vagas, ausência de professor de apoio para os alunos com necessidades especiais, descaso com a situação social dos alunos e famílias…”, elenca Araújo. 

Na visão do Governo do Estado, Minas Gerais se destaca na rapidez com que o ensino remoto foi implementado e no alcance e participação dos estudantes. Sendo que 97% deles teriam acessos aos PETs e quase 30 mil tenham voltado a participar ativamente das atividades escolares, após busca ativa realizada pela Secretaria Estadual de Educação.

“Se não fosse o empenho de toda a nossa rede, dos professores, gestores, toda essa estratégia e as ferramentas não teriam saído do papel. Foi um ano de muito trabalho e desafio para todos nós (…)”, reconheceu a secretária de Estado de Educação de Minas Gerais, Julia Sant’Anna, em material oficial.

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