Kamila Amaral
Notícias Gerais
Voltou a funcionar, na última terça (18), a balsa que realiza travessia da Represa dos Camargos, que separa o distrito de Caquende, em São João del-Rei, do de Capela do Saco, em Carrancas. A “Balsa Carranquinha” estava parada, desde outubro de 2017, quando foi interditada pela Marinha do Brasil.
“O operador que a gente tinha, ele não era habilitado conforme a norma atual. Ele tinha Carteira de Aquaviário, mas a exigência hoje é outra”, esclarece o secretário de Administração da Prefeitura de Carrancas, Raimundo José Ferreira.
Ferreira foi o responsável pelo processo de normalização das atividades da balsa. Ele afirma que, atualmente, todas as normas legais estão sendo cumpridas. “Eles (a Marinha) vieram aqui e fizeram um pente fino. Nós tivemos que adequar a balsa, tivemos que fazer projeto. A balsa estava registrada no porto de Santos (SP), nós tivemos que transferir e abrir um porto em Minas Gerais, a Capitania Fluvial de Minas Gerais, tudo isso demorou muito tempo”, relata o secretário.
Segundo ele, a Marinha se ofereceu para disponibilizar o curso que deixaria o antigo operador da balada habilitado mas, como isso não ocorreu, foi preciso contratar um profissional de outra região.
Gilmara de Fátima Rodarte é professora e mora com a família em São João del-Rei, mas foi criada em Capela do Saco e realiza visitas frequentes ao local a passeio. “Sem a balsa, nós temos que dar a volta por Itutinga, é bem mais distante, mais estrada de terra, complica bastante a ida. Ou então nós precisamos atravessar de barco, que é mais perigoso”, salienta a professora.
Ela lembra que a balsa é importante também para os moradores de Capela do Saco quando precisam se deslocar até São João del-Rei. “A balsa é uma comunicação entre as duas comunidades, durante o período da pausa, houve uma limitação inclusive dessa comunicação. Nas missas, por exemplo, que a população do Caquende costuma ir a Capela do Saco para acompanhar”, destaca Rodarte.
Covid-19 em Carrancas
O boletim epidemiológico de Carrancas, atualizado na quinta (20), notifica que 24 casos de Covid-19 já foram registrados no município, que tem aproximadamente quatro mil habitantes.
Questionado sobre o receio de que a volta da balsa possa impulsionar o turismo na cidade e aumentar a contaminação, o secretário de Administração afirma que não há muito que possa ser feito.
“Os turistas nós não temos como segurar, porque o Minas Consciente já liberou praticamente tudo. Em São João del-Rei, por exemplo, o turismo está normal, não está?”, questiona.
Medo dos turistas
Segundo as mais recentes diretrizes do programa Minas Consciente, a partir de sábado (22), as agências de turismo podem voltar a funcionar nas cidades que estão na onda amarela do plano, como é o caso de São João del-Rei e Carrancas. No entanto, não é necessário a regulamentação para que o fluxo de visitantes seja intenso no distrito do Caquende.
“Nos finais de semana e feriado o pessoal vem dar festas particulares, churrasco, tudo que eles não podem fazer na cidade”, conta a presidenta da Associação de Moradores de Caquende, Valéria Maria de Carvalho.
Para ela, mesmo que a retomada das atividades da Balsa Carranquinha não impacte tanto no movimento de turistas, uma vez que Caquende é mais um “local de passagem” nessa situação, os visitantes que já estavam indo ao local são uma fonte de preocupação.
“A nossa comunidade é composta por uma maioria de idosos, ou pessoas com problema de saúde. Quem não é desse grupo é uma minoria. Os moradores estão cumprindo tudo direitinho, mas o pessoal que vem de fora, não”, relata a moradora.
Até onde se sabe, nenhum caso ou suspeita de Covid-19 foi registrado entre os moradores do Caquende.
Segundo Carvalho, mesmo que o retorno da balsa não afete tanto a distrito do Caquende economicamente e na questão do movimento de pessoas, a importância dela para as relações pessoais dos moradores dos dois distritos é inegável.
“Pessoal tinha que dar uma volta muito grande. Para a gente fazia muita falta por conta da proximidade entre as comunidades, é uma relação bastante estreita de amizade”, relata a presidenta da Associação de Moradores do Caquende.
Serviço
A Balsa Carranquinha funciona de terça-feira a domingo. Os horários de travessia são de hora em hora, de 7h às 17h, com pausa ao meio-dia. Os preços variam de R$ 5,00 à R$ 15,00, dependendo se a travessia é para pessoa ou veículo.