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“RAPOSA” ATROPELADA NA LINHA FÉRREA SE PREPARA PARA NOVO LAR

Foto: Carol Rodrigues

Carol Rodrigues
Notícias Gerais

A “raposa” que foi atropelada na linha férrea em Barbacena no dia 31 de maio, agora, recebe cuidados e se prepara para ir para um novo lar. Depois de passar por uma cirurgia para amputação de uma das patas, que ficou muito machucada no acidente, o animal já se alimenta bem e, aos poucos, se recupera para ser levado a um santuário. 

Popularmente chamado de “raposa”, o animal, na verdade, é um cachorro-do-mato, de acordo com a veterinária Gabriela Liguori, que está cuidando do bichinho desde sua chegada na clínica. O próximo desafio é encontrar um lugar apropriado para ele. 

A “raposa” e a veterinária Gabriela Liguori. Imagem: Carol Rodrigues

O resgate

A raposa foi encontrada por dois ciclistas que passavam pela linha férrea a noite de sábado. A mulher, que prefere não ser identificada, conta que encontrou o animal perto da ponte de Sá Fortes: “meu farol bateu em dois olhinhos no meio da linha. Primeiro achei que era um gato… pensei q ia sair assustado, mas ele não reagiu, só ficou olhando na mesma posição”, relembra.

Com muita calma, eles foram se aproximando da “raposa” e perceberam que estava com a boca ferida e que havia muito sangue ao redor dela. “Acionamos os bombeiros na hora, porque ficamos com medo de pegá-la e ocasionar uma lesão maior, não sabíamos o que tinha acontecido, nem como fazer”, conta. 

Imagem: Carol Rodrigues

Na espera para os bombeiros chegarem, a dupla se aproximou aos poucos do animal, que tremia muito. “Encontramos um ‘bolotinho de pelo’ com a patinha… Então deduzimos o porquê de ela não ter reagido”, explica a ciclista. Parte da pata dianteira direita do animal foi dilacerada com o acidente.

Para as pessoas que encontraram a “raposa”, a maior preocupação era vir outro trem e acertar o animal, por causa da demora do resgate. “Três minutos depois dos bombeiros chegarem, veio outro trem… foi o tempo certo deles fazerem o resgate”, completa. 

Na clínica

Após ser resgatado pelos bombeiros, o animal, que pesa 3 kg, foi levado até uma clínica em Barbacena. A veterinária Gabriela Liguori possui experiência em tratar de animais silvestres e foi chamada para cuidar da “raposa” – ou melhor, do cachorro-do-mato.

“Quando ele chegou, estava muito apático, com muita dor, prostrado demais, perdeu muito sangue”, conta a veterinária. Primeiramente, a “raposa” foi colocada no soro e recebeu a medicação. Além disso, uma tala foi colocada na pata para avaliar o dano.

Imagem: arquivo pessoal

Depois foi feito um exame de raio-x que constatou que o animal não tinha sofridos outros ferimentos graves.

Como ela já estava se recuperando e se alimentando de maneira esperada, na segunda-feira após o acidente, a “raposa” foi submetida a uma cirurgia para amputação da pata dianteira direita. 

Depois do procedimento, o animal se recuperou muito bem e agora espera para ser levado a um santuário, onde possa viver relativamente livre. “Está 100% recuperado, agora é só tirar os pontos”, comemora Gabriela Liguori. 

Confira o registro exclusivo feito pela reportagem:

Edição: Carol Rodrigues / Notícias Gerais

Raposa se prepara para o novo lar

Agora, o próximo desafio é escolher o santuário para onde a “raposa” será levada.

De acordo com a veterinária, é preciso que o lugar seja credenciado e tenha espaço para que o animal possa ficar em um cativeiro grande, separado dos outros e sem contato frequente com os humanos. “É como se fosse um zoológico sem visitação”, completa. 

Com a perda da pata, o cachorro-do-mato não pode mais ser devolvido à natureza. Ele não é mais rápido o suficiente para caçar e pode ser uma presa fácil para outros predadores. Assim, a melhor forma de preservá-lo, o enviando a um santuário. 

Quando os melhores lugares forem selecionados, Gabriela Liguori irá entrar em contato com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) – quando o animal poderá ser enviado a sua nova casa. 

A profissional conta que muitas pessoas têm ligado para a clínica para saber sobre “a raposa”, que emocionou os leitores do NG, e até mesmo querendo visitá-la. No entanto, por se tratar de um animal silvestre, o recomendado é que tenha o mínimo possível de interação para evitar o estresse.

Principal problema é o estresse

O maior problema de tratar animais silvestres é o estresse por estarem fora da natureza, cercados por humanos. Portanto, é preciso ter o dobro de cuidado e atenção com esse bichos durante a interação.

Imagem: Carol Rodrigues

“A gente tem que saber manipular sem estressar demais o animal. O problema é que muitas vezes esse estresse é intenso, então ele morre mais pelo estresse do que pela doença dele”, destaca a profissional. 

Clínica recebe animais silvestre diariamente

A veterinária Gabriela Liguori revela que o clínica recebe animais silvestres todos os dias e que o trabalho realizado é voluntário. Nesta época do ano, as maiores vítimas são as aves, que chegam enroladas em linhas de pipa. 

“A gente atende muitas aves por causa de linha do cerol. Normalmente, a gente só tira a linha e o animal volta a conseguir usar, mas muitas pessoas usam linha chilena e então acaba dilacerando o membro. Muitos precisam ser eutanasiados porque a lesão está muito extensa”, expõe.

Além disso, a clínica também recebe muitas aves vindas de tráfico de animais, principalmente canário. Os animais precisam passar por um laudo para analisar se podem ser soltos ou se já foram tão domesticados que não conseguem mais voltar à natureza.

Um pouco mais raro, o lugar também atende animais de grande porte. Já passaram por lá “dois gatos-do-mato que precisaram ser tratados na mamadeira, teve um lobo-guará que estava em uma fazenda, já teve uma onça parda que estava em um terreiro de uma casa em uma cidadezinha próxima a Desterro do Melo”, relembra a veterinária. 

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