Por Carol Rodrigues
Especial para o Notícias Gerais
As roupas da pequena Helena de 4 anos, morta no incêndio que atingiu o prédio onde morava em Barbacena, ainda estão penduradas no varal do apartamento. A janelas queimadas com os vidros quebrados podem ser vistas da rua e também da casa ao lado, de onde o morador, Hélio Ladeira, de 74 anos, ajudou a salvar as vítimas. Ao todo, de acordo com informações do Corpo de Bombeiros, 11 pessoas foram resgatadas com vida, estando 2 em estado grave.
O telhado da garagem de Hélio foi quebrado para que as pessoas pudessem ser resgatadas pela lateral do prédio. De acordo com o Major Maycom, ao chegarem no local, os bombeiros perceberam que seria inviável entrar pela porta da frente do prédio, devido ao calor extremo e fumaça. “Então visualizamos as janelas laterais e colocamos nossas escadas prolongáveis que davam altura até as janelas. Os bombeiros subiram lá e conseguiram retirar as pessoas”, explica.
Hélio conta que estava sozinho em casa, na madrugada de domingo, e acordou com o barulho do incêndio. Com a chegada dos militares, o operador de máquinas se prontificou a ajudar no resgate das vítimas, que desciam pela sua garagem. “Primeiro achei que estava pegando fogo lá em cima”, conta, referindo-se ao apartamento dos pais de Helena. “A menina era uma gracinha, as vezes eu estava na garagem e via ela passar com um sorriso no rosto”, completa, emocionado.
O pai da menina, Thiago Faria Pupo Nogueira, que está internado em estado grave, ainda entrou no prédio três vezes para tentar resgatar a criança. Porém, de acordo com o Major, devido a falta de luminosidade, fumaça turva e alta temperatura, “era praticamente impossível que ele conseguisse chegar até lá, por isso que ele sofreu várias queimaduras pelo corpo”. De acordo com o Corpo de Bombeiros, as chamas se concentraram na garagem do prédio, mas o calor e a fumaça tóxica rapidamente subiram para o último andar, devido ao material combustível.
Trabalho em conjunto e providências tomadas
A Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil interditou o prédio ontem (15), preventivamente por 24 horas. Hoje, o engenheiro da Prefeitura retornará ao local para fazer uma avaliação mais criteriosa e determinar se houve danos estruturais.
O prédio, porém, não possuía o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros, que é o documento emitido pela entidade atestando a aprovação de medidas preventivas de combate à incêndios e desastres. De acordo com o Major Maycom, em 2019, os bombeiros vistoriaram 2140 edificações em Barbacena e região, procurando por irregularidades. “É importante que as pessoas procurem a unidade do corpo de bombeiros para regularizar a edificação, nossa intenção é agir sempre na prevenção para que casos assim não ocorram”, acrescenta.
Ao todo, 18 bombeiros participaram do resgate, inclusive profissionais que estavam de folga, mas moram perto do local e ouviram a movimentação. Além disso, a operação contou com a ajuda da Defesa Civil, Polícia Civil, um caminhão pipa do município, guarnição dos bombeiros da Força Aérea Brasileira de Barbacena, e Polícia Militar.
Além desse somatório de esforços, outro ponto importante para o sucesso da ação foi a rapidez com que os bombeiros chegaram ao local. De acordo com o regimento interno, os profissionais têm até um minuto, desde o recebimento da chamada, para estarem prontos dentro da viatura. “Como domingo pela madrugada não tinha muito trânsito, acredito que em torno de três a quatro minutos as primeiras viaturas começaram a chegar”, relata o Major.
O Corpo de Bombeiros de Barbacena atende, também, São João del-Rei, Conselheiro Lafaiete e Congonhas. De acordo com o Major Maycom, os profissionais recebem capacitação para lidar com vários tipos de ocorrência, como incêndios e afogamentos. “O Corpo de Bombeiros treina diariamente e está preparado para tentar resolver todo tipo de situação”, finaliza.
