Najla Passos
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Marcos Antônio de Castro, o Seu Marquinhos, 59 anos, não sabe o que é segurança alimentar, agroecologia, Agenda 21 ou Protocolo de Kyoto. Mas isso pouco importa. Ambientalista nato, dedica seus dias à preservação do meio ambiente e à garantia de uma alimentação saudável para aqueles que ama na sua Coronel Xavier Chaves.
Autodidata, ele pesquisa, pergunta, aprende com a sabedoria popular e o trabalho doa dia a dia. E o faz sempre sorrindo – ainda que, nos tempos atuais, a máscara cubra as gargalhadas sonora que dá sem economia.
“Aqui na nossa cidade, tá tranquilo. Não sei de nenhuma vítima do coronavírus. Mas a gente usa a máscara para respeitar, né? Eu uso o dia todo e ainda passo na Prefeitura, sempre que posso, para pegar álcool em gel”, afirma ele, descendo da sua bicicleta.
E em meio a uma das suas gargalhadas, recomenda: “Você precisa passar no posto de saúde. Tem um pote enorme de álcool em gel. E é só você pisar que o produto já sai na sua mão”, deslumbra-se.
Magarefe de carteira assinada
Seu Marquinhos nasceu em Petrópolis, em 1961. Com apenas dois meses de idade, se mudou para a Coronel Xavier Chaves que já considera sua cidade natal. E sempre viveu por lá. Ainda novo, passou uma temporada em Barbacena, quando o pai precisou se tratar no Hospital Ibiapaba. Mas logo voltou.
“Já fiz de tudo na vida”, conta ele. “Me aposentei após 37 anos de trabalho… é muito tempo, né?”, questiona ele, antes de soltar outra sonora gargalhada. Das profissões que exerceu, gosta de destacar a de “magarefe”, o indivíduo que abate e esfola as reses nos matadouros, conforme o dicionário. “Foi com carteira assinada, tudo direitinho”, orgulha-se.
Casado com Eliana, pai de um casal de filhos e avô de outro casal de netos, sofreu o impacto da aposentadoria. Não queria ficar sem trabalhar. E acabou encontrando na reciclagem de lixo e nos cuidados com a horta a motivação pra continuar sorrindo.
Para distrair a mente
Seu Marquinhos gosta, de verdade, de mexer e remexer o lixo das pessoas. E mais ainda de descobrir o que aproveitar daquilo que os outros não querem mais. E o faz por puro prazer.
“Reciclagem não dá dinheiro. Não ganho nada com isso. Mas adoro catar o lixo e separá-lo, desde que era criança. Distrai minha mente. Se eu ficar atoa, como o dia vai passar?”, questiona.
O terreno enorme da casa da família, na área central de Coronel Xavier Chaves, é dividido entre a área usada para reciclagem de lixo e a horta que ele adora a ponto ficar emocionado e deixar escapar umas lágrimas quando a reportagem a elogia.
Tem banana, mexerica, abacate, pêssego, chuchu, taioba… a variedade de frutas. Legumes e hortaliças é grande. E ainda há espaço para o belo jardim da Dona Eliana. Tem até arruda para o católico Marquinhos espantar o mau olhado. “Terra é vida, né?”, justifica o ambientalista nato.