Início Gerais Cotidiano PRODUTORA CULTURAL É VÍTIMA DE ASSÉDIO NO CENTRO DE BARBACENA

PRODUTORA CULTURAL É VÍTIMA DE ASSÉDIO NO CENTRO DE BARBACENA

Foto: Instagram

Redação
Notícias Gerais

A produtora cultural Karine Montenegro Soares, de 26 anos de idade, casada, passou por um episódio no mínimo chocante: em plena luz do dia, na tarde desta quinta (27), quando andava pelo centro de Barbacena, mais especificamente na rua Vigário Brito, uma das mais movimentadas da cidade, Karine foi vítima de assédio e agressão verbal por dois homens, sendo um idoso e outro mototaxista.

Ela relatou o fato em seu perfil no Instagram – onde desabafou, em vídeo, e recebeu apoio de muitas pessoas, homens e mulheres. Em entrevista à reportagem do Notícias Gerais, Karine também contou detalhes sobre o episódio estarrecedor.

Ela afirma que estava andando na rua e de longe viu o mototaxista e um senhor (sem máscara) a olhando de forma “nojenta” que, de acordo com ela, as mulheres sabem exatamente como é, fazendo piadinhas e intimidando-a através do olhar. Ela passou por eles calada, eles viraram para acompanhá-la com aquele olhar que lhe “dá ânsia só de pensar”. Então ela perguntou – “O que foi?”. O mototaxista ficou desajeitado, mas se empoderou com a violência do senhor, amigo dele. O senhor perguntou – “Olhando o que?”. E ela disse – “Por que estão me olhando?”.

“O senhor começou a dizer que olhava pra onde bem quisesse, que eu me calasse, que era uma vagabunda, puta, me mandou tomar no c*, me chamou de vadia e veio caminhando pra cima de mim. Neste momento tudo escureceu e não consegui perceber exatamente quem estava na rua pelo tamanho constrangimento e medo, muito medo”, narra.

Ela declara que estava rodeada de pessoas – mas absolutamente sozinha, pois ninguém fez nada. “Abaixei a cabeça e saí andando, até não conseguir mais ouvir as ofensas, com sua voz agressiva diminuindo a cada passo rápido que eu dava.”, continua.

“A cena foi tão horrível, que parecia que eles que eram as vítimas, se sentiram absolutamente no direito de me assediar, mas se incomodaram pelo falo de eu não ficar calada”, comenta, explicando que vai buscar um caminho para denunciar. “Tive muito apoio de muitas mulheres e homens também pelas redes e agora estou fazendo esse movimento de dar voz à essa situação tão recorrente”, sinaliza.

Sobra violência e falta empatia

Ela desabafa que as mulheres são vítimas de assédio todos os dias, todas as horas; que o Brasil é um dos países com maior índice de feminicídio; e relata, ainda, que fatos parecidos ocorrem com frequência.

“Não há um só dia que saio da minha casa desacompanhada que não sofro assédio, é terrível, temos que mudar de caminho, mudar de roupa, o cabelo, fingir que não escutamos… Mas isso só potencializa o machismo, hoje decidir dar voz a este fato que me aconteceu e muitas mulheres relataram o mesmo ocorrido, muitas no mesmo local, inclusive”.

Karine afirma que a situação piora a cada dia, com maus exemplos que são seguidos por parte da população. “Esse é também um diagnóstico de uma sociedade doente e que é incitada a violência o tempo inteiro por este desgoverno que está posto e que reforça a misoginia, xenofobia, o racismo…”.

Ela também destaca a falta de solidariedade e empatia, uma vez que ninguém se movimentou para defendê-la. “Senti medo e uma fragilidade imensa diante desta violenta situação”.

Em sua postagem, ela aponta a importância da união das mulheres que são vítimas diariamente do machismo. “Não podemos nos calar, não podemos abaixar a cabeça e fingirmos de surdas. A rua não deixa mentir o quanto a sociedade precisa evoluir para que nós mulheres, possamos nos sentir minimamente livres para existir, andar, estar no mundo!”.

Confira, abaixo, o vídeo do desabafo de Karine no Instagram.

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