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NOVO AUXÍLIO EMERGENCIAL COMEÇA A SER PAGO, MAS NÃO SUPRE NECESSIDADES DA POPULAÇÃO

Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

Kamila Amaral
Notícias Gerais

Nesta terça (6), tem início o pagamento do novo auxílio emergencial. Reformulado, em 2021, o benefício abarcará menos famílias e tem como valor médio a quantia de R$250 – que pode variar entre R$150 e R$375 dependendo da composição familiar.

O Auxílio Emergencial 2021 vem recebendo duras críticas devido às alterações. Especialistas e integrantes de movimentos sociais reprovam a redução do número de beneficiados e do valor pago às famílias, justamente enquanto o país enfrenta a pior fase da pandemia da Covid-19. Segundo levantamento do consórcio dos veículos de imprensa, nesta segunda (5), o Brasil passou a marca de 13 milhões de casos confirmados de Covid-19, apresentando ainda uma média de 2.698 óbitos relacionados a doença por dia.

Outro fator que tem preocupado são os registros de ocupação máxima de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), as restrições impostas às atividades comerciais aumentam o desemprego e a crise financeira. Desde o dia 17 de março, está em vigor em Minas Gerais a onda roxa do programa “Minas Consciente”, que permite o funcionamento apenas do comércio essencial. 

Beatriz Guimarães, do Fórum de Mulheres das Vertentes, descreve o novo auxílio como “insuficiente” e “irrisório”. “Somado a tudo isso, teve uma questão da alta dos preços dos alimentos, que subiu demais do ano passado para cá e acaba que esse auxílio que elas recebiam (ainda em 2020) também não era suficiente”, pontua. 

O Fórum de Mulheres das Vertentes deu início a suas ações de solidariedade em março do ano passado, distribuindo cestas básicas para famílias vulneráveis. O Fórum chegou a assistir até 108 famílias simultaneamente. Guimarães conta que essa demanda chegou a cair a partir da disponibilização do Auxílio Emergencial 2020, mas voltou a crescer nesse início deste ano.

“As demandas começam a aparecer de formas diferentes também, porque não é só alimentação; alimentação é o nosso forte, mas tem situações como a falta de gás, de dinheiro para pagar a (conta de) luz, comprar medicamentos (…)”

– relata Beatriz Guimarães, do Fórum de Mulheres das Vertentes.

Ela critica também o critério adotado pelo Governo Federal de não abrir novas inscrições e beneficiar apenas as famílias já cadastradas no ano passado. Segundo Beatriz, ainda na primeira versão do auxílio muitas famílias necessitadas não foram atendidas e seguem sem qualquer tipo de ajuda.

Para a integrante do Fórum, o ideal era que se mantivesse o valor pago no ano passado para um número maior de beneficiados e não fosse realizado o movimento contrário.

Mais atingidos

Assim como na versão anterior, as famílias chefiadas por mulheres vão receber um valor maior (R$375). Para a economista e planejadora financeira, Priscila Lelis, as mulheres estão sendo as mais atingidas pela crise financeira causada pela pandemia, principalmente, por dois motivos principais: o primeiro é que, com a paralisação das atividades presenciais nas creches e escolas, são as mães que – na maioria dos casos – assumem a responsabilidade pelo cuidado das crianças. Além disso, os setores mais afetados pela crise, como serviços e hospedaria, por exemplo, são em sua maioria ocupados por mulheres. 

“Esse auxílio emergencial, o que ele representou para boa parte das brasileiras e brasileiros, foi uma fonte de subsistência em meio ao caos. Não era considerado um valor que podemos dizer que consiga manter de fato as despesas mínimas de uma família”, opina Lelis sobre o auxílio emergencial ainda em 2020. 

Para a economista, o novo valor do benefício, além de “desumano”, pode trazer ainda mais prejuízos para a economia brasileira. “Quando o governo injeta dinheiro na economia, através de benefícios ou então de redução de tributos, a gente tem uma maior distribuição dessa renda. As famílias de baixa renda utilizam esses recursos para compra de alimentos e outros bens necessários para o dia a dia e isso vai sendo redistribuído para as empresas”, aponta. 

Comércio está esperançoso

Para Wainer Haddad, presidente do Sindicato do Comércio de São João del-Rei (Sindcomércio), essa nova versão do auxílio, mesmo que tenha valor reduzido, vai ajudar a movimentar e aquecer a economia local, principalmente o comércio de produtos essenciais.

Sobre a situação do comércio, ele indica que, em fevereiro, a cidade apresentou bons índices, principalmente na geração de empregos, ainda como um reflexo do final de ano, festividades e férias, quando começou a ser observado um aquecimento na economia são-joanense.

“Mas eu não acredito que isso vai se espelhar no mês de março não, mês de março foi um mês atípico. Um ano de pandemia e voltamos praticamente à estaca zero, do comércio fechando, do comércio restrito”

– disse Wainer Haddad, presidente do Sindcomércio São João del-Rei.

O presidente do Sindcomércio sinaliza ainda que, mesmo com a reabertura do comércio, vai levar um tempo até que a situação se estabilize. “Todo dinheiro que entra no mercado sempre aquece de algum modo a economia. Não acredito que vai ser como foi da primeira vez, um aquecimento igual, mas eu acredito que vá ter um aumento significativo na atual conjuntura”, finaliza. 

Empregados e Desempregados

Os últimos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, referentes a fevereiro de 2020, mostram que São João del-Rei teve saldo positivo na criação de postos de trabalho formal. Foram 205 somente em fevereiro e 272 no acumulado deste ano. No entanto, de março de 2020 a fevereiro de 2021, a cidade perdeu 121 postos com carteira assinada. 

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